O MDB confirmou ontem em convenção o já prenunciado apoio à candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição, e foi além, ao decidir, em votação, que a coligação com o PSB envolve toda a chapa, incluindo a candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado. Por conta da insatisfação de alguns setores do partido, o apoio a Flávio Dino não foi declarado, mas terá de ser oficializado na ata da convenção. Com a decisão, tomada em votação com o aval da esmagadora maioria dos delegados do partido de todo o estado, o MDB consolidou sua decisão de participar das eleições apenas no plano proporcional, com chapas de candidatos a deputado federal e à Assembleia Legislativa. A reunião partidária, que teve momentos de tensão provocados pelo deputado federal Hildo Rocha, contrário à coligação com o PSB, foi comandada pela ex-governadora Roseana Sarney, que oficializou sua candidatura na chapa de 19 candidatos à Câmara Federal, e chancelou a relação de 31 candidatos emedebistas à Assembleia Legislativa. Tão logo teve confirmado a coligação do MDB com o PSB em torno da sua candidatura à reeleição, o governador Carlos Brandão (PSB) foi à convenção emedebista agradecer a aliança.
A coligação MDB/PSB aprovada na convenção emedebista não foi uma costura fácil. Ela foi o resultado de semanas de conversas, com alas do partido, ligadas ao ex-senador Edison Lobão e ao deputado federal Hildo Rocha resistindo à proposta de apoio à chapa do PSB, principalmente a candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado. Na votação de ontem, a cédula continha pergunta sobre essa aliança. A esmagadora maioria, cerca de 90% dos delegados, vindos de todas as regiões do estado, aprovou a coligação majoritária, que pelas regras eleitorais tem de incluir governador e senador. Realizada a partir das 14 horas, a convenção foi iniciada com a decisão da cúpula emedebista já tomada de colocar em votação a proposta de aliança integral com o PSB.
A escolha do MDB, feita de forma aberta e democrática, foi uma vitória das forças que querem um partido mais arejado e mais aberto ao diálogo com as demais correntes políticas do estado, e uma derrota para os grupos que tentaram levar o MDB para a seara bolsonarista, apoiando a candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição. Tanto que, inconformado com a tendência favorável à coligação com a legenda socialista, incluindo o apoio à candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado, o deputado federal Hildo Rocha protestou, criou um forte tumulto na convenção, chegou a quebrar uma das urnas de papel, tendo sido contido por dura intervenção do deputado estadual Roberto Costa, um dos mais ativos líderes do MDB e favorável à aliança com o PSB.
Com a decisão, o MDB optou pelo caminho mais próximo à sua realidade política, em que pesem as diferenças que mantém com o governador Carlos Brandão. Desde o início das articulações, a cúpula emedebista descartou aliar o partido à candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), com quem as diferenças são muito mais profundas não deu importância à candidatura do ex-prefeito Edivaldo Jr., apesar da proximidade com a cúpula do PSD com o comando emedebista, e nem admitiu a possibilidade de vir a apoiar o candidato do PSC, Lahesio Bonfim, mesmo sendo o presidente do partido, deputado Aluísio Mendes, próximo também do comando emedebista. Desde o início, Carlos Brandão foi a opção provável e possível. A começar pelo fato de que ele tem suas raízes políticas na seara sarneysista, no grupo liderado pelo ex-governador José Reinaldo Tavares.
No final da convenção, a agora candidata a deputada federal Roseana Sarney fez um discurso forte de apoio ao projeto de reeleição do governador Carlos Brandão, destacando sua trajetória de atuação e correção políticas. Evitou tocar na situação relacionada com a vaga no Senado, indicando que a pendência será resolvida sem maiores problemas. Presente à convenção, Carlos Brandão agradeceu o apoio: “Esse é um momento histórico. Minha gratidão a todos vocês que fazem o MDB. Nosso estado continuará crescendo e o MDB fará parte dessa nova página que está sendo escrita”.
PONTO & CONTRAPONTO
Em discurso na ABL, Sarney faz veemente defesa da democracia brasileira
Impedido, por força dos seus mais de 90 anos, de ter uma atuação mais efetiva na luta contra as ameaças sombrias que pairam sobre a democracia brasileira, o ex-presidente José Sarney (MDB) conseguiu fazer um alerta e um apelo em cadeia nacional em defesa das instituições democráticas do Brasil. Decano da Academia Brasileira de Letras (ABL), coube a ele discursar, em nome dos seus pares, na solenidade que marcou os 150 anos da instituição criada por Machado de Assis. Na sua fala, em meio a inúmeros registros sobre a instituição e a trajetória dos seus integrantes, o escritor José Sarney cedeu espaço ao político José Sarney, que quebrou a “neutralidade” política da ABL para alertar contra os riscos que ameaçam a democracia no Brasil, e apelar para que os brasileiros se mobilizem em defesa das instituições democráticas. José Sarney justificou sua manifestação lembrando ter sido ele o presidente que fez a transição da ditadura militar para a democracia, o que lhe dá o peso da responsabilidade de lutar pela preservação das instituições diante de ameaças como as que estão em curso no Brasil. Foi muito aplaudido, com justiça.
Candidatura de Ciro Gomes causa embaraços para Weverton Rocha
A oficialização da candidatura Ciro Gomes à presidência da República pelo PDT criou dois embaraços para o senador Weverton Rocha, candidato do partido ao Governo do Estado.
O primeiro: o PDT editou ontem uma resolução que proíbe candidatos majoritários do partido a declararem apoio e façam à candidatura do ex-presidente Lula da Silva nos estados onde o partido não estiver coligada com o PT. Sem manifestar interesse pela candidatura de Ciro Gomes e sem contar com o apoio de Lula da Silva, o senador Weverton Rocha está fortemente ligado às forças que representam o presidente Jair Bolsonaro no Maranhão.
O segundo: mesmo adotando uma postura de “neutralidade” na disputa presidencial, o senador Weverton Rocha terá de rever sua posição em pouco tempo. É que Ciro Gomes já teria avisado que não aceitará esse tipo de atitude de líderes pedetistas, seja ele quem for.
São Luís, 22 de Julho de 2022.