Mesmo em campos políticos opostos, Dino e Braide mantêm alinhamento na luta contra o coronavírus

 

Flávio Dino e Eduardo Braide: politicamente distantes, mas alinhados contra a pandemia do novo coronavírus

Não houve conversa formal, acertos administrativos nem sinalização, em ambos os lados, no sentido de uma aproximação política, mas os esforços contra o avanço do novo coronavírus abriram um amplo canal de comunicação entre o Palácio dos Leões e o Palácio de la Ravardière. Por intermédio dos secretários estadual e municipal de Saúde, Carlos Lula e Joel Nunes, respectivamente, Governo do Estado e Prefeitura de São Luís têm mantido uma relação afinada e sem atropelos, com o aval efetivo do governador Flávio Dino (PCdoB) e Eduardo Braide (Podemos). Entre vários pontos em que o governador do estado e o prefeito da Capital estão de acordo, um deles pode ser definido como fundamental e decisivo: o direito de Estados e Municípios comprarem suas próprias vacinas, seja na base do cada um por si, por via direta com farmacêutica, seja por meio de consórcios de governos estaduais e prefeituras.

No item compra de vacina, o governador Flávio Dino já deu todos os passos preparatórios, tendo inclusive anunciado a reserva de R$ 50 milhões para esse fim. Ainda no ano passado, quando pouco se falava na possibilidade de os governos estaduais comprarem imunizantes, o governador do Maranhão pediu e obteve autorização legislativa para agir nessa seara, e em seguida também bateu às portas do Supremo Tribunal Federal para solicitar um posicionamento da Corte maior. Na sua resposta, o Supremo atendeu ao pedido, mas condicionou a aquisição de imunizantes à confirmação, com informações indiscutíveis, da incapacidade do Governo Federal de comprar vacinas suficientes para atender à demanda dos Estados e das Prefeituras. Ontem, Flávio Dino avalizou a compra de vacinas pelo Consórcio Nordeste, organização que tem tido papel relevante nas ações administrativas e políticas dos governadores da região, do qual o mandatário maranhense é um dos líderes.

Por sua vez, o prefeito Eduardo Braide, que assumiu há apenas dois meses, vinha dizendo e repetindo que, dependendo das circunstâncias, a Prefeitura de São Luís também compraria vacinas. Ontem, diante das circunstâncias causadas pelo aumento do número de óbitos, decidiu, com essa finalidade, entrar no consórcio, criado pela Confederação dos Municípios Brasileiros (FNB). E anunciou que encaminhará na próxima semana à Câmara Municipal pedido de autorização para comprar vacinas, engrossando as fileiras do movimento comandado pela FNB. Assim como anunciou o governador Flávio Dino, o prefeito Eduardo Braide revelou que já tem recursos reservados para a compra de vacinas, sem, no entanto, informar o montante que dispõe.

O canal de comunicação entre o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís sobre o combate ao novo coronavírus revelou que, mesmo em campos políticos diferentes, e com diferenças doutrinárias e programáticas, Flávio Dino e Eduardo Braide vêm mantendo uma convivência civilizada. Eles demonstram que, quando o interesse da sociedade está em jogo, mandatários devem encontrar meios de agir em comum acordo. Isso ficou claro quando o prefeito de São Luís atendeu ao chamamento do governador para a reunião de segunda-feira, no Palácio dos Leões, na qual o assunto foi o pacote de medidas destinadas a conter o avanço da pandemia, sem que a união contra a Covid-19 tenha mudado suas posições políticas. Não há sinais de que os dirigentes estejam inclinados a uma aproximação política, mas também nada indica que essa aproximação seja impossível.

Flávio Dino e Eduardo Braide são políticos com lastros ideológicos diferentes, estão situados em campos adversários, mas são, ao mesmo tempo, inteligentes e pragmáticos, e conhecem muito bem um ao outro. Isso significa dizer que, mesmo que não venham a dar passos em direção à política, a aproximação dos dois fomentada pelo novo coronavírus abriu caminho para que mais tarde eles voltem a conversar.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Norte-Sul ganha novo trecho, ganha status de obra essencial e dá sabor de vingança a Sarney

Norte-Sul: Sarney curte a “doce vingança” e Bolsonaro festeja com obra alheia

Inaugurado ontem o trecho de 172 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul, ligando o município de São Simão, em Goiás, ao de Estrela D`Oeste, em São Paulo, e criando condições para a conexões ferroviárias com os principais estados produtores do País, a começar pela chamada Malha Paulista, que será operada pela concessionária Rumo, que ali investiu R$ 711 milhões. O trecho foi inaugurado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

Para quem não se lembra, a Ferrovia Norte-Sul foi projetada e iniciada no Governo do presidente José Sarney, em 1987, tendo José Reinaldo Tavares como ministro dos Transportes responsável direto pelo projeto. O projeto, que começa em Açailândia, tinha por objetivo de criar a espinha dorsal de uma malha ferroviária para o País, foi na época intensamente bombardeado na época, principalmente pelos lobbies poderosos de conglomerados multinacional produtores de caminhões e pneus, que financiaram a reação de dezenas de deputados contrários ao projeto. Mesmo sob forte e implacável pressão, o presidente Sarney suportou a pancadaria e deu prosseguimento ao projeto.

Recolhido em Brasília, o ex-presidente José Sarney deve ter saboreado ontem, mais uma vez, o doce sabor da vitória, que curte todas as vezes que um trecho da Norte-Sul é inaugurado. Motivo: duramente atacado por adversários do projeto, o presidente José Sarney decidiu suportar toda a pancadaria que sofreu e levar o projeto em frente. De 1990 para cá, todos os presidentes que o sucederam reconheceram a importância da Norte-Sul e investiram na construção de novos trechos, o mesmo acontecendo com lideranças políticas e da classe empresarial. O mesmo deve ser sentido pelo ex-ministro José Reinaldo Tavares, que na época foi duramente atacado.

 

Folha: PF afirma que Josimar de Maranhãozinho teria usado emendas em esquema com Pacovan

Josimar de Maranhãozinho e Pastor Gil: apontados pela Polícia Federal no esquema com emendas

Informações divulgadas ontem pelo jornal Folha de S. Paulo dizem que, ao contrário do que pregava, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), que alimenta o projeto de disputar o Governo do Estado, está mesmo enrolado no rumoroso caso do desvio de emendas ao Orçamento da União destinadas à Saúde no Maranhão. De acordo com o matutino paulistano, as investigações feitas pela Polícia Federal, que começaram nos primeiros dias de Dezembro passado, conforme a Operação Ágio Final, encalacram o parlamentar e seu colega de partido, deputado federal Pastor Gil (PL).

De acordo com o jornal, que diz ter tido acesso a documentos da Polícias Federal, o deputado Josimar de Maranhãozinho (PL) teria liberado R$ 1,5 milhão em emendas e recebido R$ 365 mil em propina, tendo como intermediário o agiota Josival Cavalcante da Silva, o Pacovan, enquanto o deputado Pastor Gil liberou R$ 1,048 milhão, colhendo R$ 262 mil em propina, também paga a Pacova, que está preso. A Operação Ágio Final apurou que os dois parlamentares agiam afinados com Pacovan, que se apresentava junto a prefeitos como responsável por obter as emendas. Em troca, exigiria deles a devolução de uma parte do dinheiro como pagamento de propina.

O relatório das investigações diz ainda que “os valores discriminados na anotação são idênticos aos valores de emendas parlamentares constantes na notícia crime encaminhada pelo prefeito de São Jose de Ribamar”. Trata-se do então prefeito Eudes Sampaio (PTB), que reagiu a achaques de Pacovan, denunciando-o à Polícia Federal, por meio de notícia-crime, que deu origem, em dezembro passado, à Operação Descalabro, que encontrou mais de R$ 3 milhões, em dinheiro vivo, em escritório de Josimar de Maranhãozinho, em São Luís.

Procurados pelo jornal Folha de S. Paulo, Josimar de Maranhãozinho se recusou a fazer qualquer comentário sobre o assunto, enquanto o Pastor Gil confirmou a destinação de emendas a São José de Ribamar, afirmando, porém, que “nunca compactuei com qualquer esquema de desvio de dinheiro público”.

São Luís, 05 de Março de 2021.

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