Fábio Macedo vai liderar 142 deputados com o desafio de mostrar que chegou à maturidade política

Fábio Macedo chegou ao alto clero como líder de 142 deputados federais

O deputado federal Fábio Macedo (Podemos) assumiu na semana passada a liderança do maior bloco partidário da Câmara Federal, com 142 deputados do MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC, tornando-se, da noite para o dia, um dos mais influentes e poderosos integrantes do parlamento da República. Ele foi escolhido líder por consenso depois de debates no bloco, aceitou o desafio e disse que vai fazer o que estiver ao seu alcance para manter o grupo unido nos grandes embates que se anunciam no Congresso Nacional. Com a ascensão, o deputado maranhense ganha uma estatura política que ele certamente não imaginava poder alcançar no seu primeiro mandato federal. Mais do que isso, ao se tornar líder, protagoniza uma volta por cima difícil de acreditar, depois dos atropelos que marcaram os seus dois mandatos na Assembleia Legislativa.

A liderança do bloco MDB/PSD/PSC/Republicanos/Podemos é um enorme desafio para qualquer deputado. Na condição de líder, o deputado Fábio Macedo vai administrar interesses de cinco partidos e de 142 deputados, que são parte do Centrão. Isso equivale a pouco mais de 1/4 dos 513 integrantes da Câmara Federal. E pelas forças que reúne, esse bloco, se bem articulado e devidamente posicionado, tem poder de fogo para mudar o rumo de qualquer votação na Câmara Federal. Traduzindo, a liderança do bloco tirou o deputado Fábio Macedo da “muvuca” do plenário e o catapultou para o ambicionado camarote do “alto clero” da chamada “Casa do Povo”.

Os oito anos de baixos e altos na Assembleia Legislativa deram ao deputado Fábio Macedo algumas referências políticas que ele parecia não dispor:  “Com muita humildade e firmeza, assumo esse compromisso com a missão de representar da melhor forma esses partidos e principalmente os interesses da população brasileira, fortalecendo os valores sociais e econômicos da nossa bancada. Agradeço a confiança dos demais líderes de partidos que chegaram a um consenso ao redor do meu nome. Que possamos trabalhar com unidade e força”. A manifestação não traduz de fato um político de larga experiência, mas sinaliza com clareza um parlamentar com potencial de crescimento numa Casa que respira política 24 horas por dia e o futuro do país nas mãos.

Fábio Macedo mostrou sinais de maturidade política quando, depois de haver peregrinado por vários partidos, teve a sacada de assumir o controle do Podemos no Maranhão, que se encontrava nas mãos do prefeito de São Luís, Eduardo Braide. Como manda-chuva da legenda no estado, ele pôde montar uma chapa que resultou na sua eleição para a Câmara Federal e na de Júnior Cascaria e Leandro Bello para a Assembleia Legislativa. O desempenho do Podemos no Maranhão sob seu comando lhe deu cacife no comando nacional do partido e um bom desembarque na Câmara Federal. Chamou a atenção quando defendeu a independência do Parlamento, a despolarização política, a busca por consensos e a defesa da democracia. Um discurso que em nada lembrou o Fábio Macedo no seu primeiro mandato estadual.

Aos 41 anos, o Fábio Macedo que desembarcou na Câmara Federal em nada lembra o jovem e imprevisível parlamentar estadual, mais conhecido por ser filho do influente empresário Zezé Macedo. No primeiro mandato estadual, ele alternou momentos de atuação política equilibrada com descaminhos na sua vida pessoal e a desastrada relação com a bebida, que lhe causou graves transtornos pessoais e familiares, chegando muito próximo do fundo do poço. Mas conseguiu dar a volta por cima, assumindo uma atuação política discreta e eficiente. A demonstração de que havia, de fato, virado a mesa, foi a guinada partidária e a decisão de se candidatar à Câmara Federal, para a qual foi eleito com 95.270 votos.

A liderança do bloco MDB/PSD/PSC/Republicanos/Podemos dá ao deputado federal Fábio Macedo a rara oportunidade de mostrar que tem estatura e visão política para importante desafio de influenciar nas decisões política por um Brasil que se esforça para, ele também, virar o jogo.

PONTO & CONTRAPONTO

Bancada maranhense mostra peso em Brasília

Flávio Dino, Juscelino Filho, Fábio Macedo e André Fufuca: destaques da bancada federal

A ascensão meteórica e inesperada do deputado federal Fábio Macedo ao comando do maior bloco partidário, com 142 deputados, colocando-o em acento privilegiado do alto clero da Câmara Federal, deu uma dimensão muito maior à bancada do Maranhão no Congresso Nacional, e tem como o deputado Aluísio Mendes (Republicanos) como um dos vice-líderes.

Para começar, o presidente Lula da Silva (PT) entregou o fundamental Ministério da Justiça e Segurança Pública ao senador Flávio Dino (PSB), o mais destacado nome maranhense na política nacional. Da mesma maneira, mas por meio de outro viés político, nomeou o deputado federal Juscelino Filho (União Brasil) para o importante Ministério das Comunicações.

Na Câmara Federal, o deputado André Fufuca é hoje um dos mais influentes chefes partidários, com poder de fato sobre a poderosa a decisiva bancada do PP, que controla como líder e sob a orientação direta do poderoso presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL). André Fufuca é um dos articuladores do PP e do Centrão na relação com o Governo em torno de matérias que sofrem resistência por parte da direita mais conservadora.  

E mais: o deputado Rubens Júnior é hoje um dos mais influentes da bancada do PT, da qual é um dos vice-líderes escolhido pelo presidente Lula da Silva, atuando no enfrentamento da oposição agressiva e, ao mesmo tempo, como um dos articuladores para a construção de maiorias em torno de projetos de interesse do Palácio do Planalto. É o caso também do deputado federal Márcio Jerry, que é voz influente a bancada do PCdoB.

Em termos proporcionais, é uma das bancadas mais influentes do Congresso Nacional.

Bolsonaristas decepcionados com Bolsonaro

Jair Bolsonaro decepcionou apoiadores de peso no Maranhão

Decepção. É esse o sentimento que domina alguns membros da direita maranhense com o chefe maior deles, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recém retornado do “exílio” voluntário de três meses em Miami (EUA). Três pontos motivam o desânimo-decepção.

O primeiro foi a viagem para os EUA, para eles desnecessária, exatamente por ter causado a impressão de que estava mesmo fugindo, com medo de alguma decisão judicial que o mandasse para a cadeia.

A segunda foi o escândalo das joias sauditas, em especial as que seriam presentes para a consorte Michelle Bolsonaro, no valor espantoso de R$ 16 milhões. O que agravou ainda mais a decepção desses bolsonaristas foi a tentativa desesperada e mafiosa dos asseclas do ainda presidente de tentar de todas as maneiras, todas usando o expediente da “carteirada”, para tirar o pacote milionário da Receitas Federal e mantê-lo como contrabando. Esses bolsonaristas veem as armações contrabandísticas, que esbarraram na resistência dos honrados servidores do Leão, como último ato da opereta mambembe que foi o governo do presidente Jair Bolsonaro.

E finalmente, eles acham que subordinação do ex-presidente Jair Bolsonaro às artimanhas do chefão do PL, Waldemar Costa Neto – a quem o ex-presidente chamou de “Meu chefe!” – podem corroer ainda mais o poder de fogo político do bolsonarismo. E citam o salário de R$ 36 mil pago ao ex-presidente, o de R$ 25 mil pago à ex-primeira-dama e ainda o aluguel de R$ 16 mil pela mansão onde o ex-presidente está morando em Brasília. Dinheiro do Fundo partidário, ou seja, do contribuinte, que já paga aposentadoria de R$ 18 mil ao ex-capitão Jair Bolsonaro, expulso do exército por insubordinação e terrorismo.

São Luís, 02 de Abril de 2023.

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