Na atividade parlamentar, o fato de o Governo contar com uma bancada majoritária e politicamente plural nem sempre é garantia de que as proposições que encaminha ao Poder Legislativo sejam aprovadas sem problemas. Na atual composição da Assembleia Legislativa, a maioria governista é esmagadora – dos 42 deputados, 36 apoiam o Governo e apenas seis lhe fazem Oposição. Mas isso não significa que os deputados governistas pensem igual e atuem sempre como um batalhão coeso. Ao contrário, a bancada alinhada ao Palácio dos Leões é uma colcha de retalhos partidários e ideológicos, que vai da direita, passa pelo centro e se completa com a esquerda. Em determinados temas, é grande o esforço para conciliar diferenças, que se conflitam pelas disputas municipais, por incompatibilidades partidárias e até mesmo por divergências pessoais. É nesse emaranhado que entram os articuladores, parlamentares bem situados, acreditados, que operam nos bastidores o no plenário para superar dificuldades quando elas se mostram na discussão de matérias sensíveis, como mudança tributária, problemas nas áreas de educação, saúde e infraestruturas, entre outras. Neste primeiro ano da atual legislatura, o presidente Othelino Neto (PCdoB) e os deputados Rafael Leitoa (PDT), Marco Aurélio (PCdoB), Neto Evangelista (DEM), Roberto Costa (MDB) e Adriano Sarney (PV) se destacaram no trabalho de articulação.
Por conta do poder de fogo do cargo de presidente e pela surpreendente habilidade que vem demonstrando no comando da casa, o deputado Othelino Neto tem dado o norte a todos os movimentos da Assembleia Legislativa, dentro e fora do plenário. No exercício da presidência, ele tem trabalhado para resolver pendências de parlamentares com o Executivo, tem construído e mantido boa convivência do Legislativo com o Judiciário, tem aparado arestas entre deputados. Além disso, alimenta cuidadosamente as relações com as suas bases eleitorais, dando a atenção devida a prefeitos e vereadores. Ontem, por exemplo, fez uma visita de cortesia ao prefeito interino de São Luís, Júlio Pinheiro, seu colega de partido. Isso depois de ter comandado a sessão na qual foi votado do Orçamento do Estado para 2020, tendo ouvido elogios de 19 deputados por sua atuação.
Na ao mesmo tempo poderosa e espinhosa função de líder do Governo, o deputado Rafael Leitoa é um dos articuladores mais ativos da Assembleia Legislativa. Suas atribuições vão desde o acompanhamento das matérias de interesse governista que tramitam na Casa, participação nas comissões técnicas, mobilização para o voto a favor e contrário, dependendo da matéria em pauta e a desafiadora tarefa de ocupar a tribuna para explicar ações governistas ou defendê-las dos duros ataques da Oposição. Engenheiro Civil por formação, Rafael Leitoa tem sido um articulador eficiente, que consegue conversar com todas as correntes que formam o plenário.
Na ciranda das articulações, o deputado Marco Aurélio (PCdoB), professor por formação, desempenha a complexa e exigente tarefa de comandar o Bloco Parlamentar Unidos pelo Maranhão (Blocão), a base parlamentar governista com 26 deputados. É tarefa complexa, exatamente porque dentro dessa bancada monumental estão representantes da maioria dos 16 partidos que integram a aliança que dá sustentação ao Governo Flávio Dino (PCdoB). São muitos interesses às vezes em conflito, o que exige uma atuação permanente do líder no sentido de evitar rupturas e manter a base unida. Marco Aurélio tem sido um líder seguro, eficiente, mantendo um bom relacionamento com a bancada, que consegue mobilizar para as votações de interesse do Governo. Seu desafio agora é conciliar a função de líder do Blocão com a condição de pré-candidato a prefeito de Imperatriz.
Outro articulador eficiente tem sido o deputado Neto Evangelista, advogado, que ocupa a presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, a mais importante da Assembleia Legislativa e cuja função analisar a constitucionalidade de todas as matérias que tramitam na Casa. Com o DNA do pai, o ex-deputado João Evangelista, um grande articulador que comandou a Câmara Municipal de São Luís e a Assembleia Legislativa, Neto Evangelista tem feito um trabalho eficiente na CCJ, que somente nesta legislatura realizou mais de 90 reuniões, mas quais apreciou – aprovando e rejeitando – centenas de propostas. Tem trânsito livre em todos grupos parlamentares, com os quais dialoga, incluindo a Oposição sem problemas.
O deputado Roberto Costa (MDB) não tem bancada para liderar nem grupo para comandar. Mesmo assim, tem sido um dos principais articuladores em ação nos bastidores da Assembleia Legislativa. No terceiro mandato e conhecedor dos os meandros do parlamento estadual, Roberto Costa foi, por exemplo, um dos principais articuladores da candidatura e da reeleição antecipada do presidente Othelino Neto. Oposicionista, não se furta a votar quando considera importante seu posicionamento, ao mesmo tempo em que assume posicionamento contrário. Pragmático, Roberto Costa não vê sentido em fazer Oposição bitolada e agressiva pura e simplesmente. Ele defende a política de resultados e nessa linha tem sido um articulador eficiente.
Voz mais intensa e agressiva da Oposição, o deputado Adriano Sarney tem se esforçado para formar um bloco oposicionista, mas seus esforços têm sido infrutíferos até aqui. O insucesso da sua atuação política nos bastidores do Poder Legislativo, porém, não invalidam seus esforços de articulação.
Outros deputados funcionam também na articulação, mas Othelino Neto, Rafael Leitoa, Marco Aurélio, Neto Evangelista, Roberto Costa e Adriano Sarney têm mostrado que sabem o que fazem nesse campo.
PONTO & CONTRAPONTO
Governo Bolsonaro comete mais um erro: tirar Kátia Bogea da presidência do IPHAN
O Governo Bolsonaro resolveu mexer no comando do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a mais importante autarquia do País nesse campo, exonerando da presidência a arquiteta maranhense Kátia Bogea, que ficou quase três anos no cargo. Nada contra a decisão de mudar, afinal, quem tem o poder institucional de nomear e demitir tem também o direito entregar os cargos da máquina pública a quem julgar preparado para a tarefa. No caso da demissão de Kátia Bogea, há um porém: o Governo Bolsonaro abriu mão da pessoa certa no cargo certo. Poucas pessoas, tenham a formação e a experiência que tiverem, comandarão o IPHAN com a eficiência e a correção da arquiteta maranhense. Ela é servidora de careira do Instituto, superintendeu o braço maranhense por quase duas décadas e se tornou uma das melhores especialistas na arte de cuidar do patrimônio histórico e artístico do Brasil.
Profissional preparada e eficiente, mergulhou no seu mister, tornando-se uma das mais importantes vozes do Brasil nesse campo. E mais: foi rigorosa honesta quando declarou que nunca trabalhou para Governo. Sua visão era a de que preservar e valorizar o acervo histórico e artístico nacional não é uma ação de Governo, mas uma obrigação de Estado. Essa visão, associada à sua personalidade forte e independente, a tornou incômoda. Nos programas de restauração do casario colonial de São Luís, foi pedra na sapatilha da então governadora Roseana Sarney, com quem travou embates duros, estiveram várias vezes “de ponta”, mas sempre acabaram conciliando os interesses. E essa “acusação” de que ela foi mantida na superintendência do Maranhão e nomeada para a presidência com o apoio dos Sarney, é fácil constatar que ela nunca foi sarneysistas de carteirinha, e se teve o apoio do ex-presidente José Sarney e da ex-governadora Roseana Sarney, foi muito mais iniciativa deles do que dela.
O fato e que, independentemente de quem a tenha indicado, ela fez a sua parte como presidente, quando enfrentou, no Governo Michel Temer (MDB), o então poderoso e temido ministro Geddel Vieira Lima, proibindo-o de construir um prédio de luxo numa área tombada de Salvador. Segurou xingamentos e ameaças, mas segurou a onda e levou a melhor, que melhorou ainda mais coando o ministro foi pego com várias malas abarrotadas de dinheiro de corrupção.
Em Tempo: Não será surpresa se agora, livre do compromisso de comandar o IPHAN, Kátia Bogea admita conversar sobre candidatar-se à Prefeitura de São Luís pelo MDB. Sua candidatura seria um enorme diferencial, a começar pelo fato de que o nível do debate seria elevado como nunca.
Bumba meu Boi, patrimônio cultural da Humanidade
O Bumba Meu Boi do Maranhão entrou para o especialíssimo time de manifestações declaradas pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, o mesmo título recebido há duas décadas por São Luís. Esse título pertence a gigantes da cultura popular como Humberto de Maracanã, Coxinho, João Chiador, Chagas, Manoel Onça, Tabaco, Terezinha Jansen, José Inaldo, Marcelino Azevedo, Basílio Durans, Zé Pereira Godão, Domingos Vieira Filho, Valdelino Cécio, Sérgio Ferreti, Zelinda Lima, Kátia Bogea e muitos outros criadores, organizadores, líderes, cantadores, compositores, incentivadores, pesquisadores e os maranhenses em geral, que continuam apaixonados pelo seu mais importante e contagiante folguedo.
São Luís, 12 de Dezembro.
Todo governo tem direito de fazer a sua equipe. As instituições permanecem as pessoas passam…..omne enim saltus.
Em relação a postagem q menciona Katia Bogea, Ribamar Correa escreve de forma ilógica, ora se o governo tem o direito de trocar os membros de sua equipe, então, não há pq criticar o governo por tal medida.
Na minha opinião o deputado Adriano foi o que mais se destacou no ano de 2019. Assumiu a liderança da oposição na Assembleia, aceitou a missão do seu partido, o PV, para ser pré-candidato a Prefeito de São Luis intensificando visita aos bairros e articulações com lideranças comunitárias. Atua de forma independente da família e isso tem chamado a atenção dos seus adversários que já o veem como alvo a ser combatido.