Os cenários políticos que estão sendo rascunhados no País e no Maranhão e podem ganhar forma na grande intensa e decisiva disputa eleitoral do ano vêm causando mudanças partidárias até pouco tempo improváveis. Nesse campo, que há pouco foi sacudido pela surpreendente e inesperada migração do vice-governador e candidato a candidato a governador Carlos Brandão do Republicanos para o PSDB, não será surpresa se daqui a algumas semanas o mundo político vier a ser assanhado com uma mudança partidária muito mais importante e explosiva, a do governador Flávio Dino. Até agora assunto de especulações e motivo de manifestações de lideranças partidárias interessadas no passe do governador, a migração partidária dele parece estar se tornando possível. Isso quer dizer que, por maior que sejam o seu envolvimento e a sua lealdade para com o PCdoB, do qual é hoje o quadro mais destacado, Flávio Dino encontra-se, de fato, avaliando a possibilidade de mudar de partido. E deve bater o martelo até Setembro, como manda a legislação, que exige pelo menos um ano de filiação partidária a quem quiser disputar voto. Ele é pré-candidato ao Senado.
Deixar o PCdoB não é fácil para Flávio Dino, como também não é simples definir um novo rumo partidário. O governador nasceu político nas fileiras do PT, mas mantendo relações próximas com o PCdoB desde a sua militância no Movimento Estudantil. Foi pela legenda comunista que disputou todas as eleições das quais participou até aqui, colhendo amargando insucessos e colhendo vitórias. Nesse período, vem trabalhando duro para fortalecer o partido no Maranhão e fora dele, preocupado com a sua transformação em “sigla fantasma” se não eleger deputados federais suficientes para vencer a draconiana cláusula de barreira. No momento, todas as avaliações indicam que o PCdoB dificilmente sobreviverá às eleições do ano que vem. A importância de Flávio Dino hoje para o PCdoB é tamanha, que já lhe fizeram até apelos para que se candidate a deputado federal, e assim “puxar” candidatos do partido, facilitando suas eleições.
Por outro lado, sua permanência no PCdoB trava-lhe a própria caminhada como um líder importante falando por um partido rico em tradição, mas sem força política e eleitoral. Torna-se cada vez mais complicado para o governador avançar no seu discurso como expoente de uma esquerda moderna, democrática, tendo como emblemas a foice e o martelo, que hoje representam o que há de mais conservador na seara ideológica. O pensamento político de Flávio Dino se encaixa exatamente numa sociedade aberta, com espaço para todas as vertentes, num ambiente civilizado de tal modo que possa comportar alianças reunindo centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda democrática, como a que ele construiu no Maranhão.
O político Flávio Dino, com a importância que alcançou, poderia tranquilamente se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), uma agremiação que vem sabendo se conduzir na confusa realidade partidária nacional, sem abrir mão de princípios de natureza socialista. Ou no Partido Democrático Trabalhista (PDT), onde poderia contribuir decisivamente para recolocar a agremiação nos trilhos imaginados por Leonel Brizola, Neiva Moreira e Jackson Lago no célebre encontro de Lisboa, no início dos anos 80 do século passado. Dos dois, não há dúvida de que o caminho mais adequado no momento seja o PSB, cujas lideranças têm feito acenos e mais acenos na sua direção, oferecendo-lhe até mesmo a vaga de candidato a presidente da República, ou a de vice numa composição com o PT, por exemplo.
Como é possível observar, o governador do Maranhão, que vem ganhando reconhecimento nacional como gestor – com destaque para o desempenho do seu Governo contra o novo coronavírus – e como articulador político de ponta, encontra-se entre a cruz e a espada, avaliando as opções, para tomar uma decisão em breve. Poderá também surpreender decidindo permanecer no PCdoB, determinado a fazer o que estiver ao seu alcance para salvar o partido da inclemência da cláusula de barreira, e modernizá-lo. De preferência como senador da República, onde, é possível prever, terá um desempenho superlativo, como tem sido sua trajetória política até aqui.
PONTO & CONTRAPONTO
Reportagem da Folha repetiu tudo o que já fora dito sobre cenário político do Maranhão
O jornal Folha de S. Paulo publicou neste Sábado (08), extensa reportagem sobre o cenário político do Maranhão. Na verdade, reproduziu, com a maquiagem adequada, tudo o que fora dito na imprensa maranhense – incluindo esta Coluna – sobre as posições do governador Flávio Dino na agitada corrida sucessória estadual e no movimentado tabuleiro da política nacional.
Tratou das investidas do ex-presidente Lula da Silva para fisgar o apoio do governador Flávio Dino, do ex-presidente José Sarney (MDB) e do senador Weverton Rocha (PDT) ao seu projeto de levar o PT novamente ao poder central. E especulou, de maneira eficiente, sobre a corrida sucessória estadual entre o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e o senador Weverton Rocha.
Sobre Carlos Brandão, chutou afirmando que “alguns” membros da cúpula nacional do PT lhe fariam restrições por haver ele se filiado ao PSDB. O chute foi para o espaço quando o deputado estadual petista Zé Inácio, que é do grupo mais próximo de Lula da Silva, disse que não haverá qualquer problema se declarar apoio ao ex-presidente, o que é lógico. Já em relação a Weverton Rocha, insinuou que se o encontro do senador com Lula da Silva tiver desdobramentos, Ciro Gomes, pré-candidato presidencial pedetista, poderá reagir duro. Afinal, é óbvio ululante que Lula tenta atrair Weverton Rocha para minar a candidatura de Ciro Gomes.
A reportagem da Folha mostrou com precisão a posição, os movimentos e as intenções do governador Flávio Dino nesse cenário. Mas nada além do que já havia sido publicado.
Prefeitos reeleitos de cidades importantes podem tentar vagas na Câmara Federal
As especulações sobre quem será quem nas eleições proporcionais do ano que vem estão correndo soltas. Pelo menos três prefeitos de grandes cidades estariam se preparando para disputar cadeiras na Câmara Federal. Um deles seria o delegado de Polícia Assis Ramos (DEM), reeleito para comandar Imperatriz por mais quatro anos, que estaria avaliando seriamente a possibilidade de passara bola para o vice e tentar se mudar para Brasília em Janeiro de 2023. Outro seria o atual prefeito reeleito de Balsas, o médico Eric Silva (PDT), que estaria avaliando se valeria a pena deixar o comando daquele município para arriscar um mandato federal. Fala-se ainda no prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), que estaria precisando mudar de ares por causa de perdas familiares e para cuidar da própria saúde. Como foi dito no início, são especulações.
São Luís, 09 de Maio de 2021.