Flávio Dino rompe barreira política e desembarca em Brasília para cobrar conclusão da BR-135 ao ministro dos Transportes

 

dino e quintella
Dino expõe a Quintella a necessidade de conclusão da duplicação da BR-135

 O governador Flávio Dino (PCdoB) desembarcou ontem em Brasília disposto a mandar para o espaço o mito segundo o qual é impossível estabelecer relações institucionais e produtivas com um governo politicamente adversário. Ele foi do aeroporto direto para o gabinete do novo ministro dos Transportes, Portos e Aviação, Mauricio Quintella e sem perda de tempo expôs a situação da BR-135 no trecho Estreito dos Mosquito-Miranda do Norte, enfatizando a necessidade urgente de retornadas das obras de duplicação da rodovia no trecho que vai de Perizes a Bacabeira. A iniciativa de Flávio Dino surpreendeu a aliados e adversários, vista por uns como um movimento de ousadia política, por outros como uma tentativa de aproximação com o governo interino e, finalmente, avaliado por alguns como um passo sensato de um governante ciente de que o bem público não tem dono e que mesmo entre adversários há espaços para se construir soluções a favor do bem comum. No caso, a duplicação da BR-135 é uma necessidade tão grave e tão urgente que não cabe pudores políticos na busca da sua continuidade.

O governador do Maranhão sempre se movimentou politicamente deixando janelas abertas. O seu discurso em relação a esse tipo de situação é centrado num pragmatismo pé no chão, não deixando que a mediocridade funcione como obstáculo. Sua carreira até aqui tem sido marcada por lances dessa natureza, sem dar margem para que outras interpretações se imponham como verdades.

Quando disputou a Prefeitura de São Luís em 2008, Flávio Dino sofreu dura derrota para João Castelo (PSDB), mas ao invés de colocar o prefeito eleito na sua cota de inimigos, construiu com ele uma relação produtiva, que lhe valeu na disputa de 2010, quando por pouco não levou a disputa com Roseana Sarney (PMDB) para um segundo turno, tendo os tucanos como aliados, chegando ao final com chances concretas de vencer a disputa. Também naquele pleito foi pressionado para abrir mão para o ex-governador Jackson Lago (PDT), mas ciente de que o líder pedetista estava com a saúde comprometida e, apoiado por Castelo, cuja relação não desprezou, foi para a briga.

Em 2014, montado num favoritismo consolidado, segundo as pesquisas, levou a aliança com o PSDB para as ruas e nela incluiu a candidatura do tucano Aécio Neves a presidente da República. Mostrava com aquela aliança que em política não se fecha portas. E mesmo assistindo a Dilma Rousseff (PT) correr atrás do segundo mandato de braços dados com o Grupo Sarney, vendeu a candidatura da presidente como a de uma aliada. Realizou uma campanha inusitada, algo não visto na história política já escrita do Maranhão. Venceu no primeiro turno mantendo o respeito das duas correntes dominantes no país: a grande coalisão PT-PMDB liderada pela presidente Dilma, de quem se tornou o grande parceiro no momento mais crítico do governo dela; e a grande aliança liderada pelo PSDB. E alimentou essa relação sem hostilizar o PSDB, que faz parte do seu governo com o vice-governador Carlos Brandão, o deputado Neto Evangelista e com o apoio do deputado federal João Castelo.

O esforço institucional que fez ontem em Brasília junto ao ministro dos Transportes, Portos e Aviação é plenamente justificado. A BR-135, que representa a única ligação por terra entre a Ilha de São Luís e o resto do mundo, é uma rodovia estrangulada, que há muito não comporta o fluxo de veículos e se transformou numa estrada da morte. E sua duplicação é tão necessária e tão urgente que qualquer iniciativa política no sentido de garantir a sua conclusão é plenamente justificada, independentemente das cores políticas, partidárias e ideológicas que estiverem movimentando o cenário político. Depois das pancadas de decepção que sofreram de 2010 para cá, como o esqueleto da Refinaria Premium projetada para Bacabeira, os maranhenses têm bons motivos para lembrar que nesse caso o Maranhão é credor e não devedor, e isso credencia o governador para sentar até com o presidente Michel Temer e cobrar a complementação da obra.

O que está sendo reivindicado não é um projeto novo, ainda por ser avaliado e para o qual não há recursos definidos, mas uma obra velha, já iniciada, com prazos de conclusão empurrado várias vezes para a frente, num jogo injustificável. Daí ser negociada diretamente, para que sua conclusão seja rápida. E nada mais politicamente correto do que o próprio governador desembarcar em Brasília e reforçar o pleito.

PONTO & CONTRAPONTO

 José Reinaldo usa pragmatismo e causa polêmica I
jose reinaldo 2
José Reinaldo: pragmatismo

O deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB) volta a ser alvo de forte discussão nos bastidores da política por declarações que, para muitos, vão na contramão da sua situação política. E o tema mais uma vez foi o ex-presidente José Sarney. Numa entrevista a um programa na TV Difusora, o ex-governador disse não acreditar que por causa do fosso que o separa do governador Flávio Dino o ex-presidente fizesse alguma coisa para prejudicar o Maranhão. Foi o suficiente para que uma onda de comentários, muitos contendo duras e azedas críticas, circulasse numa ciranda de reações que lembrou o que foi dito a respeito da proposta do “Pacto pelo Maranhão” feita pelo ex-governador.

José Reinaldo usa pragmatismo e causa polêmica II

Tudo indica que há certa incompreensão em relação a algumas posições do ex-governador. Os críticos mais ácidos parecem não perceber que na política há, sim, espaço para todo tipo e grau de relação. Político pragmático, como o é o governador Flávio Dino e o próprio José Sarney, José Reinaldo acha possível reunir as diferentes forças políticas do estado em torno de uma pauta de projetos essenciais, sem que nenhuma das partes abra mão das suas posições. Quando diz que é possível juntar as duas maiores forças políticas em torno de um programa rodoviário para o Maranhão, o ex-governador sabe exatamente o que está propondo. Isso porque quem conhece sabe que o ex-governador não pensa reatar com o ex-presidente, como também não manifesta interesse algum em hostilizá-lo. Daí ser prudente prestar bastante atenção às proposta ao ex-governador.

 

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Ribamar Corrêa

 

 

São 17 de Maio de 2016.

 

 

 

 

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