Não é possível, e seria precipitação, afirmar que a carreira política do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), desmoronou ontem de maneira irreversível, mas não há como não concluir que seu projeto de poder sofreu um violento revés, que tornará muito difícil sua recuperação plena como o político audacioso e munido de poderes excepcionais, especialmente o financeiro. A Operação Descalabro, realizada na madrugada de ontem pela Polícia Federal em São Luís, mais especificamente a endereços ligados ao parlamentar, onde foram encontrados cerca de R$ 2 milhões em espécie, ergueu também um obstáculo gigantesco, na fulgurante e controversa trajetória de Josimar de Maranhãozinho rumo ao poder no estado. As imagens dos muitos maços de notas de R$ 100,00 e R$ 50,00 encontrados em armários e em caixas de papelão, levadas ao conhecimento público pelo “Bom Dia, Brasil”, da rede Globo, chocaram o País, em especial o Maranhão, como um petardo com força suficiente para demolir a assimétrica torre de poder imaginada pelo ex-prefeito de Maranhãozinho e hoje chefe partidário poderoso.
Autorizada pelo ministro Ricardo Lewandowski, a Operação Descalabro objetivou garimpar provas de que o deputado Josimar de Maranhãozinho chefia um esquema que desvia recursos de emendas parlamentares destinadas à área de Saúde em municípios.
A PF não desembarcou ontem em São Luís para cumprir 27 mandados a troco de nada nem por “motivação política”. Autorizada pelo ministro Ricardo Lewandowski, a Operação Descalabro objetivou garimpar provas de que o deputado Josimar de Maranhãozinho chefia um esquema que desvia recursos de emendas parlamentares destinadas à área de Saúde em municípios. Foi o ponto alto de uma investigação que já dura quatro meses, tempo em que foi apurado que Josimar de Maranhãozinho destinou emendas parlamentares, no montante R$ 15 milhões, para vários municípios sob sua influência. Ao receberem os recursos, prefeitos firmaram contratos fajutos com empresas de fachada, pertencentes ao parlamentar, mas que estão em nome de laranjas, e que depois sacavam em espécie e o dinheiro era entregue a Josimar de Maranhãozinho, no seu escritório regional em São Luís. A PF constatou o desvio acompanhando os saques e registrando em áudio e vídeo a distribuição dos valores, feita no escritório regional do parlamentar. Esse material está mantido em sigilo. Além disso, o ministro determinou o bloqueio de mais de R$ 6 milhões em patrimônio do parlamentar.
A operação causou, claro, forte impacto dentro e fora do meio político e colocou Josimar de Maranhãozinho em situação vexatória no aspecto pessoal e complicada na seara política. Mas não foi de todo surpreendente. Rumores sobre suas atividades controversas já circulavam há tempos. Começaram quando ele chegou à Assembleia Legislativa como o mais votado em 2014, se intensificaram durante o seu mandato estadual e ganharam força quando ele chegou à Câmara Federal também como o mais votado em 2018 e deixando sua vaga na Assembleia Legislativa com a sua mulher, Detinha, que ali também chegou como a mais votada.
Como um furacão, e movimentando recursos financeiros em quantidades fora dos padrões da política, e na condição de chefe absoluto do PL, do Patriotas e do Avante no Maranhão, Josimar de Maranhãozinho vinha causando perplexidade pela desenvoltura com que “atraiu” aliados. Formou uma bancada fiel na Assembleia Legislativa – formada pelos deputados Detinha, Hélio Soares, Vinícius Louro e Leonardo Sá – e tem como aliados igualmente fiéis os deputados federais Pastor Gildenemyr (PL), Marreca Filho (Patriotas) e Júnior Lourenço (Avante). Controla também prefeituras da “BR”, entre elas Maranhãozinho e Centro do Gu9ilherme, e outras de maior porte, como a de São José de Ribamar, com a eleição de Júlio Matos (PL) e a de Zé Doca, onde emplacou sua irmã como prefeita agora reeleita. Sob seu controle direto, seu partido elegeu 35 prefeitos. Tentou chegar ao poder em São Luís, mas suas tentativas – a natimorta candidatura da deputada Detinha e o apoio à candidatura do deputado Duarte Jr. (Republicanos).
Sua movimentação indica que Josimar de Maranhãozinho é um político movido a muito dinheiro. A nota que divulgou sobre a Operação Descalabro surpreendeu pela informação segundo a qual os cerca de R$ 2 milhões apreendidos pela PF seriam resultado de negócios como pecuarista, o que, segundo ele, poderá ser comprovado pela sua declaração de Imposto de Renda. A Polícia Federal, porém, sustenta que a dinheirama é produto de um grande esquema de desvio de dinheiro de emendas parlamentares chefiados pelo deputado.
Não é possível ainda medir o tamanho do estrago, até porque a Operação Descalabro foi apenas um estágio da investigação sobre as atividades paralelas do deputado federal Josimar de Maranhãozinho. Mas não há como não avaliar que, se já era frágil, apesar de ousado, seu projeto de chegar ao Palácio dos Leões será visto agora como uma quimera política.
PONTO & CONTRAPONTO
Nota de Josimar de Maranhãozinho é pouco esclarecedora
Se pretendeu se salvaguardar de “interpretações equivocadas” da imprensa em relação à Operação Descalabro, a “nota de esclarecimento” divulgada pela assessoria de Comunicação do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, sofrível na forma e no conteúdo, funcionou como tiros no pé. Primeiro porque a imprensa não divulgou nada além do que a Polícia Federal informou com releases e imagens. Logo, não há verdade a ser restabelecida, o que só seria possível se a Polícia federal voltasse atrás em tudo o que tornou público.
No item 1, a nota diz que o deputado Josimar de Maranhãozinho “está tranquilo”. Como é possível um político ficar tranquilo sendo mostrado nacionalmente, pela PF, como suspeito de chefiar um esquema de desvio de dinheiro da Saúde em municípios paupérrimos? Colocar-se à disposição da Justiça não é mérito, é obrigação. Quanto a esclarecer o que foi mostrado, parece muito difícil. E no item 2, a nota informa que o deputado “nada tem a temer”, e que “apoia a apuração dos fatos, desde que respeitado o amplo direito de defesa”. O deputado Josimar de Maranhãozinho pode até nada temer, mas não está em condições de condicionar o seu apoio à apuração dos fatos.
No item 3, a nota afirma que os R$ 15 milhões foram “distribuídos” e “aplicados de forma legal”. E cita como prova da afirmação o fato de o ministro-relator “não haver encontrado nenhum indício que pudesse autorizar a prisão de algum dos investigados”. Mas levou à apreensão da dinheirama, o que pode resultar em prisões no futuro.
E depois de itens sobre origem do dinheiro encontrado na residência e no escritório do parlamentar, a nota informa que o deputado “estranha que a operação tenha surgido justamente, pouco tempo depois de reafirmar sua candidatura ao governo em 2022 e, coincidentemente, a uma semana após ser alvo de uma série de ataques dos adversários onde alguns, inclusive, chegaram a usar as redes sociais para comemorar ação de hoje, enquanto outros usaram seus assessores para anunciar em blogs, antecipadamente, que ele seria alvo da PF”. Josimar de Maranhãozinho certamente se referiu ao deputado federal Aluísio Mendes (PSC), seu desafeto, que é agente da Polícia Federal licenciado e comemorou a operação: “Grande dia para Polícia Federal! Para o Estado do Maranhão! Para a Política do Maranhão!” Os rumores sobre essa investigação vão bem mais longe. E é difícil imaginar que a Polícia Federal e o ministro Ricardo Lewandowski tenham se prestado a participar de uma trama contra o deputado Josimar de Maranhãozinho.
No final, a nota traz um apelo e um aviso do deputado. O apelo: “a sociedade maranhense pode continuar confiando na sua conduta”. E o aviso: “Não irão lhe intimidar quanto ao seu desejo de concorrer na disputa majoritária de daqui a dois anos”. O apelo é de atendimento quase impossível até que tudo seja esclarecido. E o aviso já indica uma flexibilização do projeto de poder quando diz que concorrerá na “disputa majoritária” daqui a dois anos. Pode ser candidato a governador, a vice-governador e a senador. O que também dependerá muito dos desdobramentos da Operação Descalabro, com que provocam perplexidade e indignação.
Gedema leva deputados a aderir à campanha “Laço Branco”, a favor das mulheres
A Assembleia Legislativa aderiu ontem à campanha “Laço Branco” alusiva ao Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher, criado pela Casa da Mulher Brasileira e comemorado no dia 6 de Dezembro. A adesão do parlamento maranhense se deu por iniciativa do Grupo de Esposas de Deputados do Maranhão (Gedema), presidido por Ana Paula Lobato. E o primeiro ato foi a fixação do laço branco na lapela do paletó do presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB), para quem é essencial envolver os homens nessa discussão, “para que eles se conscientizem para uma mudança de comportamento frente às mulheres”. Os deputados presentes à sessão de ontem aderiram à campanha usando o laço branco.
Organizadora da campanha no parlamento estadual, a presidente do Gedema, Ana Paula Lobato, disse que a intenção em trazer a campanha de plano nacional para o Parlamento estadual é sensibilizar e mobilizar os homens em ações pelo fim de todas as formas de violência contra a mulher. “Estamos chamando a atenção, principalmente, para a importância da participação deles nesse processo e integrando-os a ações como esta, que desconstroem o machismo e constroem uma postura mais harmônica entre homens e mulheres”, assinalou.
A deputada Helena Duailibe, procuradora da Mulher da Assembleia Legislativa, reforçou a importância de integrar os homens nessa campanha. “Nós precisamos combater a violência contra a mulher mobilizando os homens, mostrando a eles que as mulheres precisam ocupar espaços políticos e necessitam, também, ser respeitadas dentro de casa ou onde estiverem. É preciso que os homens as olhem com mais amor”, finalizou Helena Duailibe.
São Luís, 10 de Dezembro de 2020.
Se o Josimar não abrir os olhos,os amigo de farra irão virar as costa,o partido não o quer mais e acabará preso. Poderia ter trabalhado como mineiro,calado e mudo sem fazer barulho. Falou demais e incomodou as raposas feridas.