Dividido em relação à disputa para a presidência da República – com os Sarney, os Lobão e a geração mais nova apoiando Lula da Silva (PT), e dissidentes como o deputado federal Hildo Rocha se posicionando pela candidatura da senadora Simone Tebet -, caminhando para o consenso em torno da candidatura do governador Carlos Brandão (PSB) à reeleição, mas fortemente rachado em relação à disputa para o Senado, com uma fatia apoiando o ex-governador Flávio Dino (PSB) e outra fazendo campanha para o senador Roberto Rocha (PTB), o braço maranhense do MDB , realiza hoje sua convenção para as eleições deste ano. Presidido pela ex-governadora Roseana Sarney, o MDB que definirá candidaturas apenas para deputado estadual e deputado federal na disputa para governador e senador na convenção desta quinta-feira, nem de longe lembra o partido que dominou a política maranhense desde a ascensão do então senador José Sarney à presidência da República em 1985 até 2014, quando perdeu o poder. Seu propósito agora tem algo de fênix, à medida que tenta renascer e voltar a ter força na mesa de decisões da política maranhense.
Candidata a deputada federal, a ex-governadora e sua presidente Roseana Sarney será a grande estrela da reunião partidária. Ela abriu mão de disputar o Governo do Estado, mesmo liderando todas as pesquisas nas quais foi incluída, e andou namorando como a ideia de brigar pela cadeira senatorial, mas também não a levou não a levou em frente. Depois de avaliar cuidadosamente o cenário, que incluiu elevada rejeição para a disputa majoritária, optou por uma participação uma inteligente: candidatar-se à Câmara Federal, com a possibilidade de ser muito bem votada e assim contribuir para a eleição de mais dois ou três emedebistas, entre eles os dois deputados federais que concorrem à reeleição, João Marcelo Souza e Hildo Rocha, apostando também na eleição do ex-suplente de senador Lobão Filho.
A chapa de candidatos à Assembleia Legislativa será liderada pelo deputado Roberto Costa, que hoje divide com Roseana Sarney o comando da agremiação. Junto com ele a deputada Betel Gomes. Roberto Costa representa hoje a face de um novo MDB, que sem negar suas raízes sarneysistas, tenta ser um partido mais aberto, abrindo e mantendo canais de comunicação com adversários de antes e de agora. Esses dois grupos têm convivido “com altos e baixos” dentro do partido, mas vem aos poucos se firmando dentro de novas perspectivas. O trabalho político levado em frente pelo deputado |Roberto Costa, contando com o discreto aval do ex-senador João Alberto, levou o MDB a abrir diálogo com ninguém menos que o então governador Flávio Dino, cuja candidatura ao Senado deve ter o apoio de uma expressiva fatia do partido Roberto Costa tem sido o grande articulador, tendo levado, mesmo a contragosto da ala madura, o partido a dialogar com o grupo liderado pelo ex-governador Flávio Dino. Roberto Costa acredita que o MDB pode eleger pelo menos quatro deputados estaduais.
Os bastidores da convenção serão movimentados pela posição do deputado federal Hildo Rocha, que abriu dissidência declarando apoio à senadora Simone Tebet, argumentando que o MDB deve ter candidato próprio. A manifestação de Hildo Rocha estimulou a pré-candidata presidencial do partido a dizer ontem, em entrevista à TV Mirante, que ainda aguarda o apoio de Roseana Sarney e José Sarney ao seu projeto de candidatura. Simone Tebet admitiu que o partido está dividido, mas disse acreditar que essa situação pode mudar. Só que não mudará, pois está previsto na convenção de hoje que o braço maranhense do MDB declarará apoio à candidatura do ex-presidente Lula da Silva, deixando em aberto a posição em relação a Senado.
PONTO & CONTRAPONTO
Oficialização da candidatura de Ciro embaraça a posição de Weverton
A oficialização, em convenção, da candidatura presidencial de Ciro Gomes pelo PDT pode gerar um mal-estar com o braço do partido no Maranhão. É que o pré-candidato do PDT ao Governo do Estado, senador Weverton Rocha, não parece disposto a abraçar essa candidatura. E o principal motivo é a sua aliança com os braços do bolsonarismo no estado, com os quais se juntou para fortalecer sua candidatura. Weverton Rocha tentou de todas as maneiras obter o apoio do ex-presidente Lula da Silva, mas a aliança do PT com o PSB levou o líder petista naturalmente a ter4 como aliados no Maranhão o governador Carlos Brandão (PSB), que tenta a reeleição tendo como vice o advogado Felipe Camarão (PT) e como candidato ao Senado o ex-governador Flávio Dino (PSB). Weverton Rocha não deu, até aqui, nenhuma palavra de apoio ao agora candidato do seu partido ao Palácio do Planalto, apostando que ele desistiria. Mas aconteceu o contrário, tendo Ciro Gomes mantido sua candidatura, colocando o senador Weverton Rocha numa situação delicada, obrigado agora a colocar as cartas na mesa e dizer com clareza de que lado está. Isso porque Ciro Gomes não aceita jogo nem meio-termo. Aguarda-se os desdobramentos no Maranhão da oficialização da candidatura do líder cearense.
Pedro Lucas leva a melhor sobre Juscelino Filho na disputa pelo controle do União Brasil no MA
É provável que nada mais de importante aconteça na vida do braço maranhense do União Brasil (ex-DEM) nas eleições deste ano. Dividido ao meio entre os deputados federais Pedro Lucas Fernandes e Juscelino Filho, e com futuro incerto até semana passada, o partido atropelou o deputado Juscelino Filho, que tentou levá-lo para o senador Weverton Rocha, e declarou apoio ao projeto de reeleição do governador Carlos Brandão. A declaração de apoio foi feita no Palácio dos Leões pelo vice-presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda, levado pelo deputado Pedro Lucas Fernandes. O alinhamento do União Brasil foi uma pancada política forte na posição do deputado Juscelino Filho, como também um golpe nada desprezível na base de apoio da pré-candidatura do senador Weverton Rocha. Com base nos fatos, é lícito avaliar que, pelo menos em princípio, o deputado Juscelino Filho perdeu a disputa com o deputado Pedro Lucas Fernandes pelo controle do União Brasil no Maranhão.
São Luís, 21 de Julho de 2022.