O governador Flávio Dino (PCdoB) começou 2018 como terminou 2017: o protagonista do cenário político e da disputa pelo poder no Maranhão. Essa posição foi reforçada por uma informação divulgada no dia 2 pelo portal G1, o braço virtual do sistema Globo: o governador do Maranhão ocupa o 1º lugar entre todos os governadores brasileiros no cumprimento de 92% das suas promessas de campanha – ver mais na seção Ponto & Contraponto. A posição política e administrativa do governante maranhense ficou bem definida nas entrevistas-balanço que ele concedeu ao longo do mês de dezembro a diversos meios de comunicação, incluindo o jornal Folha de S. Paulo e o Jornal Pequeno. Em todas as elas, o governador Flávio Dino foi demonstrou serenidade, equilíbrio e firmeza e coerência na abordagem dos temas que dominaram todas as conversas com a imprensa – política partidária, eleições locais e nacionais, economia e resultados de Governo –, não deixando qualquer margem de dúvida sobre suas afirmações e informações. O bate-rebate mais abrangente foi travado com a equipe do JP, liderada pelo editor-chefe Lourival Bogéa. E sua frase mais contundente – apesar da aparente suavidade – foi na resposta que deu ao ser indagado sobre como acha que será a eleição tendo a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) como candidata:
– Acho que será uma eleição mais emocionante. Eu gosto de fortes emoções. Alguém que torce pelo Botafogo tem que gostar de emoções fortes… Acho que é uma eleição mais (…) nítida, muita clara, muito fácil de fazer o contraste. Então, será uma eleição saborosa, eu diria.
O tom dessa resposta – na qual se podem identificar vários vieses, mas nenhuma agressividade reprovável – dominou toda a entrevista ao JP, durante a qual Flávio Dino se mostrou um chefe de Estado e de Governo tranquilo, seguro do que está fazendo, e com nítida aparência de quem está em paz com a sua consciência como gestor. Mostrou-o também com os pés firmes no chão no que diz respeito ao político que se prepara para a guerra em busca da reeleição, portanto, no pleno controle da situação. Nesse aspecto, o seu estado de ânimo é o oposto do que vêm demonstrando seus adversários já assumidos, a começar pela ex-governadora Roseana Sarney, que alinhava um discurso destinado a minimizar os méritos de Flávio Dino como gestor, insistindo na tese segundo a qual as grandes obras do atual Governo foram planejadas e iniciadas no Governo anterior. Bem avaliado em todas as pesquisas e líder nos levantamentos sobre intenção de voto, o governador vem resistindo bem aos esforços de vozes do Grupo Sarney e do senador Roberto Rocha (PSDB) – que tem sido duro nas críticas ao Governo – de apresentá-lo como “incompetente”, “perseguidor”, e por aí vai.
Na entrevista ao JP – concedida antes da avaliação publicada pelo G1 -, o governador Flávio Dino quebrou o silêncio em relação à postura oposicionista do senador Roberto Rocha, mas se limitou a afirmar, categoricamente, que não sabe por que o então aliado rompeu a aliança política que os ligava: “Realmente não sei te explicar, porque a gente era aliado político, não éramos amigos, também não éramos inimigos, mas ele, de repente, começou a me tratar como inimigo, do nada”. E foi enfático ao afirmar que nada aconteceu para que Roberto Rocha se tornasse seu adversário. A resposta do governador não resolverá esse mistério, já que também o senador até aqui não ofereceu uma versão factual convincente para o rompimento.
Valorizada pelo fato de que não foi uma “conversa de compadres”, a entrevista ao JP levou o governador Flávio Dino a colocar em pratos limpos sua relação com o PT e o ex-presidente Lula da Silva. Contrariando críticos e adversários políticos, defende enfaticamente o direito de o ex-presidente Lula ser candidato a presidente, avaliou que não será fácil se a condenação foi confirmada – a decisão sobre o recurso contra a condenação a nove anos de cadeia sairá no dia 24 -, e sugere que o ex-presidente deve queimar até o último recurso. E foi além ao esclarecer sua relação com o líder petista, e o fez com uma franqueza que outro político dificilmente usaria para tratar de assunto juridicamente tão controverso e politicamente tão delicado: “Tenho conversado com o ex-presidente Lula. Não me considero amigo pessoal dele. Porque amigo pra mim é uma coisa bem singular: amigo é quem vai na casa da gente, a gente visita na casa dele. O presidente Lula é para mim, hoje, um aliado político, como eu sou do PT, em termos estaduais. Agora, o que Lula vai fazer em 2018 realmente eu não faço a menor ideia”.
Nas respostas dadas à equipe do JP, Flávio Dino mostrou-se um governante e líder político absolutamente seguro das posições que defende, e consciente de que será o alvo principal dos seus concorrentes ao Palácio dos Leões, mas certo também de que será osso duro de roer e que pode reunir munição para disparar contra-ataques política e eleitoralmente letais. A informação do G1 dando conta de que ele é o primeiro em cumprimento de promessas, com 92%, é um diferencial que vai pesar nesse embate.
PONTO & CONTRAPONTO
Levantamento do G1 coloca Dino como o governante mais eficiente do País
O levantamento do portal G1 com todos os Estados mostra que governador Flávio Dino é o campeão em cumprimento de compromissos de campanha. Segundo o G1, que pertence ao Grupo Globo, faltando um ano para o encerramento do seu mandato, Flávio Dino já cumpriu integralmente ou está cumprindo 92% dos compromissos assumidos com o eleitorado em 2014.
Ao completar o primeiro ano de gestão, em 2015, Flávio Dino havia cumprido integralmente 12 compromissos, e dez estavam em andamento. Em 2016, foram 15 cumpridos integralmente e 14 em andamento. Agora, ao fim de 2017, foram 22 cumpridos integralmente e 12 estão em andamento.
Do total de 37 compromissos assumidos com o eleitorado na campanha eleitoral, portanto, o governador do Maranhão já cumpriu ou está cumprindo 34, de acordo com o levantamento do G1, o que equivale a 92% dos compromissos honrados em três anos.
Entre eles, está implementar o Bolsa Escola, aumentar a rede de ensino em tempo integral, reformar e recuperar as escolas do Estado, aumentar o número de médicos no Maranhão, aumentar o número de policiais, dar utilidade social à Casa de Veraneio do governador com a instalação da Casa de Apoio Ninar e criar a Secretaria de Transparência e Controle.
Cálculo feito pelo G1 mostrou que o percentual alcançado pelo governador Flávio Dino está bem acima da média nacional, que é de 60%. Os Governos que mais se aproximam do Maranhão são os de Rondônia (85%), Goiás (82%), Ceará (80%) e São Paulo (75%).
Negado por Sarney, veto a Pedro Fernandes pode causar o desfecho de um tiro no pé
Se pretendeu fragilizar o poder de fogo político e eleitoral do governador Flávio Dino impedindo que o deputado federal Pedro Fernandes (PTB) assumisse o Ministério do Trabalho e Emprego e, no cargo, atuasse para fortalecer o líder do PCdoB, o ex-presidente José Sarney (MDB) pode ter cometido um monumental erro de cálculo. Certamente concebida para ser discreta, sem ecos para o público, como é o estilo da velha e tarimbada raposa, a operação para inviabilizar a nomeação do parlamentar petebista ganhou uma dimensão muito maior do que o ex-presidente esperava. E ganhou forma de peso incômodo quando, após Pedro Fernando contar para o Brasil inteiro que foi vetado por ele, José Sarney veio a público negar, com um discurso enfático, mas pouco convincente, o seu envolvimento direto no episódio, que também tirou mais uma lasca da já combalida credibilidade do presidente Michel Temer (MDB). Isso porque ninguém acreditou na sua versão. Todas as notas, reportagens e comentários feitos nos mais diversos canais de informação do País – jornais, TVs, rádios, portais e blogs – bateram forte na mesma tecla: Pedro Fernandes foi vetado por José Sarney, por causa do governador Flávio Dino. Ontem, o Jornal Nacional colocou uma pá de cal na versão do ex-presidente da República ao abrir sua edição com o apresentador afirmando, enfática e categoricamente, que José Sarney vetou Pedro Fernandes por causa de Flpavio Dino, não deixando mais qualquer margem de dúvida sobre essa versão. E a conclusão dominante é a de que o ex-presidente tem a exata noção do poder de fogo do governador e vai fazer o que estiver ao seu alcance, mesmo prejudicando um político do quilate do deputado federal Pedro Fernandes, que já foi seu aliado por muitos anos, e que mesmo na Oposição, sempre o tratou com muito respeito. O assunto será certamente tratado durante a campanha eleitoral, e é fácil antever que o bônus político e eleitoral será dividido entre o deputado e o governador.
São Luís, 3 de Janeiro de 2018.
Com relação à matéria “…tiro no pé”, não vi a habitual fundamentação que contém as suas análises- e que nos faz sentir um certo ar de imparcialidade e lhe confere a credibilidade que tens.
Enquanto “queridinho” da então PresidentA e irmão do então Sub-Procurador, o Governador se utilizou de todos os tentáculos reais e invisíveis que o Governo tem (Estadual e Federal) pra tentar oprimir seus adversários – mesmo que isso representasse o enfraquecimento da representatividade politica do Estado ; agora quando não recebe um “sim” do Governo Federal é este “tsunami”? ?
Da Politica, existe um jogo de poder, que já dizia Sun Tzu: o resultado da batalha dependerá da composição dos exércitos. Seria inocência de Michel Temer nomear um adversário declarado.