Juscelino Filho resiste à degola, é mantido no cargo, mas continua na mira de adversários

Lula da Silva e Alexandre Padilha ouvem as explicações de Juscelino Filho durante reunião

Juscelino Filho continua titular do Ministério das Comunicações, representando a bancada federal do União Brasil no Governo do presidente Lula da Silva (PT). O resultado da sua reunião com o presidente da República, que decidiu aceitar as suas explicações e mantê-lo no cargo, frustrou parte da cúpula e uma fatia graúda do PT e muitos aliados. Por outro lado, a decisão de mantê-lo ministro deu ao presidente Lula da Silva um argumento forte para garantir – pelo menos por enquanto -, os votos do União Brasil a favor de matérias decisivas para o futuro do Governo no Congresso Nacional. Lula da Silva avaliou que um eventual desgaste causado por um eventual deslize do jovem ministro é bem menos danoso do que os custos políticos de uma crise com o União Brasil, que saiu em defesa do seu parlamentar. Ou seja, quem apostou na queda do ministro das Comunicações errou na aposta.

Ai sair, ontem, do Palácio do Planalto, após uma longa conversa com o presidente Lula da Silva, o ministro Juscelino Filho exibia a certeza de que tudo havia passado. E esse estado de ânimo foi externado em nona divulgada nas suas redes sociais: “Saí há pouco do Palácio do Planalto, onde tive uma reuniu muito positiva com o presidente Lula. Na ocasião, esclareci as acusações infundadas feitas contra mim, e detalhei alguns dos vários projetos e ações do Ministério das Comunicações. Temos trabalho pela frente!” A mensagem não deixou dúvidas de que o presidente Lula da Silva aceitou as suas explicações e evitou uma refrega com o União Brasil.

Juscelino Filho demonstrou com clareza que seu fôlego político é bem longo do que muitos acreditam e que seu espaço dentro do União Brasil é bem mais amplia do que se pode avaliar de longe. Quando tirou o DEM do controle da família Fecury, caiu nas graças do então senador José Agripino Maia, à época presidente do partido, e construiu uma relação firme com o então prefeito de Salvador e herdeiro do carlismo, ACM Neto, o mais importante cacique da legenda. Depois, foi um dos articuladores da fusão do DEM com o PSL para formar o atual União Brasil. Essas relações, costuradas com esmero, deram a Juscelino Filho um surpreendente poder de fogo partidário, que foi traduzido nos espaços que ocupou no seu primeiro mandato parlamentar: foi vice-líder do DEM, ganhou a relatoria do projeto de revisão do Código de Trânsito, que lhe deu muita visibilidade, e foi eleito presidente da Comissão de Ética da Câmara Federal, cargo só ocupado por deputados com força partidária e reconhecidos por reputação ilibada. Entrou e saiu de cada posto ileso.

Sua indicação para o Ministério das Comunicações, área multifacetada onde existem inúmeros conflitos de interesse, o jogo foi mais pesado. Tão logo assumiu, o ministro foi acusado de haver usado as emendas do “orçamento secreto” para bancar sua reeleição, atender a interesses da sua família e beneficiar empresários amigos. Usando a tática do silêncio, o ministro Juscelino Filho resistiu ao primeiro ataque. E quando tudo parecia entrar numa situação de rotina, veio a pancada do uso indevido do avião da FAB para participar de um leilão de cavalos de raça no interior de São Paulo, em janeiro, com direito a diárias. Inicialmente, poucos acreditavam, que ele resistiria. Com o passar dos dias, a situação antes desfavorável, foi se invertendo. E ontem veio a notícia da sobrevivência.

A compreensão do presidente Lula da Silva deu força ao ministro das Comunicações, mão não o livrou da mira de uma imprensa atenta e alimentada por adversários. Na sexta-feira, enquanto o ministro ainda se encontrava no exterior, o site de notícia Metrópoles publicou extensa reportagem na qual compara a família do ministro a uma máfia política que controla a região de Vitorino Freire à base de violência e pressão política. Um indicador claro de que o jogo duro contra ele vai continuar.

PONTO & CONTRAPONTO

Vinte dos 31 vereadores de São Luís se reúnem com Brandão

Carlos Brandão e Francisco Chaguinhas – com Paulo Victor ao fundo, em registro da visita dos vereadores ao Palácio dos Leões

Nada menos que 20 dos 31 vereadores ludovicenses acompanharam ontem o presidente em exercício da Câmara Municipal de São Luís, vereador Francisco Chaguinhas (Podemos), numa visita ao governador Carlos Brandão (PSB), no Palácio dos Leões. Participaram do encontro o chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, e o secretário estadual de Cultura, Paulo Victor (PCdoB), presidente licenciado do parlamento da Capital.

Não há registro recente de um evento protocolar desse porte envolvendo o Palácio Pedro Neiva de Santana e o Palácio dos Leões. Governadores sempre receberam vereadores de São Luís, mas sempre individualmente ou, no máximo, em pequenos grupos. Ao reunir 19 integrantes da Casa para uma visita ao governador, o presidente em exercício Francisco Chaguinhas se mostrou afinado com o presidente licenciado Paulo Victor, que tem sido o principal construtor da ponte ligando a Câmara Municipal de São Luís ao Governo do Estado, aumentando a distância entre o parlamento municipal com a Prefeitura de São Luís.

Chamou ainda a atenção a presença de vereadores cujos partidos não estão afinados com o Governo Carlos Brandão, como é o caso Raimundo Penha (PDT). A ida de Raimundo Penha ao Palácio dos Leões não significa sua adesão ao Governo do PSB, mas certamente abre caminho para isso venha a acontecer. E o exemplo está na bancada do PDT na Assembleia Legislativa, que declarou apoio ao governador Carlos Brandão.

Interpretada pelo governador Carlos Brandão como um alinhamento produzido pelo “bom diálogo”, a visita de dois terços dos vereadores pode ser um indicador forte de que essa relação venha a ser transformada na base de apoio de uma candidatura à Prefeitura de São Luís apoiada pelo Palácio dos Leões em 2024.

AL: saiu Othelino Neto, entrou Zé Inácio; saiu Abigail Cunha, entrou Pará Figueiredo

Zé Inácio e Pará Figueiredo: suplentes de volta ao plenário da Assembleia Legislativa

A nova composição do Governo do Estado alterou a feição do plenário da Assembleia Legislativa. A saída do deputado Othelino neto (PCdoB) para assumir a Representação do Governo do Maranhão em Brasília abriu caminho para o 1º suplente da coligação, Zé Inácio (PT), que assume a vaga. E a nomeação da deputada Abigail Cunha (PL) para a Secretaria da Mulher resultou na convocação do 1º suplente do PL, Pará Figueiredo, que volta ao parlamento estadual.

Um dos quadros mais importantes e ativos do PT do Maranhão, com um histórico de fidelidade absoluta ao partido e ao presidente Lula da Silva, a ponto de adotar “Lula” como sobrenome, Zé Inácio tinha dois caminhos a seguir: assumir uma vaga de deputado ou atender a uma convocação do partido para assumir um cargo federal no Maranhão ou em Brasília. Preferiu voltar à Assembleia Legislativa, onde poder fazer um trabalho político mais efetivo em nome do partido.

Pará Figueiredo volta à Assembleia Legislativa na esteira de um acordo com o PL, pelo qual o partido negociaria com o governador Carlos Brandão a abertura de uma vaga em seu favor. A negociação envolveu o governador Carlos Brandão, a deputada Abigail Cunha, o marido dela, Rigo Teles (PL), prefeito de Barra do Corda, e presidente do partido, deputado federal Josimar de Maranhãozinho. A deputada, que já tem experiência de governo como subchefe da Casa Civil no Governo de Roseana Sarney (MDB), pediu tempo para pensar e acabou concordando em assumir a Secretaria da Mulher, abrindo vaga para Pará Figueiredo, que deve continuar discreto e distante da tribuna, como aconteceu no seu primeiro mandato.

São Luís, 07 de Março de 2023.        

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