Politicamente forte e bem articulado, Othelino expressa “deixa” de Brandão e é favorito para comandar Assembleia

Othelino Neto: enquadrado na “deixa” de Carlos Brandão sobre eleição para presidente da Assembleia Legislativa

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa para o biênio 2023/2024 só será eleita no dia 1º de fevereiro do ano que vem, quando os 42 deputados eleitos e reeleitos em outubro serão empossados para a nova legislatura. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, a corrida pela presidência da Casa avança forte nos bastidores, e nela o deputado reeleito Othelino Neto (PCdoB), atual presidente, se consolida a cada dia como o nome mais forte e mais bem articulado para comandar o Poder Legislativo na primeira etapa do novo mandato. É verdade que ainda faltam nove semanas para a escolha do novo presidente pela maioria dos seus 41 colegas, entre os quais alguns que parecem dispostos a entrar na disputa. Mas é também rigorosamente verdadeiro que o atual presidente é, de longe, o nome mais destacado dessa corrida, o que o coloca na esteira do favoritismo. A começar pelo fato de que ele se enquadra inteiramente na “deixa” do governador reeleito Carlos Brandão (PSB), para quem o próximo presidente do parlamento estadual deve ser agregador e bem articulado.

O favoritismo do presidente da Assembleia Legislativa para novo mandato no comando da Casa está plenamente justificado. Primeiro, porque é fácil perceber o posicionamento dele no cenário político estadual, onde pontifica como uma das mais ativas e bem-sucedidas lideranças do atual tabuleiro político maranhense. E também pelo fato de que, embora isso não o diferencie dos demais deputados em matéria de direitos, deveres e prerrogativas parlamentares, os 84 mil votos que lhe deram o terceiro mandato parlamentar consecutivo são um argumento respeitável para avaliar o seu desempenho como articulador e agregador no arisco e nem sempre harmônico mundo da política partidária.

Não foi sem motivo que ontem o deputado reeleito Yglésio Moisés (ainda no PSB) assinalou, em discurso na tribuna, o fato de o governador Carlos Brandão ser um governante aberto ao diálogo com a classe política, e que aposta na escolha de um agregador para comandar a nova composição da Assembleia Legislativa. É, sem tirar nem botar, o caso do presidente Othelino Neto, que fortaleceu a natureza agregadora da sua ação política como coordenador político da vitoriosa candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado. Ao longo da campanha, o presidente da Assembleia Legislativa foi incansável na tarefa de juntar pedras soltas em torno da chapa majoritária Carlos Brandão (governador – PSB)/Felipe Camarão (vice-governador – PT)/Flávio Dino (senador) no caminho para as urnas.

Em que pese o fato de ser o deputado Othelino Neto um político jovem, a experiência que viveu nos últimos quatro anos como político e chefe de Poder – pandemia, eleições municipais de 2020 e a corrida às urnas de 2022 – o tornou um político diferenciado, principalmente por ser um político antenado e realista. Os dois fatores foram decisivos para maneira arrojada e inovadora com que comandou o Poder Legislativo durante a pandemia do novo coronavírus, quando a Casa foi pioneira. Sua atuação produziu a credibilidade para completar o perfil da sua gestão.

São essas credenciais que fizeram com que vários deputados eleitos e reeleitos o procurassem para declarar apoio à sua eleição para o primeiro biênio da nova legislatura. Manifestaram essa posição os deputados eleitos e reeleitos Carlos Lula (PSB) – que saiu das urnas com mais de 80 mil votos -, Daniella Jadão (PSB), Rildo Amaral (PP), e Yglésio Moisés (PSB), para citar alguns exemplos. Houve também projetos de candidatura, como o do veterano deputado Arnaldo Melo (PP). Mas o fato é que, aos 47 anos, o economista, jornalista e auditor concursado do Tribunal de Contas do Estado, e respeitado como político equilibrado e agregador, o deputado Othelino Neto chega ao terceiro mandato cacifado como favorito para continuar presidente da Assembleia Legislativa no primeiro biênio da nova legislatura. Exatamente como desenhou a “deixa” do governador Carlos Brandão.

PONTO & CONTRAPONTO

Entrada de Braide no PSD define seu rumo, afeta Edivaldo Jr. e pode atrair o irmão

Eduardo Braide e Gilberto Kassab, emoldurados por Edilázio Jr. e Josivaldo JP no ato da filiação do prefeito ao PSD

O prefeito Eduardo Braide finalmente encontrou o seu caminho partidário ao se filiar, ontem, ao PSD, ainda comandado no Maranhão pelo deputado federal não reeleito Edilázio Jr.. O ato de filiação aconteceu na sede nacional do partido, em Brasília, com a bênção do comandante maior da agremiação, Gilberto Kassab. “Acabo de me filiar, em Brasília, ao Partido Social Democrático (PSD). Agradeço a confiança do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, e o apoio dos deputados federais Edilázio Jr. e Josivaldo JP. É São Luís cada vez mais forte!”, declarou Eduardo Braide nas redes sociais, inclusive divulgando imagem do ato de filiação.

A filiação do prefeito Eduardo Braide ao PSD produz várias situações que chamam a atenção. A primeira delas é que, partidariamente definido, Eduardo Braide coloca a peça que faltava na locomotiva por meio da qual pretende se reeleger em 2024.

A segunda situação é a seguinte: com seu ingresso no PSD, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. dificilmente permanecerá no partido. Isso porque, até onde se sabe, ele alimenta o projeto de se candidatar ao Palácio de la Ravardière, mas agora sabe que a legenda será dada ao prefeito Eduardo Braide. Está claro que, se continuar no PSD, terá de se contentar em ser vice na chapa do prefeito, disputar uma cadeira na Câmara Municipal ou ficar de fora da eleição na Capital. O mais provável é que procure novo pouso partidário.

Se não vier a assumir o comando estadual ao partido, o prefeito Eduardo Braide provavelmente assumirá o controle do PSD na Capital, para ter assim o controle da agremiação. Nessa condição, é quase certo que faça com que seu irmão, o deputado estadual eleito Fernando Braide (PSC), aproveite a fusão desse partido com o Podemos, para migrar para o PSD, dando mais força política ao irmão. Mas como a política às vezes contraria a lógica, Fernando Braide pode vir a se converter ao novo Podemos.

E, finalmente, uma curiosidade: ao ingressar no PSD, o prefeito Eduardo Braide e o deputado federal reeleito Josivaldo JP voltam a conviver num mesmo partido. Explica-se: Josivaldo JP disputou a eleição de deputado federal em 2018 pelo PMN, mesmo partido de Eduardo Braide, que se elegeu e o candidato tocantino ficou como 1º suplente. Com a eleição de Eduardo Braide para a Prefeitura de São Luís pelo Podemos, Josivaldo JP assumiu a vaga na Câmara Federal, fez o dever de casa e se reelegeu. Em seguida, Eduardo Braide deixou o Podemos e ficou sem partido, enquanto Josivaldo JP teve passagem rápida e tumultuada pelo PTB e acabou no PSC. E em meio a essas reviravoltas partidárias, os dois voltam a ser colegas de partido.

Rejeição de pedido foi tiro de misericórdia na pretensão de Jair Bolsonaro de reverter o processo eleitoral

Jair Bolsonaro perdeu a última cartada com decisão de Alexandre de Moraes

Acabou. A decisão do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, de rejeitar a representação por meio da qual o PL, pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro, pretendeu tumultuar o processo eleitoral e abrir caminho para mudar o curso da História, foi o tiro de misericórdia na pretensão, já sem sentido algum, do mandatário de continuar no comando da Nação. O PL, controlado pelo notório Waldemar Costa Neto, pediu ao TSE que anulasse os votos de mais de 250 mil urnas relativas à votação do 2º turno, sem que tenha havido um só evento que levantasse suspeita em relação ao resultado de pelo menos uma delas. Ao receber a representação na terça-feira, o presidente do TSE deu 24 horas para que o chefe do PL adicionasse pedido de inclusão do mesmo pedido em relação às eleições do 1º turno. Como o PL não se manifestou no prazo, o presidente da Justiça Eleitoral rejeitou a representação, não apenas com argumentos jurídicos e normativos, como também com severas rebordosas contra o PL. Uma delas: o partido e seus dirigentes serão investigados por “litigância de má fé”, podendo parar na cadeia por tentar desestabilizar, sem qualquer argumento justificável, o sistema eleitoral brasileiro, reconhecido por instituições e especialistas do mundo inteiro como uma referência. Além disso, o PL será multado em R$ 20 milhões por conta da tentativa malfadada de também tentar tumultuar o processo eleitoral.

A decisão do presidente do TSE mandou para o espaço a última cartada do presidente Jair Bolsonaro para alimentar o sonho de permanecer morando no Palácio da Alvorada, e evitar, assim, sua volta à condição de cidadão comum, pela primeira vez sem a cobertura de mandatos populares, o que lhe garantia dizer o que vinha na cabeça, como, por exemplo, defender a tortura, o golpe militar, prometer fuzilar pessoas, sem ter de prestar contas à Justiça. Muitos veem como sombrio o mundo que aguarda o capitão aposentado Jair Bolsonaro.

São Luís, 24 de Novembro de 2022.

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