Depois de um período de indefinições, incertezas e especulações, os movimentos da semana passada indicaram que a corrida sucessória no Maranhão começa a ganhar corpo com a definição do que há de consistente no quadro de candidaturas ao Palácio dos Leões. Além do governador Flávio Dino (PCdoB), que vem cumprindo abertamente a sua agenda de candidato à reeleição, estão confirmados no páreo governamental o senador Roberto Rocha (PSDB), a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), a ex-prefeita de Lago da Pedra Maura Jorge (Podemos), Ricardo Murad (PRP) e Odivio Neto (PSOL) e o deputado Eduardo Braide (PMN), ainda na condição de candidato. No campo da especulação estão Cláudia Durans (PSTU), José Ribamar Monteiro (PSL) e Jadson Monteiro (DEM). São no total 10 pretendentes, sendo cinco em condições políticas e partidárias de participar da disputa, um mergulhado na incerteza, e quatro que não têm qualquer traço de viabilidade eleitoral, mas que podem, se quiserem e seus partidos permitirem, fazer zoada nos segundos que terão à sua disposição no rádio e na TV.
O governador Flávio Dino já está imprimindo o ritmo de maratona no seu roteiro que elaborou para a pré-campanha – em curso a todo vapor -, e para a campanha oficial, que será deflagrada no dia 15 de Agosto. O faz porque até aqui é o único que já tem chapa completa, com vice (Carlos Brasil – PRB), e ao Senado com os deputados federais Eliziane Gama (PPS) e Weverton Rocha (PDT). Com disposição surpreendente, o governador vem conseguindo conciliar as tarefas de chefe do Governo e de Estado, os movimentos de líder político – que o levam a todo o País – e os atos da pré-campanha. Vem enfrentando um intenso bombardeio por parte da Oposição sarneysista, devolvendo todos os ataques no mesmo tom, mas sem perder o prumo. Até aqui, as pesquisas o têm apontado como líder isolado na preferência do eleitorado, indicando que poderá vencer a eleição até mesmo em turno único. Os poucos mais de 150 dias que faltam para a corrida às urnas serão decisivos para que essa posição seja mantida, apesar do bombardeio que vem sofrendo no aparato midiático do Grupo Sarney. Na avaliação de muitos observadores, incluídos aí alguns posicionados na Oposição, Flávio Dino é um adversário difícil de ser batido nas urnas ou abatido no tapetão.
Cabeça de chapa definido do PSDB e em quarto lugar na preferência do eleitorado, agora com o aval integral do ninho maranhense e da cúpula nacional dos tucanos, o senador Roberto Rocha começa a se apresentar efetivamente como candidato a governador que vai para a campanha também com a tarefa de levar a candidatura presidencial do tucano Geraldo Alckmin aos mais longínquos rincões do estado. No momento, Roberto Rocha está situado em terceiro lugar entre os candidatos, segundo os levantamentos sobre as preferências do eleitorado. O tucano já definiu chapa “pura” de candidatos ao Senado com o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares e o deputado estadual Alexandre Almeida, ambos do PSDB. E no momento encontra-se mergulhado em articulações para formar uma base política e partidária, ao mesmo tempo em que examina nomes para escolher o seu candidato a vice-governador. Rompido com o governador Flávio Dino, de quem foi aliado de primeira linha, seus movimentos indicam que, em caso de aliança, o seu caminho natural será o Grupo Sarney, podendo, remotamente, fazer também trajetória inversa. O candidato tucano está à procura de um vice que reforce o seu lastro eleitoral.
A ex-governadora Roseana Sarney, que é nome isolado em segundo lugar, vem tocando sua candidatura com movimentos de maré, ora afirmativa e decidida e ora agitando o mundo político com sinais de incerteza, estimulando a disseminação de dúvidas a respeito do seu projeto eleitoral. Na última sexta-feira, diante de uma notícia falsa dando conta da sua eventual desistência, ela retornou ao epicentro do cenário da disputa para reclamar da “fake news” e reafirmar que é candidata. Com a sua chapa de candidatos ao Senado definida – Sarney Filho (PV) e Edison Lobão (MDB) -, Roseana Sarney aguarda definições do MDB a respeito de candidatura presidencial que, na avaliação de observadores, é fundamental para dar à sua candidatura um perfil acabado em matéria de competitividade. Ao contrário do governador Flávio Dino, Roseana Sarney ainda não tem companheiro de chapa. Está guardando a vaga para negociar mais à frente.
A corrida ao Palácio dos Leões guarda ainda uma grande incógnita: o deputado Carlos Braide (PMN). Saído da disputa pela Prefeitura de São Luís com um cacife surpreendentemente gordo, o ex-líder do Governo e atual adversário ferrenho do governador Flávio Dino, Eduardo Braide não afirma nem nega enfaticamente que seja candidato irreversível ao Governo do Estado. Indagado, diz que quer ser candidato, mas tergiversa observando que uma candidatura a governador não pode ser um projeto individual, mas uma “construção coletiva”. Ou seja, não quer entrar no jogo como um aventureiro, mas lastreado por uma grade partidária sólida e um suporte político consistente, o que a essas alturas do campeonato só será possível se algum dos candidatos mais fortes jogar a toalha a seu favor, o que, em princípio, dificilmente acontecerá.
Maura Jorge é também uma incógnita, mesmo depois de haver se tornado o braço do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), situação que abre caminho para especuladores sugerirem que ela está mesmo de olho e na vaga de vice de Roseana Sarney.
O ex-deputado Ricardo Murad se lançou, em março, candidato a governador pelo PRP, mas até agora vem se dedicando exclusivamente a armar bombas contra o governador Flávio Dino. Na semana que passou, lançou o radialista Geraldo Castro, âncora da Rádio Mirante AM, para uma das vagas de senador, mas sem emitir sinais fortes de que sua candidatura seja um projeto para valer. Já o professor Odívio Neto está seguro como candidato do PSOL, que já está se movimentando para definir o vice e os candidatos ao Senado. Claudia Durans certamente sairá candidata a governadora pelo PSTU. Jadson Gonçalves está fora da disputa, já que não terá o apoio do seu partido, o DEM, que está inteiramente alinhado ao governador Flávio Dino.
PONTO & CONTRAPONTO
Duarte Jr. se lança candidato a deputado estadual com o ânimo de quem quer ir mais longe
“Hoje nasceu um político de futuro”. A frase foi pronunciada por um advogado que presenciou o lançamento da candidatura do colega dele, Duarte Jr., à Assembleia Legislativa pelo PCdoB, na manhã de sábado, no Hotel Rio Poty. A impressão do observador foi causada pelo tamanho do evento, pelo desempenho do candidato a candidato, e pelo prestígio que mostrou levando ao ato ninguém menos que o governador Flávio Dino (PCdoB), o presidente do partido, jornalista Márcio Jerry – que é candidato a deputado federal –, e pelos dois candidatos ao Senado pela aliança dinista, os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS). Cerca de mil pessoas entusiasmadas ocuparam o grande salão de eventos do hotel para demonstrar que se estão envolvidas firmemente na campanha do dono da festa política.
Integrante da geração de advogados que começa a se firmar nos tribunais e no cenário político, Duarte Jr. desembarca no mundo da política como um furacão resultante de três fatores muito claros: um desempenho excepcional à frente do Procon – que depois ganhou peso como Procon/Viva Cidadão -, pelo uso intenso e inteligente das redes sociais, e pela defesa, às vezes até passional, do Governo Flávio Dino. Tudo isso o tornou um homem público muito visado e, por isso mesmo, elogiado e criticado com intensidade dentro e fora das redes sociais.
O fato é que Duarte Jr., com forte dose de carisma e um posicionamento muito claro, se transformou num político integral, como há tempos não surgia no cenário político do Maranhão, particularmente em São Luís. Sua candidatura é o resultado de uma escolha de vida, baseada na experiência de advogado militante e professor de Direito que viveu nos últimos dois anos e meio como gestor público. Ele descobriu que cuidar da coisa pública é uma atividade atraente, mas descobriu também que pode ir mais longe navegando no universo da política, enfrentando desafios e dissabores, mas também acumulando vitórias e ocupando espaços de maneira politicamente republicana.
Duarte Jr. ingressa na política com o pé direito, embalado pela saudável ousadia que o move. Chega nessa seara ao mesmo tempo delicada e complicada com o ânimo com que assumiu a direção do Procom, com a saída de Felipe Camarão, um craque em gestão pública, para em pouco tempo sacudir o universo comercial atuando como uma espécie de xerife em defesa do consumidor. Seu desempenho à frente do Procon foi tão produtivo que o governador Flávio Dino não pensou duas vezes e entregou-lhe também o Viva Cidadão, tornando-o um dos membros de maior peso na sua equipe do Governo.
O ato de sábado foi o desfecho desse ciclo e a abertura de um novo, que será sua corrida para conquistar o eleitorado e, se for o caso, desembarcar na Assembleia Legislativa com a estatura de quem emite claros sinais de o Plenário Gervásio Santos é a primeira parada de quem pretende chegar bem mais longe.
Disputa feminina por vaga na Assembleia deve ser intensa nestas eleições
Engana-se quem pensa que a saída da deputada Graça Paz (PSDB), que abriu mão de concorrer à reeleição em favor da candidatura do filho, e da deputada Andrea Murad (PRP), que deve caminhar para ser candidata à Câmara Federal, as outras três mulheres que integram a Assembleia Legislativa – deputadas Valéria Macedo (PDT), Ana do Gás (PCdoB) e Francisca Primo (PCdoB) não enfrentarão forte concorrência feminina. Estão em campanha aberta e forte, por exemplo, a ex-deputada Cleide Coutinho (PDT), que vem embalando sua candidatura como herdeira política do ex-deputado Humberto Coutinho na região polarizada por Caxias, e a nutricionista Daniela Tema (DEM), que é forte em Tuntum e na Região Central do Maranhão. Outras candidaturas femininas estão a caminho, indicando que a disputa nesse gênero será intensa e surpreendente. É aguardar.
São Luís, 29 de Abril de 2018.