Factóide ou não, proposta de lançar Dilma ao Senado pelo Maranhão agitou o cenário político estadual

 

Dilma Rousseff é sugerida por Márcio Jardim para fazer dobradinha com Weverton Rocha
Dilma Rousseff é sugerida por Márcio Jardim para fazer dobradinha com Weverton Rocha na corrida ao Senado

A explosiva tweetada do secretário de Estados dos Esportes e Juventude, Márcio Jardim sugerindo que a candidatura da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado pelo Maranhão sacudiu o meio político, mas também revelou que o Palácio dos Leões ainda não bateu martelo a respeito de quem será o candidato do movimento liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) à segunda vaga de senador. A “sugestão” de Márcio Jardim pode ser interpretada por diferentes vieses, mas o que importa mesmo é saber se ele jogou seu “coquetel molotov” num movimento pessoal, do tipo “E se colar?”, ou se foi acionado para jogar a isca e estudar a reação. A iniciativa política do secretário dos Esportes e Juventude acontece exatamente no momento em que o meio político e o eleitorado mais esclarecido e interessado aguardam a decisão do governador Flávio Dino sobre quem comporá a chapa governista junto com o deputado federal Weverton Rocha (PDT), cuja candidatura parece já ter ganhado a condição de fato consumado. É sabido que o governador está sob pressão para definir o nome, mas vem usando a cautela e o desenrolar dos fatos políticos para chegar a uma solução que seja eleitoralmente viável, consciente de que nesse jogo não há lugar para aventuras nem amadorismo.

Militante de tempo integral saído do Movimento estudantil e com trajetória marcada por um discurso duro e agressivo contra adversários, mas com a autoridade de haver liderado, junto com o secretário Francisco Gonçalves (Direitos Humanos), a banda do PT que não aceitou compor com o Grupo Sarney e fechou com Jackson Lago e com Flávio Dino, Márcio Jardim tem clara noção da complexidade da situação que envolve o governador Flávio Dino e projeto de poder que ele lidera. Daí ser no mínimo surpreendente que tenha sugerido a candidatura da ex-presidente Dilma Rousseff sem qualquer sinal de anuência do governador, sobre quem pesa a responsabilidade de escolher e embalar o segundo candidato da aliança.

Trata-se de um projeto arrojado, que de cara será comparado ao que elegeu, de maneira traumática, magnata da imprensa Assis Chateaubriand e que em nada beneficiou o Maranhão. Mas essa comparação poderia ser compensada coo fato de o ex-presidente José Sarney (PMDB) teria do politica e eleitoralmente para o Amapá, por onde exerceu dois mandatos.

Se candidata ao Senado pelo Maranhão, Dilma Rousseff entraria com alguns argumentos de peso: venceu as duas eleições presidenciais no estado com larga vantagem, aumentou expressivamente o programa Bolsa Família, tendo também incrementado outros programas – “Minha Casa, Minha Vida”, por exemplo –  no Maranhão. Vale destacar que ela foi parceira de primeira linha dos governos de Roseana Sarney (PMDB) e vinha acertando o passo com o governador Flávio Dino, que assumiu publica e enfaticamente a sua defesa, correndo todos os riscos de ter seu prestígio arrastado na derrocada da líder petista com o processo de impeachment. Por outro lado, Dilma Rousseff poderia sofrer a rejeição por ser “estrangeira”, com pouca ou quase nenhuma afinidade cultural e política com o estado, o que obrigaria a fazer uma campanha de jogo aberto, explicando que sua candidatura não seria exatamente uma declaração de amor pelo Maranhão, mas uma conveniência política justificável pelo quadro político nacional.

O projeto poderia também ser comparado ao que elegeu, de maneira traumática, magnata da imprensa Assis Chateaubriand e que em nada beneficiou o Maranhão. A outra seria com a do ex-presidente José Sarney (PMDB), que num movimento inverso – e a contragosto, vale lembrar -, migrou politica e eleitoralmente para o Amapá, por onde exerceu dois mandatos consecutivos. Mas são situações e contextos completamente diferentes que, mesmo cabendo a lembrança como ilustração de que a migração não seria inusitada, é possível, não há semelhanças que justifiquem comparações.

Um extenso elenco de nomes já foi especulado para ser o segundo candidato a senador pela Situação: o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), o deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), a deputada federal Eliziane Gama (PPS), o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB), e o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB). Com exceção de Humberto Coutinho – que despontava como nome forte, mas teve de se afastou da corrida por problemas de saúde -, nenhuma dessas candidaturas ganhou fôlego como a do ex-governador José Reinaldo Tavares, mas por motivos os mais diversos, não ganhou o apoio leonino e corre o risco de ser inviabilizada.

Seja como uma sugestão viável, um balão de ensaio ou um factóide sem futuro, o nome da ex-presidente Dilma Rousseff surge num contexto em que, por mais estranha que possa parecer, faz algum sentido. E pode até mesmo contar com a simpatia do Palácio dos Leões, ainda que pareça diferente num estado em que a política é decisiva e que vive um agitado e saudável momento de transição. Mas também deve entrar com o lombo preparado para apanhar muito.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Maioria da bancada maranhense vai aprovar Distritão e Fundo de R$ 3,5 bi

bancada
Bancada maranhense

A Câmara Federal deve votar hoje a Proposta de Emenda Constitucional que institui novas regras eleitorais. Os dois itens mais visíveis são o Distritão, que elimina o conceito de proporcionalidade nas eleições legislativas, e o Fundo de Financiamento Eleitoral, que prevê R$ 3,5 bilhões de dinheiro do contribuinte para financiar as campanhas eleitorais. A bancada maranhense não definiu uma posição de unanimidade em relação às duas propostas. Há um entendimento maior em relação ao Distritão, que deve ser aprovado por todos os integrantes da bancada, podendo essa unanimidade ser quebrada por um ou dois votos. Divergências maiores dizem respeito ao Fundão, tendo deputados que o aprovam integralmente, outros que o aprovam, mas acham o valor muito elevado, e finalmente os que são contra. Mas uma coisa: com maior ou menor proporção, a maioria dos representantes maranhenses aprovará o Distritão e o Fundão.

 

Wellington do Curso silencia sobre proposta de instalar CPI da Saúde

Wellington do Curso: refletindo sobre propor CPI
Wellington do Curso: quer CPI

O deputado Wellington do Curso (PP) tem dado sinais de que recuou no seu arrojado projeto de instalar uma CPI para investigar supostas irregularidades n Sistema Estadual de Saúde. No final do semestre passado, o parlamentar se movimentou intensamente no plenário e nos bastidores da Assembleia Legislativa em busca de apoio à proposta de CPI. Chegou a conseguir um “número expressivo” de assinaturas, mas n.ao o suficiente para criar a Comissão. Foi para o recesso parlamentar avisando que voltaria à carga em agosto, certo de que conseguir instalar a CPI. Até agora não se manifestou sobre assunto.

 

São Luís, 16 de Agosto de 2017.

 

 

 

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