Desde a posse de José Sarney como presidente da República em 1985, o Maranhão não ocupava um espaço tão expressivo no cenário político nacional como agora. Houve momentos de altos – como o ensaio de candidatura presidencial da então governadora Roseana Sarney em 2002 e o lançamento do projeto da Refinaria Premium I em 2010 – e baixos – como a invasão da empresa Lunus em 2002, que brecou o voo presidencial de Roseana Sarney, e o desmanche cruel e implacável do projeto da Refinaria Premium I. Houve fatos intermediários, como a histórica vitória eleitoral de Jackson Lago em 2006 e sua cassação em 2009, por exemplo, mas nenhum fato, episódio ou movimento recente da política maranhense ganhou a dimensão da eleição e do desempenho político do governador Flávio Dino (PCdoB), que cresce a cada dia no plano nacional com a consistência dos que sabem o que dizem e onde pisam. No momento, enquanto a maioria absoluta dos políticos de peso encontra-se visivelmente intimidada, na moita, o governador do Maranhão assume um protagonismo sem paralelo nos últimos tempos, como um dos líderes mais acreditados da esquerda e uma das vozes mais centradas do contraponto à chegada da direita radical ao poder com a eleição de Jair Bolsonaro para chefiar a Nação.
Do alto de uma trajetória construída na militância intensa, na qual não há registro de recuo, vacilo ou oportunismo barato, o governador do Maranhão vem fazendo uma série de alertas contundentes para o risco de o Brasil ser tirado da sua caminhada como uma república democrática e redirecionado para a rota primária de autoritarismo. Na última semana, em meio ao desfecho barulhento da eleição presidencial, Flávio Dino entrou no primeiro plano da política brasileira ao externar suas preocupações com as limitações e as “convicções” do presidente eleito, e com a suspeita de que o juiz federal Sérgio Moro atuou politicamente na Operação Lava-Jato.
Nas suas manifestações pós-eleições, Flávio Dino manteve inalteradas suas preocupações quanto à capacidade técnica e política do presidente eleito Jair Bolsonaro para comandar o Brasil nesse momento, prevendo que 2019 será um ano dramático, exatamente porque as demandas virão com força e é improvável que o Governo Bolsonaro tenha condições de dar as respostas adequadas. Em relação à escolha do juiz Sérgio Moro para o superministério da Justiça que está sendo montado com as fusões de áreas do Governo, foi com serenidade e firmeza que o governador do Maranhão criticou duramente o chefe da Operação Lava-Jato, vendo na sua decisão de aceitar o convite a revelação de uma articulação que ligou a prisão do ex-presidente Lula da Silva (PT) ao projeto de Jair Bolsonaro de chegar ao poder. E que tem como segunda fase a candidatura do próprio Sérgio Moro na sucessão do presidente eleito.
– Eles estavam militando no mesmo projeto político: o da extrema-direita. O grave problema é esconder interesses eleitorais por baixo da toga. Não há caso similar no Direito no mundo inteiro – disparou Flávio Dino no Twitter. Para o governador, a escolha de Moro é a “comprovação de interesses eleitorais na Lava-Jato, além de comprometê-la quanto ao já feito, infelizmente vai gerar suspeitas com relação a casos similares no futuro. Não é apenas Sérgio Moro que perde credibilidade”.
Claro está que as relações do Governo Flávio Dino com o Governo Bolsonaro não serão normais. Conhecedor das regras institucionais e dos direitos dos estados no contexto da Federação, o governador tem perfeita noção dos limites de eventuais retaliações. Nesse contexto, ele se movimenta como quem está muito seguro da sua postura política e do seu papel como referência para os segmentos de Oposição que, na sua visão, devem se articular numa ou em várias frentes. E o objetivo central dessa articulação é contrapor-se a eventuais arroubos autoritários do Governo Bolsonaro.
O protagonismo assumido pelo governador do Maranhão dá-se exatamente no momento em que o ex-presidente José Sarney, por exemplo, mesmo diante da cipoada verbal com que o presidente eleito alvejou o ex-ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, acusando-o – tudo indica injustamente – de ter vendido um pedaço da Amazônia para OGNs estrangeiras, assume uma postura cuidadosa, sem qualquer sinal de quem em algum momento adotará uma postura crítica ao futuro Governo. E se e postura do governador do Maranhão o credencia a tentar voos mais altos, nada mais natural, a começar pelo fato de que faz um jogo aberto e direto, e bem fundamentado, mas também correndo riscos políticos, como mandam as regras da democracia.
PONTO & CONTRAPONTO
Carlos Brandão ganha peso político e terá papel decisivo na sucessão de Flávio Dino
Citado em todas as conversas que tratam da sucessão do governador Flávio Dino em 2022, o vice-governador Carlos Brandão (PRB) se mantém na mais absoluta discrição, contrariando obstinadamente a tese segundo a qual o papel de vice é conspirar contra o titular. Nas conversas que correm nos bastidores do Governo e da Oposição e nas rodas formadas por políticos e jornalistas, Carlos Brandão vem ganhando, com a reeleição, um peso diferenciado, à medida que poderá seguir três caminhos. O primeiro será assumir o Governo com a renúncia do governador para disputar uma cadeira no Senado, ser candidato a vice-presidente ou até mesmo candidatar-se a presidente. O segundo será a sua eventual nomeação para o Tribunal de Contas do Estado, abrindo caminho para que o mandato do atual governador seja fechado pelo presidente da Assembleia Legislativa. E o terceiro, e menos provável, será deixar o cargo para candidatar-se a uma vaga na Câmara Federal. Discreto, exatamente por saber que terá participação decisiva na sucessão de Flávio Dino, Carlos Brandão sabe que não pode cometer erros e por isso se mantém distante dos burburinhos e das armadilhas, evitando qualquer tentação que possa criar embaraço para ele e para o governador. E se prepara para cumprir as tarefas de representação que são dadas com frequência pelo governador. A partir de Janeiro, o vice-governador Carlos Brandão voará com frequência para Brasília para representar o Governo do Maranhão, sempre que o titular julgar que deva escalá-lo para representar o Governo do Maranhão em eventos com o presidente da República ou com o ministro da Justiça. Carlos Brandão sabe que em janeiro iniciará uma caminhada decisiva para o seu futuro.
Eduardo Braide e Duarte Jr. poderão fazer a grande disputa para prefeito de São Luís em 2020
Não se discute que o caminhão de votos que recebeu em São Luís como candidato a deputado federal credenciou o deputado Eduardo Braide (PMN) a disputar a Prefeitura da Capital em 2020. Mas ninguém discorda, porém, que ao receber mais de 40 mil votos na Capital para deputado estadual deu a Duarte Jr. (PCdoB) cacife equivalente para entrar na briga pelo Palácio de la Ravardière. Se o prestígio dos dois se mantiver nos próximos 24 meses, a disputa pelo comando político e administrativo de São Luís será um confronto de “bons de voto”, como não se vê há tempos. Se Duarte Jr. for escalado pelo governador Flávio Dino para a sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), ele entrará no embate com potencial turbinado pelo apoio do pedetista, podendo converter esse ativo em votos. Já Eduardo Braide terá de se agigantar para consolidar a liderança mostrada aqui até e que está ameaçada. Nesse caso, Eduardo Braide poderá saltar a escala municipal e preparar-se de vez para disputar o Governo do Estado em 2022. Isso porque, calculista competente como é, Braide sabe que não poderá tropeçar em erros. Será, como se vê, uma peleja eleitoral e tanto.
São Luís, 04 de Novembro de 2018.
Dois grandes candidatos para a disputa da prefeitura de 2020
Na campanha de 2020 haverá grandes nomes para concorrer a prefeitura de São Luis e entre esses dois citados,existe outro personagem que vem mudando e elevando a nossa educação e melhorando os índices educacionais a nível nacional do nosso estado que é o Felipe Camarão. Isso mostra aos ludovicense uma grande gama de opções novas que teremos futuramente.