O Partido Republicano da Ordem Social (PROS) deu uma guinada radical no Maranhão. Saiu das mãos do ex-prefeito de Bacabal e ex-deputado federal Zé Vieira para ganhar agora o controle do ex-deputado federal e ex-ministro do Turismo Gastão Vieira, que deixa o PMDB, partido ao qual foi ligado desde a origem, quando o Brasil político se movia pelo regime de bipartidarismo imposto pela ditadura militar. Com essa mudança, o cenário partidário maranhense deve ganhar movimento mais intenso para as eleições do ano que vem.
Com a troca de partido, Gastão Vieira consuma um processo de revisão política e partidária que iniciou quando, indicado pelo PMDB, assumiu o Ministério do Turismo e se tornou um dos ministros de confiança da presidente Dilma Rousseff. A aproximação com a presidente petista teve como consequência direta o seu afastamento do PMDB, com o qual passou a divergir. A gota d`água foi a sua mal sucedida campanha para o Senado, que para muitos não recebeu o suporte político e estrutural que deveria ter recebido do PMDB. O ex-deputado não faz as vezes de vítima, mas não há dúvida de que ele alimenta, sob controle, uma cota de ressentimentos em relação à sua agora ex-casa partidária.
O movimento político de Gastão Vieira ao assumir o controle do PROS no Maranhão tem uma dimensão bem maior do que uma simples troca de partido. O primeiro dado a ser observado é que ex-deputado não pendurou as chuteiras, como alguns chegaram a anunciar, o que é uma boa notícia para a seara política maranhense. Outro ponto importante dessa iniciativa é que Gastão Vieira assume o comando de um partido, deixando, assim, de ser apenas um quadro a mais, para ser uma liderança política e partidária de fato. E, finalmente, vale anotar que à frente de um partido como o PROS, o ex-ministro pode se tornar uma voz de peso no cenário político do Maranhão, que ganha um desenho novo.
O partido escolhido por Gastão é uma agremiação de futuro, que foi assaltada por alguns, mas que, ao que tudo indica, realiza um processo de depuração dos seus quadros, apostando mais na qualidade do que na quantidade. O PROS prega a democracia representativa, garantida pelo estado democrático de direito pleno, e defende o desenvolvimento econômico com justiça social e a livre iniciativa. E tem como base programática a solução dos grandes problemas do país por meio das seguintes bandeiras: reforma tributária, reforma política, combate às drogas, segurança pública, mobilidade urbana, desenvolvimento científico e tecnológico e desburocratização e modernização do Estado. Em resumo: o PROS é um partido com futuro promissor.
Gastão Vieira não é um quadro qualquer. Advogado por formação, ele é parte de uma geração de técnicos de alto nível absorvida pelo serviço público. Tal cacife lhe abriu caminho que o levou ao cargo de secretário de Planejamento no Governo Edison Lobão, secretário de Planejamento e de Educação em dois governos de Roseana Sarney, e, finalmente, ministro do Turismo no primeiro governo de Dilma Rousseff. Ativista político desde a juventude, Gastão entrou para a atividade partidária formal no MDB, nos anos 60. Começou a disputar votos em 1986, conquistando nas urnas um mandato de deputado estadual e seis mandatos consecutivos de deputado federal. Amargou duas derrotas eleitorais, uma para a Prefeitura de São Luís em 2012 e uma para o Senado, em 2014.
A volta do ex-ministro do Turismo ao cenário político com o comando estadual do PROS surpreende até mesmo seus ex-confrades do PMDB. A princípio, alguns menos atentos apostaram que Gastão entraria no PSDB, partido pelo qual ele nunca escondeu simpatia – tanto que dentro do PMDB lhe apelidavam de tucano com alma pemedebista. Mas a opção pelo PROS tem duas explicações. A primeira é que é um partido novo, leve, bem intencionado e que pode ganhar consistência. A outra: Gastão é hoje um fiel aliado da presidente Dilma Rousseff e só poderia se filiar e comandar um partido da base da presidente. “Eu sou Dilma!”, diz, exibindo convicção e até um certo entusiasmo, mostrando que tem um lado e está disposto a brigar por ele.
Os passos do PROS no Maranhão ainda não estão claramente definidos. Mas ninguém duvida que disputar a Prefeitura de São Luís está nos seus planos. Provavelmente com o próprio Gastão Vieira como candidato, o que, no mínimo, servirá para elevar o nível da disputa.
Em tempo: a coluna apurou que um dos novos dirigentes do PROS é o economista e professor universitário Celso Veras, também ele é quadro de alto nível da sua geração, que ganhou projeção como ativista político sem nunca ter disputado um mandato. A presença de Veras é um indicativo de que o PROS pode fazer a diferença com uma ação política de qualidade.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Vai renunciar?
Iniciado na Câmara Federal um movimento para que o deputado Waldir Maranhão (PP) renuncie à vice-presidência da Casa. Um dos 19 deputados do seu partido denunciados pelo procurador geral da República, Rodrigo Junot, como beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras para financiar campanhas eleitorais, Waldir Maranhão encontra-se numa encruzilhada, sem saber se deixa logo o cargo ou espera para ver onde a tempestade vai chegar. O maior problema do 1º vice-presidente da Câmara Federal é que ele terá de decidir seu futuro sozinho, porque o seu partido está em processo de desagregação, com as lideranças sem qualquer autoridade para assumir as rédeas da dramática situação, para evitar que a agremiação desapareça, como foi vaticinado por um deputado federal gaúcho, alcançado pela Operação Lava-Jato, segundo o qual “O PP acabou!”
Campanha cara
O deputado Waldir Maranhão é suspeito de ter recebido R$ 3 milhões do esquema de corrupção montado na Petrobras por seu partido, o PP, responsável pela indicação de Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento da empresa. Essa acusação aguça a memória de muitos em relação à corrida eleitoral de 2014, durante a qual o parlamentar fez uma campanha digna de um candidato ao Senado. Waldir Maranhão ocupou o horário eleitoral gratuito na TV e no rádio com peças caras, individual, nada parecidas com as campanhas dos demais candidatos à Câmara Federal. Mesmo levando em conta o fato de que o deputado Waldir Maranhão esteja acobertado pela presunção da inocência, a campanha que ele protagonizou é indicativo de que ele dispunha de recursos expressivos para bancá-la.
Sinal de vida
A oposição na Assembleia Legislativa, que está resumida a 11 dos 42 deputados, conseguiu ontem tirar a maciça governista da sua zona de conforto e relaxamento. Primeiro foi a deputada Andreia Murad (PMDB), que com a sua às vezes cansativa catilinária antigovernista na área de saúde, repicou denúncia segundo a qual o governo estaria negligenciando na distribuição de leite especial. A ênfase da denúncia incomodou o líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSC), levando-o a dar explicações na tribuna. Em seguida, o deputado Adriano Sarney (PV) reclamou do que seria uma manobra da Mesa, presidida pelo deputado Othelino Neto (PCdoB), na tramitação de um requerimento no qual cobra do governo explicações para o fato de assessor de imprensa receber jeton no Conselhão. O líder Rogério Cafeteira se movimentou para minimizar a cobrança. Bom sinal de vida parlamentar na Casa de Manoel Bequimão.
Apoio certo
Ganha nos bastidores do governo a certeza de que o governador Flávio Dino (PCdoB) apoiará mesmo a candidatura do prefeito Edivaldo Jr. (PST) à reeleição. O principal empurrão será uma grande massa de recursos à prefeitura de São Luís, por meio de convênios. Pelo menos uma dezena desses acordos já estaria sendo preparada para ser assinada até o final de março, de modo que o prefeito possa deflagrar uma série de obras em diversas frentes da cidade, como também viabilizar na prática a aplicação de recursos que conseguiu na esfera federal. Entre os assessores do prefeito é unânime a certeza de quer Edivaldo Jr. dará a volta por cima, com o espera o Palácio dos Leões.
Não sabe?!
E novo depoimento, o doleiro Alberto Yousseff repetiu ter repassado dinheiro para a campanha da governadora Roseana Sarney (PMDB) em 2010, mas mais uma vez disse que dinheiro teria sido entregue a um assessor, cujo nome não sabe.
São Luís, 10 de Março de 2015.