Movimentos de aliados ameaçam rachar a base de Brandão, que sabe como reagir

Carlos Brandão deve ter Ana Paula Lobato e
Othelino Neto como grupo independente
ou militando na oposição

A saída de Flávio Dino da cena política maranhense vem causando verdadeiros terremotos no tabuleiro político estadual, com grupos atuando em busca dos seus próprios rumos ou para desestabilizar a base de sustentação partidária do governador Carlos Brandão (PSB). Menos de um mês depois de assumir a cadeira como titular, a senadora Ana Paula Lobato (PSB) começa a se movimentar para encontrar seu próprio caminho, e pelo que foi rascunhado até aqui, esse não será de alinhamento total ao Palácio dos Leões, podendo optar por um caminho independente, com nítida inclinação pela oposição. Nesse ambiente em transformação, o governador Carlos Brandão, que tinha dois dos três senadores no seu grupo político, agora só conta para valer com um, Eliziane Gama – PSD, já que, além da senadora Ana Paula Lobato, o senador Weverton Rocha (PDT) continua dando demonstrações de que se mantém na oposição, e que sua relação política com o Palácio dos Leões tende a um distanciamento cada vez maior.

O movimento surpresa da advogada Flávia Alves, suplente de deputada federal pelo PCdoB e atual superintendente regional do Ibama, de deixar o Partidão e se filiar ao Solidariedade, de centro, controlado por Paulinho da Força, atropelando o também suplente de deputado federal Volmer Araújo, mostra com clareza que a senadora Ana Paula Lobato está, de fato, procurando um caminho que não seja de alinhamento ao Palácio dos Leões. Nesse contexto, a senadora, que tem como articulador-mor o ativo deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), dá uma indicação de que poderá transformar o Solidariedade em tronco de um novo grupo político, e com o projeto de jogar pesado nas eleições municipais deste ano e no grande embate político e eleitoral que se dará no Maranhão nas eleições de 2026.

Os movimentos do deputado Othelino Neto e da senadora Ana Paula Lobato são a parte visível de um grande redemoinho partidário em curso nos bastidores da política maranhense. E que nele o governador Carlos Brandão está atuando com muito cuidado, mas com muita eficácia. Um exemplo: o prefeito de Barra do Corda, Rigo Teles, acaba de deixar o PL para se filiar ao MDB, comandado agora por Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão, e que desponta como o grande aliado do PSB na manutenção da base político-partidária do atual Governo do Maranhão.

Político experimentado tanto no jogo nos bastidores, que conhece em minúcias, quanto no embate a céu aberto, o governador Carlos Brandão avalia cada passo dos seus novos adversários, articulando para preencher as lacunas abertas pelos que estão saindo da base governista, e também dando o troco se o gesto é agressivo. O governador tem nas mãos um detalhado mapa com o espaço de cada um nesse cenário, e dispõe dos instrumentos de poder necessários para fazer o contraponto, mesmo com situações como a reação de parte do PSB, seu partido, com a candidatura do deputado Carlos Lula fazendo frente à indicação do advogado Flávio Costa para o TCE, contestada na Justiça pelo Solidariedade.

Até o dia 21 de fevereiro, as rusgas que surgiam dentro da base governista no Maranhão eram resolvidas por conversas entre o governador Carlos Brandão e o então senador Flávio Dino, que saiu desse circuito e se isolou no universo da Corte Suprema, onde a política partidária não tem vez. Agora, o ambiente é outro, uma vez que já foi deflagrada uma guerra pelo poder no Maranhão. E nesse conflito se forma o grupo comandado pela senadora Ana Paula Lobato, que ainda não tem a experiência nem a malícia das raposas, mas já sabe onde está pisando e joga com a habilidade e o arrojo político do seu marido e conselheiro, deputado Othelino Neto, que até agora vem se revelando um político que sabe jogar, como ficou demonstrado ao atrair o Solidariedade para o seu controle.

Por maior que seja o poder de fogo da senadora Ana Paula Lobato – que deve deixar o PSB – e a habilidade do deputado Othelino Neto, demonstrada ao pescar o Solidariedade, toda guinada política, notadamente as mais arrojadas, como é o caso, tem sua margem de risco. Principalmente quando o adversário é um governador que sabe usar os instrumentos de poder ao seu alcance. Carlos Brandão se encaixa perfeitamente nesse perfil e o seu próximo passo será exatamente se candidatar ao Senado. Vale acrescentar que o governador Carlos Brandão se encontra no auge da sua estada no Palácio dos Leões, com um amplo e seguro controle da sua base, conseguiu construir uma produtiva relação com o presidente Lula da Silva (PT), que passa pelo vice-governador Felipe Camarão (PT), hoje o mais importante interlocutor do seu partido no Maranhão.

Aguardam-se os próximos movimentos.

PONTO & CONTRAPONTO

PDT embarca na ilusão e deve lançar Fábio Câmara para prefeito em São Luís

Fábio Câmara e Weverton
Rocha: aliança quase definida

Lançada como uma brincadeira que pouca gente levou a sério, a pré-candidatura do ex-vereador Fábio Câmara à Prefeitura de São Luís pelo PDT começa a aparecer como um projeto do partido, e com o aval do chefe maior da legenda no Maranhão, senador Weverton Rocha.

De uns dias para cá, próceres do brizolismo local têm surpreendido o meio político com declarações surpreendentes de estímulo ao projeto de candidatura no qual somente o próprio Fábio Câmara e alguns otimistas extremados acreditam.

Pelo visto, os chefes pedetistas conhecem a trajetória política de Fábio Câmara, que em 2016 começou como um furacão, convenceu o comando do MDB de lhe dar a legenda, mas acabou como um dos maiores fiascos daquela eleição. De lá para cá fracassou em todas as tentativas eleitorais que fez.  

Agora, sem uma liderança de peso para uma disputa de igual para igual com o prefeito Eduardo Braide e com o deputado Duarte Jr., o PDT quer medir o seu cacife e deve lança-lo candidato ao Palácio de la Ravardière.

Mas o projeto que está embutido nessa pré-candidatura é fazê-lo puxar uma chapa forte de candidatos a vereador, já que sem essa âncora, o PDT poderá sair das urnas com uma bancada ainda menor e sem nenhum peso político.

Fábio Câmara pode ser a pá de cal que o PDT precisava para enterrar-se de vez na Capital.

Braide começa a conversar com partidos, e diz que sua agenda é continuar “trabalhando duro”

Eduardo Braide: abrindo
conversa com partidos

Com a chegada das águas de março, ao mesmo tempo em que tem muitos desafios para resolver na cidade de São Luís, o prefeito Eduardo Braide (PSD) começa a colocar as alianças partidárias na sua agenda para a corrida à reeleição. O prefeito entra com o apoio do Republicanos e já está conversando com “alguns partidos” para montar a base partidária da sua candidatura.  

Cauteloso e pragmático, o prefeito Eduardo Braide abre um sorriso quando ouve alguém falar do seu favoritismo na corrida, segundo as pesquisas feitas até aqui. Mas logo o político racional entra em ação e ele desconversa, alegando que tem muito trabalho a fazer, que as máquinas não podem parar.

– Temos que continuar trabalhando, trabalhando muito – diz.

Eduardo Braide se prepara para tentar a reeleição disputando com o deputado federal Duarte Jr. (PSB), apoiado pelo Palácio dos Leões. Isso porque os demais candidatáveis, como os deputados estaduais Neto Evangelista (União Brasil), Wellington do Curso (Novo) e Yglésio Moises (saindo do PSB), ainda dependem de definições partidárias.

Essas pendências serão resolvidas ao longo deste mês, após o que a pré-campanha vai começar para valer.

São Luís, 03 de Março de 2024.

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