Golpistas acampados no João Paulo foram para casa, mas serão alcançados pela Justiça

Praça em frente ao 24º BC, no João Paulo, vazia depois de meses de ocupada por golpistas

A desativação do acampamento montado em São Luís por bolsonaristas radicais que não aceitam a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial em que o eleito foi o agora presidente Lula da Silva (PT), não encerra o episódio. Informações chegadas à Coluna dão conta de que pelo menos 50 participantes dos atos teriam sido monitorados, estariam já identificados e, cedo ou tarde, terão de comparecer à Polícia Federal para se explicar, correndo o risco de vir a passar entre quatro e 12 anos na cadeia, como prevê o Código Penal.  Segundo essas informações, assim como os radicais presos em Brasília, os bolsonaristas insatisfeitos que passaram semanas em frente ao 24º Batalhão de Caçadores, no João Paulo, pedindo aos militares que tomassem o poder por meio de “intervenção federal” – o que traduzido para bom português significa “golpe militar” – vão receber a visita da Polícia Federal e ajustar contas com a Justiça. A situação deles é a mesma dos bolsonaristas que armaram barracas em frente a instalações das Forças Armadas em várias capitais e passaram semanas pressionando por golpe militar, o que é crime.

Os defensores do golpismo, que curiosamente se dizem patriotas, caem nas malhas do crime quando pregam a derrubada do sistema democrático pela força, usando o argumento fajuta e inaceitável de fraude na votação por meio das urnas eletrônicas. O curioso é que não questionam o 1º turno das eleições, no qual gente como o general Hamilton Mourão e o ex-juiz Sérgio Moro foram eleitos para o Senado. Para eles, só houve fraude no 2º turno, um argumento que chega a ser patético. Esses grupos defendem o que chamam de “liberdade de expressão”, quando na verdade o que aspiram mesmo é a instalação de uma ditadura, com censura à imprensa livre. Querem um regime de força comandado por um ogro político que seguem e que defende torturar e metralhar adversários políticos, incentivando uma criminosa política de armamento da população, cuja intenção ele próprio externou na inacreditável reunião ministerial de 2020.

Os integrantes da turma que acampou durante semanas em frente ao 24º BC, num rasgo de irresponsabilidade sócio-política, acreditando que orando de joelhos receberiam uma ditadura de presente, dada por Deus. E o que chama mais a atenção é o fato de que da armação golpista participaram empresários, profissionais liberais, estudantes, pessoas idosas e até donas de casa com crianças, gente conhecida da sociedade, com formação superior, atuando como profissionais, tenham embarcado nessa quimera sem rumo e, por isso mesmo, sem futuro. Alcançadas pela rede de mentiras e ilusões, essas pessoas se expuseram ao ridículo e não perceberam que a democracia brasileira é jovem, mas as instituições são sólidas o suficiente para suportar ataques brutais como os que tentaram destruir o coração da República, domingo, em Brasília.

Muitos desses inimigos da democracia não tinham noção exata do faziam acampados em frente a uma unidade militar bradando contra instituições como o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, que é o guardião da Constituição. Certamente acreditavam que os militares lhes dariam atenção, sairiam às ruas e demolirias os pilares da democracia, como em 1964, e transformariam em realidade o sonho atormentado do sr. Jair Bolsonaro tornar-se ditador do Brasil. Como ele próprio insinuou em praticamente todas as suas lives, por meio das quais forjou a massa ignara cujos exemplares mais acabados foram usados como uma falange criminosa para atacar o coração das instituições democráticas nos atos de domingo em Brasília. Só não contavam que, mesmo apanhadas no contrapé, as instituições reagiram à altura e estão dando as respostas que os golpistas merecem.

Já na noite de domingo, quando as primeiras prisões feitas em Brasília foram noticiadas, uma parte dos golpistas acampados no João Paulo livrou-se da bandeira e tomou o rumo de casa, alguns sorrateiramente. Tanto que a PM não precisou usar a força para desmontar o acampamento, já que quem ficou até o fim foi alcançado pelo bom senso e debandou sem opor resistência à força policial. E, se forem politicamente inteligentes, aproveitarão os próximos tempos para refletir sobre tudo o que está acontecendo no País. E se quiserem continuar atuando politicamente, que o façam como cidadãos livres e civilizados: procurem um partido, se filiem e se preparem para as eleições as eleições municipais, daqui a 20 meses, com o espírito justo do “quem ganhar, leva”. Isso é que é liberdade. Isso é que é estado de direito. Isso é que é democracia.

PONTO & CONTRAPONTO

Após meses de queda de braço, Câmara aprova finalmente o Orçamento de São Luís para 2023

Vereadores aprovaram Orçamento em sessão presidida por Paulo Victor (PCdoB)

O prefeito Eduardo Braide (PSD) pode começar a trabalhar de acordo com o Orçamento da Prefeitura de São Luís programado para este ano. É que depois de meses de puxa-encolhe, vai-não-vai, a Câmara Municipal aprovou ontem a Lei Orçamentária Anual (LOA), que dá o norte para a movimentação financeira da Capital ao longo dos próximos 12 meses. Pelo que foi estimado, o Orçamento da Prefeitura de São Luís movimentará R$ 4,3 bilhões neste ano, dinheiro que entrará nos cofres do Município na forma de transferências correntes (R$ 3,1 bilhões), receitas de capital (R$ 70,6 milhões) e operações de crédito (29,1 milhões). Os vereadores apresentaram 81 emendas, mas todas foram rejeitadas. Na queda de braço com opositores, o prefeito Eduardo Braide levou a melhor. Explica-se: os vereadores tentaram aumentar de 1.6% para 2% a fatia do Orçamento a ser transformada em emendas parlamentares. O prefeito firmou posição contrária e conseguiu e manteve a proposta de 1.6%. O prefeito Eduardo Braide está ainda autorizado a obter créditos adicionais e suplementares no valor de 25% da receita municipal. Houve quem previsse que o prefeito Eduardo Braide dificilmente conseguiria manter o projeto original. A previsão falhou, porque o prefeito de São Luís conseguiu aprovar quase integralmente a versão original da proposta orçamentária.

Penha e Paz deixam a liderança de Braide na Câmara

Raimundo Penha e Domingos Paz deixam a liderança de Eduardo Braide na Câmara Municipal de São Luís

Na mesma sessão extraordinária em que teve aprovado o seu Orçamento para 2023, o prefeito Eduardo Braide perdeu o seu líder na Câmara Municipal, vereador Raimundo Penha (PDT), e o seu vice-líder, vareador Domingos Paz (Podemos). Os dois anunciaram que a saída após a votação do projeto orçamentário.

Raimundo Penha alegou que pretende se dedicar mais ao exercício do mandato, o que significa se aproximar mais ainda do eleitorado, de olho nas eleições de 2024, quando tentará a reeleição. Há quem diga, porém, que a saída seria decorrência de possível possíveis desgastes na relação como PDT.

Já o vereador Domingos Paz vive uma situação complicada, acusado que foi de assédio sexual, e mesmo que tenha obtido na Justiça o trancamento do inquérito, conforme determinou o desembargador Bayma Araújo, corre o risco até de perder o mandato.

São Luís, 11 de Janeiro de 2023.

2 comentários sobre “Golpistas acampados no João Paulo foram para casa, mas serão alcançados pela Justiça

    1. Caro, o direito de manifestação é sagrado, e a Constituição garante isso. Você pode se manifestar festejando uma vitória da Seleção ou a chegada do Ano Novo, pode se manifestar protestando contra uma decisão da Prefeitura de fechar uma rua ou contra o valor do IPVA, pode se manifestar reivindicando aumento de salário ou cobrando mais hospitais, e pode se manifestar contra a reeleição, ou pode se manifestar festejando a vitória do seu candidato a presidente ou chorando a derrota do mesmo. No caso dos acampamentos, a manifestação não precisa ser violenta, pois a violência está no motivo, que é o pedido para que as Forças Armadas derrubem a ordem democrática por meio de um golpe, que os manifestante chamam de “intervenção federal”. Isso é crime em qualquer democracia do mundo. No Brasil, a lei prevê penas que vão de quatro a 12 anos de cadeia. E a situação fica mais grave se esse pedido criminoso for feito depredando prédios públicos. Portanto, quem pregou golpe militar em frente a quartel cometeu crime, sim, e está sujeito à mão pesada da lei.

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