A Coluna não teve acesso aos números da pesquisa Quest/TV Mirante, mas de acordo com o bem informado blog do jornalista Marco D`Eça, se a eleição para o Governo do Estado fosse agora, 17 meses antes da data agendada para as eleições de 2026, haveria segundo turno com a disputa decisiva entre o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD) com 34%, o vice-governador Felipe Camarão (PT) 19%, com o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), na terceira colocação com 17%, seguido do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB) com 9%. Num segundo cenário, as posições dos três primeiros sofrem pequenas variações, tendo a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), colocada no lugar de Orleans Brandão, aparece com 6% das intenções de voto. Chamou a atenção o fato de o ex-senador Roberto Rocha (Republicanos), que é candidato assumido a governador, não ter sido incluído no levantamento.
Se os números estiverem corretos, a pesquisa Quaest/TV Mirante terá trazido à tona um cenário produzido pela lógica que move a política na situação presente, em que Eduardo Braide é o prefeito de São Luís bem avaliado e surfando nas gigantescas ondas de uma reeleição acachapante, de turno único. O seu principal adversário, Felipe Camarão, é, no momento, o vice-governador cujo poder de fogo está fundado numa boa avaliação pessoal e nas suas relações com o presidente Lula da Silva (PT), com o governador Carlos Brandão (PSB) e com o ministro Flávio Dino (STF). É lógico que nesse ambiente o prefeito Eduardo Braide “é o cara”, como, aliás, vêm demonstrando pesquisas de diferentes institutos.
Agora, imaginando um cenário mais realista, vale indagar como será a partir de 04 de abril do ano que vem, se o governador Carlos Brandão decidir mesmo sair para disputar uma cadeira no Senado, o que é quase certo. Nesse novo ambiente, o prefeito Eduardo Braide será obrigado a renunciar e entrará no páreo como ex-prefeito bem avaliado da Capital. Por seu turno, Felipe Camarão entrará para valer na corrida na condição de governador do Estado em busca da reeleição. Qualquer avaliação do cenário de abril de 2026, daqui a um ano, portanto, certamente concluirá que o jogo será radicalmente diferente. Logo, os levantamentos de agora podem servir de referência, mas já trazendo a certeza de que estarão superados, com prazo de validade bem curto.
Nas condições do presente – ainda que divulgados em meio a uma situação que sugere algum tumulto – os números divulgados pelo blog do jornalista Marco D`Eça dão ao prefeito Eduardo Braide um lastro invejável, mas ao mesmo tempo curioso: ele aparece firme na liderança, mas estacionado no patamar entre 33% e 35% das intenções de voto. Estimulante por um lado, essa posição ganha feição de risco quando se soma os percentuais de Felipe Camarão e Lahesio Bonfim, o que alcança um total de 36%, e chega a 42% se acrescentados os 7% de Orleans Brandão. O resultado é um segundo turno com o jogo zerado entre o ex-prefeito de São Luís e o governador do Estado e desfecho absolutamente imprevisível.
O levantamento Quaest/TV Mirante é certamente confiável e aponta o que pode ser de fato a realidade do momento. E em que pese a falha técnica e política da não inclusão do ex-senador Roberto Rocha, que foi o primeiro a se declarar candidato a candidato ao Governo em 2026, pode se destacar os sete pontos percentuais dados a Orleans Brandão, que em nenhum momento se disse candidato a governador, tendo se lançado às Câmaras Federal, e os seis pontos dados à deputada Iracema Vale, que também nada declarou até aqui sobre ser ou não ser candidata ao Governo. Ambos podem comemorar esse desempenho.
No mais, vale registrar com ênfase que nos dois cenários 8% se declararam indecisos e 15% 16%, respectivamente, disseram que votarão em branco ou anularão o voto. Percentuais aceitáveis se levado em conta o fato de que as eleições estão agendadas para daqui a 17 meses e que o 03 de abril de 2026 definirá o cenário real da disputa.
PONTO & CONTRAPONTO
Juíza barra chicana e comunica ao TRE que Hemetério Weba não é mais deputado estadual
Os fatos indicam, com clareza solar, que os dias do deputado Hemetério Weba (PP) na Assembleia Legislativa estão chegando ao fim e que a suplente Helena Duailibe (PP) deve voltar à Casa nos trilhos da legalidade.
Hemetério Weba está cassado há mais de uma década e se manteve na condição de parlamentar graças a uma intrincada rede de recursos judiciais por meio dos quais vem ganhando sobrevida precária, com momentos críticos, superados por fios suspeitos de legalidade.
Mas esse jogo de mirabolância judicial esbarrou na juíza Patrícia Bastos de Carvalho Correia, titular da Vara Única de Santa Luzia do Paruá, que depois de brecar a chicana promovida pela defesa do deputado, confirmou a cassação do seu mandato e comunicou ontem ao presidente do TRE, desembargador Paulo Velten, que Hemetério Weba está cassado, inelegível por três anos e obrigado a pagar multa de R$ 665 mil.
No comunicado à Justiça Eleitoral, a magistrada pede a imediata declaração de vacância da cadeira parlamentar a convocação da suplente Helena Duailibe. Hemetério Weba tenta de todas as maneiras suspender a decisão da magistrada, mesmo estando irreversivelmente condenado por improbidade quando prefeito de Santa Luzia. Mas tudo indica que desta vez a chicana chagou ao ponto final.
O passo final será a comunicação, pelo TRE à Assembleia Legislativa, que Hemetério Weba não é mais deputado e dar posse à deputada Helena Duailibe.
Renovada, Câmara de São Luís completa 100 dias sinalizando que será politicamente ativa
Renovada nas urnas em 40% das suas 31 cadeiras nas eleições do ano passado, a Câmara Municipal de São Luís chegou aos primeiros 100 duas de atuação emitindo todos os sinais possíveis de que está, de fato, se estruturando para uma legislatura produtiva em produção legislativa e rica no debate parlamentar, com reflexos políticos dentro e fora do Palácio Pedro Neiva de Santana.
Comandado pelo vereador Paulo Victor (PSB), que a preside pela terceira vez consecutiva e tem sido até aqui o seu principal protagonista, o processo político e institucional que move os vereadores de São Luís tem sido intenso e produzido um cenário em que o Executivo municipal não tem qualquer controle sobre a Casa legislativa. Essa realidade produz a situação parlamentar em que as matérias propostas pelo prefeito Eduardo Braide sejam sempre bem debatidas e aprovadas por negociação.
Composta por 29 vereadores e dois Coletivos, o “Nós”, do PT, e o “Unidos”, do PRD, a nova Câmara hoje conta com quadros experientes, como Astro de Ogum (PCdoB), Concita Pinto (PSB) e Raimundo Penha (PDT), por exemplo; mandatos ativos como o de Marlon Botão (PSB) e o do “Coletivo Nós”; e promessas que começam a se destacar, como Thay Evangelista (União), André Campos (PP), Dr. Joel (PSD) e Douglas Pinto (PSD), entre outros.
É verdade que ainda é cedo e que o perfil de um o parlamento renovado leva mais tempo para ser construído. Mas a nova Câmara Municipal de São Luís foi de tal modo turbinada pelas urnas, que não será surpresa se a vida a política da Capital vier a ganhar mais intensidade nos próximos tempos.
São Luís, 11 de Abril de 2025.