A polêmica condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor na 24ª etapa da Operação Lava Jato e o teor devastador da suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-líder do Governo e ex-PT), incriminando o Lula e a presidente Dilma Rousseff, se abalaram o país inteiro, tiveram uma repercussão mais forte diferenciada meio político do Maranhão. Os fatos alcançaram, de maneira impactante, os dois maiores grupos políticos do estado – o liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e o comandado pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) com o suporte do ex-presidente José Sarney. E, por alguns aspectos que envolvem ousadia e cautela extremas, definiram com clareza o grau de comprometimento de cada um dos dois segmentos com as posições assumidas nos movimentos tensos e imprevisíveis que movem a hoje complicada vida política do país. E como não há dúvida que os desdobramentos virão, os posicionamentos de agora certamente serão levados em conta nos acertos futuros. Flávio Dino e a ex-governadora Roseana Sarney e outros líderes do seu grupo assumiram posições diferentes no caso.
Nesse cenário de tensões, incertezas e apostas no escuro, o governador Flávio Dino saiu na frente e assumiu a posição firme e ousada, numa demonstração de coragem política. No caso da condução coercitiva do ex-presidente Lula, Dino invocou a autoridade de ex-juiz federal e criticou duramente a medida, para ele errada e desnecessária, do colega Sérgio Moro, sugerida pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, e autorizada pelo ministro-relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STJ), Teori Zavaski. Além de criticar a medida, Dino foi a Brasília, onde também manifestou apoio firme e determinado à presidente Dilma, nos campos político e administrativo. Mais do que isso, o governador do Maranhão disparou duro ataque à tentativa de tentativa da oposição de ressuscitar o processo de impeachment a chefe da Nação Dilma, que estava sendo empurrado rapidamente para o arquivo morto. Para ele, a proposta de impeachment é “golpe”, porque não tem “nenhuma base legal”.
Ao assumir e reafirmar essas posições de maneira tão enfática, quando a esmagadora maioria dos segmentos políticos que têm ligações com o Governo do PT preferiu assistir calada para depois se posicionar, o governador Flávio Dino reagiu no ato, e assim deu mais um passo para se firmar como o grande líder do Maranhão no momento e, mais do que isso, consolidar o espaço que aos poucos vai construindo no cenário político nacional. E seu posicionamento chama atenção por dois motivos. Um deles é que, ao criticar a condução coercitiva de Lula, ele não fez exatamente uma defesa velada do ex-presidente, mas censurou uma medida de um colega magistrado pedida pela Procuradoria Geral da República – que tem seu irmão, Nicolau Dino, como subprocurador geral – e pelo STF, correndo o risco de entrar em confronto com os dois níveis da Justiça Federal. E depois, nada em política – salvo a coerência ou um ataque de estrelismo – recomenda que um governador de Estado entre numa crise dessa dimensão em defesa do lado que está sob fogo cruzado. Todas as evidências indicam que o governador do Maranhão está movido pela coerência, ainda que com uma pitada de pragmatismo. E mais, com a certeza de que não será retaliado por ser um cidadão e um governante limpo.
Os líderes do Grupo Sarney reagiram com o silêncio. A ex-governadora Roseana Sarney não se manifestou nem em relação à suposta delação premiada de Delcídio do Amaral, que atingiu igualmente a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula; também não disse uma palavra sobre a polêmica condução coercitiva do ex-presidente. A posição de Roseana surpreendeu, a começar pelo fato de que ela, quando senadora, foi líder do Governo Lula no Congresso Nacional. Em relação à presidente Dilma, o silêncio também é espantoso, pois não há como esconder “a força” que o Governo Dilma dedicou ao Governo Roseana. A indiferença da ex-governadora em relação aos dois fatos poderia ser explicada com o fato de que ela está recém saída de uma cirurgia no rosto. Mas tudo indica que o que a fez se manter em silêncio foi o fato de ela ainda ter um pé na lista de suspeitos da Operação Lava Jato, juntamente como senador Edison Lobão, embora nada tenha aparecido de concreto contra ela.
Nesse contexto, é difícil entender o silêncio do ex-presidente José Sarney em relação ao que sofreu um dos seus colegas ex-mandatários da República. Muito apegado a formalismos e defensor assumido do peso simbólico de um ex-presidente. E no caso de Lula, esse simbolismo é reforçado pelas relações pessoal e política, que os dois começaram a travar há mais de uma década – Sarney foi um dos principais líderes do PMDB a defender a aliança do PMDB com o PT. Ninguém até ontem conseguiu explicar o silêncio do ex-presidente José Sarney. A Coluna ouviu ontem duas fontes bem situadas no Grupo Sarney e nenhuma delas ofereceu uma explicação convincente para a posição de Sarney diante da crise. Os que esperavam uma manifestação na sua crônica domingueira na capa de O Estado, em que costuma mandar recados, nesta semana ele preferiu celebrar o 30º aniversário do Plano Cruzado, como se nada estivesse acontecendo no país. Vale anotar que, sintomaticamente, Sarney e Roseana não participaram da recepção ao vice-presidente Michel Temer, quinta-feira, na residência do senador João Alberto, outro líder do PMDB e do grupo que também não comentou o que aconteceu com o ex-presidente Lula.
Nesse xadrez complexo, no qual ainda não é possível prever qualquer desfecho, o governador Flávio Dino se movimentou com coragem e audácia políticas. Já os líderes do Grupo Sarney preferiram acautelar-se no silêncio. E nesse tabuleiro, o que de pose prever é que se a presidente Dilma se segurar, terá sempre no governador Flávio Dino um dos seus apoiadores. Já o Grupo Sarney só tem uma mexida a seu favor: se o impeachment vingar e o vice-presidente Michel Temer – que também se mantém em silêncio – assumir a presidência da República.
PONTO & CONTRAPONTO
Rompimento do PSB com Governo Dilma pode resolver a crise do partido no Maranhão
A decisão do PSB de romper oficial e definitivamente com o Governo da presidente Dilma Rousseff, anunciada na tarde de sexta-feira pelo comando do partido, deve causar um estrago enorme no braço maranhense do partido, que agora terá de resolver suas brigas internas e tomar um rumo claro e sem rodeios no tabuleiro da política estadual. Para começar, a decisão obrigará o senador Roberto Rocha a assumir com clareza uma posição de oposição ao Governo Dilma. Da mesma maneira, fará com que o deputado federal José Reinaldo Tavares assuma de vez a sua posição de oposição ao Governo Federal. E, por fim, deve levar o deputado licenciado Bira do Pindaré a romper com o partido e buscar uma legenda que lhe dê a vaga de candidato a prefeito de São Luís. Distanciado da aliança PT/PMDB desde que o ex-governador pernambucano Eduardo Campos deixou a equipe ministerial da presidente Dilma para se candidatar à Presidência da República. A trágica morte do candidato presidencial em acidente aéreo afastou ainda mais o PSB do Governo Dilma. No Maranhão, os dois principais líderes, o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, e o senador Roberto Rocha, que não se suportam desde as eleições de 2010, devem medir forças dentro do partido, podendo, a partir de agora, serem enquadrados pelo presidente da agremiação, Luciano Leitoa, prefeito de Timon, que já não mais tolera os tremores provocados pelos dois dentro do partido. É certo que os embates internos continuarão – para resolver como irá o PSB na disputa para a Prefeitura de São Luís -, não sabendo, por outro lado, se o PSB maranhense assumirá mesmo a posição de oposição ao Governo Dilma. Será uma articulação difícil para presidente Luciano Leitoa
Especial: Sillas Marques Serra, uma legenda de Caxias, chega aos 90 anos
Caxias é reconhecida como um berço de homens com vocação para fazer história. Mas seus braços acolhedores também recebem e transformam filhos adotivos, sobretudo a ela se dedicam. Entre os filhos adotivos que cresceram com a cidade e que contribuíram na construção da história do município destacou-se um filho de São Luís que para lá se mudou nos idos de 1954 e viveu ali uma trajetória rica e exemplar de líder da Igreja Presbiteriana, professor, dirigente universitário e, finalmente, juiz de paz. Trata-se de Sillas Marques Serra, teólogo e bacharel em Filosofia e História nascido em São Luís no dia 4 de Março de 1926 e que chegou nesta sexta-feira aos 90 anos de pé, lúcido, ativo e alvejado pelo respeito dos familiares, dos amigos, dos liderados e da sociedade caxiense como um todo, compreendendo aí os seus mais diversos extratos.
O Sillas Marques Serra religioso foi sempre uma das grandes referências do mundo evangélico caxiense e maranhense por sua dedicação missionária e pela correção com que sempre pregou os postulados da sua Igreja. Os dias de culto no templo por ele erguido na Rua de São Benedito eram certeza de sermões vigorosos, pronunciados em discurso rico e inteligente. Suas palavras sempre foram manifestações de um pastor de fato, com plena noção da sua missão e perfeita consciência do seu papel de líder. Tanto que sua liderança Igreja Presbiteriana de Caxias durou décadas e só foi encerrada formalmente quando a idade determinou a renovação.
O Sillas Marques Serra professor de História foi outro exemplo de correção e eficiência ao longo da sua atuação de anos e anos, nos quadros do Estado no Colégio Bandeirantes, e na escola privada, no célebre Colégio Caxiense. A atuação do professor Sillas Marques Serra no setor educacional ganhou uma dimensão bem maior, histórica mesmo, quando, juntamente com o cônego Aderson Guimarães, um dos grandes lideres do catolicismo em Caxias, e intelectuais como o professor Antonio Medeiros, fundaram, na segunda metade dos anos 60, a Faculdade de Caxias, um braço da então Federação das Escolas Superiores do Maranhão (FESM) no Morro do Alecrim, criando assim um marco de ensino universitário no Maranhão. Sillas Marques foi o terceiro diretor geral da instituição, e nela permaneceu prestando serviços como administrador e professor até aposentar-se.
O Sillas Marques Serra cidadão caxiense por adoção, ativista e intelectual trabalhou muito pela vida da cidade. Foi durante muitos anos um ativista político, de atuação moderada, mas constante. Fundou e presidiram várias vezes o Rotary Clube, organização social por meio da qual realizou obras de assistência social. Foi um dos primeiros integrantes da Academia Caxiense de Letras. Finalmente, já com idade avançada, aceitou o cargo de Juiz de Paz, transformando-se num dos maiores “casamenteiros” da história recente de Caxias. Há alguns anos, após aposentar-se da direção da Igreja Presbiteriana e das atividades educacionais, Sillas Marques Serra atendeu a um imperativo de família e mudou-se para a vizinha Teresina, onde sua esposa, Anecy Calland Marques Serra, lecionava na Universidade Federal do Piauí. No entanto, durante vários anos, deslocou-se diariamente para Caxias, para cumprir suas tarefas de Juiz de Paz, só retornando à Capital do Piauí no final da tarde. A maratona só foi interrompida quando o peso dos mais de 80 anos falou mais alto.
Foi esse homem que emplacou sexta-feira 32.850 dias de vida plena, produtiva e honesta, cercado do carinho da esposa e companheira Anecy e dos filhos Silvane, Sillas Júnior, Franklin, Nimeth, Anecy, Lucy e Ruilane, genros, noras e netos e amigos mais próximos, que lhe desejaram mais tempo para alcançar, com justiça, uma virada de século. Que assim seja!
São Luís, 05 de Março de 2016.
Na verdade , o grupo Sarney , depois de ter se locupletado por vários anos do governo petista, está agindo ,agora, igual a ratos , que ao detectar os primeiros sinais de afundamento do navio, lançam-se ao mar , com proposito de salvar sua pele.
MAS. O POVO NÃO É BESTA , E ESTÁ DE OLHO NESSES POLÍTICOS AMIGOS DE OCASIÃO.