Em meio a um forte clima de expectativa que começa a se espraiar pelo País com a aproximação do julgamento – marcado para o dia 24 -, pela Justiça Federal do Paraná, do recurso por meio do qual o ex-presidente Lula da Silva (PT) tenta anular a sentença com que o juiz Sérgio Moro o condenou a mais de nove anos de prisão, sob a acusação de ter recebido um apartamento como propina, partidos de esquerda, entidades sindicais, movimentos sociais, artistas, intelectuais lançam hoje, em São Luís, a Frente em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato. O ato da mobilização acontecerá às 16 horas, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho. O argumento central do movimento é que Lula da Silva foi condenado num processo cheio de falhas e que não existem provas concretas de que justifiquem a condenação, o que torna a decisão um caso de uso político da Justiça. Acrescentam seus organizadores que se a condenação de Lula for mantida e ele não puder ser candidato, a democracia brasileira entrará em crise e estará sob grave risco.
Esse movimento tem condições favoráveis para ganhar força no Maranhão, menos por preocupação com a democracia, mais pelo risco de o ex-presidente Lula ter a condenação confirmada e for, por isso, impedido de se candidatar. O líder petista é hoje, de longe, o político com maior prestígio entre os maranhenses, chegando sua popularidade a alcançar mais de 70% na média estadual, tendo município onde 83% da população o querem de volta à Presidência da República. São dados levantados em pesquisas insuspeitas, contratadas pelas duas forças políticas que preponderam atualmente no estado, a aliança liderada pelo governador Flávio Dino e o Grupo Sarney. Todos os levantamentos feitos até agora dizem que se Lula for candidato a presidente, os quase cinco milhões de eleitores maranhenses lhes darão pelo menos 70% dos votos. Ele fulminaria todos os demais candidatos a presidente lançados até aqui. Claro que esse é um cenário de agora, 10 meses antes das eleições e num momento em que o ex-presidente está no epicentro de um grande debate nacional sobre justiça e política.
Organizada no Maranhão pelo PT, com o apoio do PCdoB, PSB, PDT e PSOL, e por centrais sindicais mais à esquerda e movimentos sociais de base, que têm o ex-presidente como referência, a Frente em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato pretende mobilizar todos os segmentos desse campo para fazer face ao que seus organizadores chamam de “golpe contra a democracia”. Levantam a suspeita de que por trás dos processos contra o líder petista estão forças que não aceitam a esquerda no poder nem programas sociais e de transferência de renda da envergadura do Bolsa Família, Mais Médicos, Fies, entre outros. E para isso espera atrair profissionais liberais, professores, estudantes e todos os grupos organizados possíveis para fazer frente a movimentos que estão atuando na contramão, a favor da condenação de Lula e do seu banimento da vida política.
A Frente em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato conta com o apoio político enfático do governador Flávio Dino (PCdoB), um dos mais contundentes críticos de alguns aspectos da Operação Lava Jato, e provavelmente a voz mais firme e credenciada na defesa do líder petista, contra quem, acredita, estão cometendo “uma atrocidade política inaceitável”. O governador maranhense é partidário incondicional do direito de Lula ser candidato nas eleições de outubro. E defende esse direito com fortes argumentos jurídicos, mas também como o político que quer o aliado ao seu lado nos palanques maranhenses na corrida eleitoral de outubro.
Um dos seus organizadores, o jornalista e ex-deputado estadual Luis Pedro, explica o movimento: “Nós consideramos que o julgamento do presidente Lula não é um julgamento jurídico, ele tem fortes conotações políticas claras com o objetivo de deixar o ex-presidente na condição de inelegível. Nós consideramos que uma eleição sem Lula é golpe. Nós também consideramos que o golpe de 2016, quando foi afastada a presidente Dilma, legitimamente eleita com 54 milhões de votos. Agora temos a continuidade do golpe, que é a tentativa de condenar o Lula. Achamos que essa tentativa tem de ser barrada com o povo nas ruas, expressando sua indignação”.
É uma aposta alta, com algumas controvérsias, mas que tem a legitimidade de qualquer ato político numa sociedade que se move pelo estado democrático de direito.
PONTO & CONTRAPONTO
A um passo do PRB, Brandão caminha para superar revés sofrido no PSDB
Quem subestimou a capacidade política do vice-governador Carlos Brandão – no momento no exercício do cargo –, pode ter cometido um erro de avaliação. O café da manhã no qual reuniu ontem 27 dos 30 prefeitos eleitos pelo PSDB com o presidente estadual do PRB, deputado federal Cleber Verde, demonstrou claramente que ele já virou a página do seu dramático desligamento do ninho dos tucanos, no final do ano que passou. Depois de uma série de conversas com diversos líderes partidários, o vice-governador encontrou abrigo no PRB, negociando com Cléber Verde uma aliança, antes improvável, para ingressar no partido, podendo ser acompanhado por muitos prefeitos que compareceram ao encontro e que estariam insatisfeitos sob a liderança partidária do senador Roberto Rocha (PSDB).
É verdade que atender ao convite para o café não significa a adesão automática deles à proposta de mudança de partido. Mas é verdade também que a maioria desse grupo de prefeitos poderá ingressar no PRB, a começar pelo fato de que eles foram eleitos com o incentivo direto de Carlos Brandão e com o aval do governador Flávio Dino, certos de que o PSDB permaneceria na base governista. Agora, esses prefeitos estão entre a cruz e a espada: não querem deixar a base governista estadual, mas também não querem perder o link federal pela via do tucanato. E aí surge a indagação: com quem ficarão?
Outra parte dessa equação envolve diretamente o PRB. O partido elegeu 14 prefeitos – entre eles Fábio Gentil, de Caxias -, mas que se ganhar, nesse acordo, o reforço de mais vinte – que certamente serão acompanhados por muitos vereadores -, entrará na corrida eleitoral deste ano com mais de 30 prefeitos, como o segundo maior partido do Maranhão em número de prefeituras, só perdendo para o PCdoB (46). Esse reforço excepcional na estrutura do PRB dará a Cleber Verde um ganho formidável de musculatura no comando nacional do partido.
E em qualquer situação, se a operação for confirmada, e ele consiga levar pelo menos metade dos prefeitos tucanos inconformados para o PRB, o vice-governador sairá da reviravolta por cima, credenciando-se continuar como companheiro de chapa do governador, o que abre a possibilidade concreta de vir a ser o titular em 2022.
Márcio Jardim tem lastro político para ser o candidato do PT ao Senado
Um comentário e três telefonemas de leitores registraram o que consideraram um “pecado” da Coluna não ter incluído Márcio Jardim (PT) entre os nomes que se movimentam na direção das duas vagas de senador. De fato, ainda que não tenha até aqui conquistado mandato eletivo e suas incursões eleitorais não tenham sido bem sucedidas, Márcio Jardim pode, sim, vir a ser o nome do PT na corrida senatorial. O ex-secretário de Esportes do Governo Flávio Dino reúne todas as credenciais para entrar nessa disputa, ainda que sua trajetória ainda não inclua sucessos eleitorais. À exemplo do secretário Márcio Jerry (PCdoB) e do próprio governador Flávio Dino, o item mais expressivo e decisivo do seu currículo político são os anos de militância, iniciados no movimento estudantil, na adolescência, com dedicação integral. E com um dado que o legitima ainda mais: jamais mudou de lado, conservando seus princípios e convicções sem arredar um milímetro da linha inicial da sua caminhada como militante político de esquerda. Precisa agora mostrar que tem o suporte político do partido e, depois, se viabilizar eleitoralmente.
São Luís, 10 de Dezembro de 2018.
Marcio Jardim é um derrotado, encarna apenas um palhaco!
Defende o que ha de pior na politica.