Pesquisa mostra que, em meio à crise nacional, a disputa em São Luís será dominada por uma nova geração de políticos

 

primeiro time
Eliziane lidera, com Edivaldo Jr. logo atrás e Castelo em terceiro

Em meio ao agravamento das tensões causado debate sobre o impeachment proposto contra a presidente Dilma Rousseff (PT), cujo desfecho pode ter influência decisiva nas eleições municipais de outubro, uma pesquisa do Escutec informa o cenário de agora da corrida para a Prefeitura de São Luís. Os números encontrados são surpreendentes e confirmam avaliação segundo a qual o processo de disputa na Capital seria marcado pela participação de uma novíssima geração de políticos, todos em condições de conquistar espaço político importante, ganhando ou não a cadeira principal do Palácio de la Ravardière. O prefeito Edivaldo Jr. (PDT), a deputada federal Eliziane Gama (PPS), o deputado estadual Bira Pindaré (PSB), o vereador Fábio Câmara (PMDB), o deputado estadual Wellington do Curso (PP), a vereadora Rose Sales (PMB), a deputada estadual Andrea Murad (PMDB) e o deputado estadual licenciado Neto Evangelista (PSDB) são o que há de mais expressivo na política maranhense com militância em São Luís, independente dos seus posicionamentos, relações políticas e partidárias e desempenho político eleitoral – entre eles inclua-se o deputado Eduardo Braide (PMN), recém lançado candidato a prefeito. Os números surpreendem porque, à exceção do prefeito Edivaldo Jr. e de deputada Eliziane Gama, que se destacam na dianteira, quatro aspirante a prefeito da nova geração se “engalfinham” num segundo plano da pesquisa, todos em condições de crescer e fazer a diferença durante a campanha.

Não surpreendeu o embate que está sendo travado na ponta pela deputada Eliziane Gama (21,9%) e o prefeito Edivaldo Jr. (16,1%). Os dois vêm medindo forças há meses, numa peleja iniciada com a pré-candidata disparada na frente, mas que, com o passar dos dias, foi perdendo fôlego; ao mesmo tempo, o prefeito oscilou muito pouco neste período, mantendo o patamar em que se encontra hoje. Numa avaliação fria, cuidadosa e honesta, a conclusão é a de que a deputada Eliziane Gama vem perdendo terreno, sem dar sinais de que tem força política e eleitoral para reagir. Já o prefeito Edivaldo Jr. se mantém numa posição que, se não é confortável para um prefeito que briga pela reeleição, não é também desconfortável a ponto de desestimulá-lo. Os dois têm chance de chegar na frente, resta saber qual deles terá mais fôlego para acelerar o passo.

segundo pelotão
Bira do Pindaré, Rose Sales, Fábio Câmara e Wellington do Curso segundo pelotão com chance de crescer

Mas o grande destaque da pesquisa é o segundo pelotão de pré-candidatos. Para começar, deputado Bira do Pindaré (8,1%), o 4º colocado, chega ao tabuleiro sucessório com uma vantagem mínima, mas reveladora de que ele tem potencial de crescimento, mesmo que não traduza o desempenho do candidato a senador de 2006, é um nome a ser considerado nessa disputa. Pindaré tem de construir uma base política e partidária, e isso do Cursosó lhe será possível de conseguir unir o seu partido, o PSB, em torno da sua candidatura, o que no momento é quase impossível. Também surpreende a vereadora Rose Sales (6,5%), que depois de tantos entra-e-sai partidários, com filiações partidárias equivocadas – como a entrada no PV, por exemplo, com a ilusão de que seria candidata do partido – e projetos frustrados, consegue manter seu nome na briga.

Há cerca de dois meses, a Coluna registrou que o PMDB poderia ter um candidato competitivo se lançasse o vereador Fábio Câmara para disputar a Prefeitura de São Luís. O partido abriu caminho para ele, mas ao mesmo tempo incensou a deputada Andrea Murad, que ainda não disse claramente o que pretende nessa equação.  Câmara aparece na pesquisa com 5,7% das intenções de voto. Esperava-se mais dele, mas o aumento do número de candidatos competitivos inibiu sua corrida. Isso não significa dizer que o vereador esteja impossibilitado de alcançar o primeiro pelotão, pois o PMDB, pela força e pela experiência que tem, se vier a abraçar mesmo sua candidatura, tem condições de injetar-lhe ânimo e torná-lo seu porta-voz na corrida.

Outra surpresa: o deputado Wellington do Curso (PP). De todos os números da pesquisa, o que mais chamou a atenção foram os 5,5% de intenções de voto por ele obtidos. Depois de trombar várias vezes nas suas tentativas de conquistar um mandato, o bem sucedido empresário da educação chegou à Assembleia Legislativa pelos próprios pés, pecou nos seus primeiros passos, mas encontrou na disputa pela Prefeitura de São Luís o nicho que procurava para intensificar sua ação parlamentar e aspirar, no mínimo, o reforço político da caminhada política. Assumiu a condição de mais duro crítico do prefeito Edivaldo Jr. na Assembleia Legislativa e soube usar esse movimento a seu favor.

Em meio a esse novo cenário, no qual uma nova geração de políticos, o deputado federal e ex-prefeito João Castelo (15,6%), único remanescente de uma atuante geração de políticos, ele próprio um dos mais bem sucedidos. Mesmo sem ter tido sua pré-candidatura anunciada, já que enfrenta grandes dificuldades dentro do seu partido, o PSDB, aparece em 3º lugar, com uma performance surpreendente, tecnicamente empatado com o prefeito, aparentemente com chances de brigar pela ponta. Com 0,8% das intenções de voto, João Bentivi é o único pré-candidato que parece não ter nenhuma chance de chegar a algum lugar nessa corrida.

A pesquisa veio numa boa hora para clarear o cenário pré-eleitoral, que vem sendo fortemente turvado pela crise política nacional. E com um dado importante: 15% não votaria em nenhum deles.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Weverton falou como um político maduro contra impeachment
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Weverton: defesa enfática da presidente

Todos os deputados maranhenses que participaram da sessão que resultou na aprovação do relatório que recomenda a instalação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) votaram contra o processo. O primeiro voto foi do deputado Weverton Rocha, líder do PDT na Câmara, que se manifestou duas vezes, uma como membro da Comissão Especial e outra como líder, que falou para orientar a bancada do seu partido. Weverton fez um discurso de político maduro, firme e equilibrado. Bateu forte no relatório, criticou a oposição, defendeu o governo da presidente Dilma e avaliou que se o atual governo cair, será um desastre para as camadas mais necessitadas da população, que dependem hoje, na sua esmagadora maioria, dos programas sociais, a começar pelo Bolsa Família, que na sua avaliação está ameaçado. Ele chamou de “golpismo” o movimento pelo impeachment e manifestou convicção de que, se o Governo cair, o substituto da presidente, o vice-presidente Michel Temer (PMDB), os programas sociais mais abrangentes correrão sérios riscos de extinção. Acusou a oposição de estar rasgando a Constituição e bradou, em tom de denúncia, que o processo em andamento é um golpe perpetrado contra a democracia. Por outro lado, avisou que enxerga uma mudança no cenário de crise e previu que num próximo embate eleitoral, a oposição vai perder mais uma vez.

Marreca anunciou liberação da bancada
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Marreca: discurso firme com Dilma

Líder da bancada do PEN, o deputado Júnior Marreca, fez um discurso tímido, sem muita ênfase, parecendo que não tinha muita convicção do que estava fazendo. Pessoalmente, Marreca declarou voto contra o impeachment, posição que reafirmou mais tarde, quando foi chamado como líder para orientar a sua bancada. Nos bastidores da política, muitos previram que Júnior Marreca não sustentaria sua posição, porque seria alvo de forte pressão. Os que pensavam assim erraram feio, porque o parlamentar de Itapecuru Mirim sustentou e registrou seu voto contra o impeachment, avisando que repetirá no plenário da Câmara Federal.

João Marcelo reafirmou seu voto contra o impedimento
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João Marcelo: posição firme contra o impechment

O deputado João Marcelo Souza, da bancada do PMDB, não titubeou quando manifestou seu voto contrário ao impeachment.  Ele deixou claro que em nenhum momento esteve em dúvida quanto à sua posição, explicando que desde o primeiro momento avaliou a proposta de impeachment como uma ação politicamente incorreta das oposições. Sustentam seus argumentos vários aspectos do processo, sendo o mais importante deles o fato de o relatório não demonstrar, em nenhum momento, o crime praticado pela presidente da república. Na sua concepção, impeachment sem crime caracterizado não se sustenta, e por isso acredita que o relatório que recomenda o processo será derrotado no plenário da Câmara Federal.

Aluísio Mendes não se dobrou nem à pressão doméstica
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Aluísio: pressão até em casa

O deputado Aluísio Mendes se manifestou como líder do PTN na Comissão Especial. Ele admitiu que a bancada do seu partido está dividida e que a maioria dos seus liderados é favorável ao impeachment. Quando á sua posição pessoal, Mendes lembrou que não pertencia à Comissão, mas informou que, se o relatório fosse aprovado, como o foi, na votação pelo plenário ele votará contra o impeachment. Numa franqueza quase ingênua, o líder do PTN revelou que está sofrendo fortes pressões nas ruas, de eleitores, de alguns amigos e até em casa. “Minha mulher é a favor do impeachment, me pressionada, mas a minha consciência não me deixa mudar de posição. Eu sou contra o impeachment da presidente Dilma”, declarou, avisando que a partir daquele momento, a bancada por ele liderada estava liberada para que os deputados votem de acordo com as suas consciências.

 

São Luís, 11 de Abril de 2016.

 

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