Vista pela ótica de quem apenas a comparou com outros levantamentos feitos no último ano, a nova pesquisa Escutec sobre a corrida ao Palácio dos Leões, divulgada ontem por O Estado, é, grosso modo, uma repetição do conteúdo das pesquisas que a antecederam. A exatamente um ano das eleições, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) aparece liderando, com folga expressiva, a corrida em todos os cenários, seguida do senador Weverton Rocha (PDT), do ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD), do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), do senador Roberto Rocha (sem partido), do prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (sem partido) e do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL). E com um dado que chama a atenção: são baixos os percentuais dos que não sabem e dos que rejeitam todos eles. E outro detalhe tão ou mais importante no caso: O Estado não divulgou uma informação essencial para se medir o cacife dos pré-candidatos: os percentuais de rejeição.
Avaliando apenas os cenários das intenções de voto, Roseana Sarney ganhou bons motivos para mergulhar em reflexões sobre o drama político-shakespeariano de ser ou não ser candidata pela sexta vez ao Palácio dos Leões -, lembrando das três vitórias (1994, 1998 e 2010) e duas derrotas (2006 e 2019) nas cinco eleições para governador que disputou até aqui. Os percentuais dos três cenários objetivos da pesquisa Escutec (26% no que reúne nove potenciais candidatos; 30% com os cinco mais visíveis; e 34% com os mesmos, menos Edivaldo Holanda Jr., certamente motivam a ex-governadora a refazer seus cálculos políticos e a repensar sua anunciada pré-candidatura à Câmara Federal. O freio para esse movimento deve ser o percentual de rejeição, que superou os 49% nas outras pesquisas, mas que agora está mantido em segredo.
O senador Weverton Rocha deve ter sido surpreendido pelos cenários encontrados pelo Escutec. Com uma pré-campanha arrojada, realizando grandes eventos de lançamento em municípios estratégicos, além de uma forte campanha promocional do seu desempenho no Senado, o pedetista se manteve no mesmo patamar de 20%, quando o esperado era um salto que o levasse a ganhar a dianteira ou, pelo menos, a um empate técnico com Roseana Sarney. O segundo lugar é uma boa posição na perspectiva de que a ex-governadora confirme o projeto de ser deputada federal, mas é incômodo e cercado de riscos no caso de ela resolver disputar o Governo. Tranquiliza o pré-candidato pedetista o fato de os seus demais concorrentes não terem também avançado, o que lhe dá espaço para os necessários ajustes na sua pré-campanha.
Entre as informações levantadas pela pesquisa Escutec, uma das mais interessante é a medição de forças entre o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. e o vice-governador Carlos Brandão, com o primeiro à frente em dois cenários nos quais ambos estão tecnicamente empatados, rigorosamente dentro do limite da margem de erro que é de 2%: no primeiro Edivaldo Jr. com 12% e Carlos Brandão com 10%, e no segundo Edivaldo Jr. com 14% e Carlos Brandão com 12%. E num cenário sem Edivaldo Jr., Carlos Brandão vai a 15%, atrás de Weverton Rocha, que aparece com 23%. Os números sugerem que, se Weverton Rocha não avançar no esforço para se aproximar de Roseana Sarney, corre o risco de ser ameaçado por um deles. E nesse contexto, vale destacar que o senador Roberto Rocha está na briga pela terceira posição, ora com 11%, ora com 9%, podendo ser indicativo de que ele tem potencial para crescer.
A pesquisa Escutec não encontrou mudança no bloco de trás. O prefeito Lahesio Bonfim (com 5% no cenário geral e 7% em outro) e o deputado Josimar de Maranhãozinho (com 3% no cenário com todos os nomes postos e com 6% e 7% em outros dois) estão medindo forças, enquanto Simplício Araújo aparece com 4% no cenário geral, à frente de Josimar de Maranhãozinho (4%), juntamente com Felipe Camarão (2%) num desenho em que aparentemente não têm chance de reverter.
Em resumo, a exatamente um ano da eleição, com nove nomes na estrada, mas com diferentes graus de envolvimento, pode-se dizer, com alguma segurança, que a corrida está absolutamente indefinida.
Em Tempo: Contratada pelo jornal O Estado, a pesquisa Escutec ouviu 1.400 eleitores no período de 23 a 30 de Setembro, margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e está registrada na Justiça Eleitoral.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino lidera sem sombra a corrida ao Senado
Também sem surpresa os números da pesquisa Escutec para o Senado. O governador Flávio Dino (PSB) lidera com 44% das intenções de voto, quase o dobro do percentual de 23% dados ao senador Roberto Rocha (sem partido), e muito distante de Josimar de Maranhãozinho, que aparece com 7%. A vantagem do governador Flávio Dino é tão elástica que, mesmo que os 11% de que não souberam ou não quiseram responder fossem transferidos para Roberto Rocha ou para Josimar de Maranhãozinho, em nada alteraria o cenário prévio dessa disputa. Vale registrar que 15% responderam que não votariam em nenhum dos três nomes. Todas evidências sugerem que o governador tem lastro político e prestígio eleitoral para manter essa posição. O senador Roberto Rocha se mostra um adversário com algum lastro, mas é quase inexistente a hipótese ele venha encarar esse embate, uma vez que, mesmo sem que tenha feitio qualquer declaração nesse sentido, sua inclinação parece ser pelo Palácio dos Leões. Josimar de Maranhãozinho, por sua vez, mesmo controlando três partidos e de ser hábil no jogo eleitoral, parece não ter a menor chance de entrar numa disputa majoritária nessas eleições.
Numa disputa polarizada, Lula vence Bolsonaro sem esforço no Maranhão
A Pesquisa Escutec publicada na mais recente edição de O Estado reafirma a inclinação da maioria do eleitorado maranhense pelo ex-presidente Lula da Silva (PT) na corrida presidencial. Dele aparece com 51% das intenções de voto contra 28% do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), num indicativo claro que, caso eles venham a se enfrentar, como indicam as previsões, o petista tende a derrotar o atual presidente com vantagem esmagadora. Os números confirmam que, como acontece no restante do País, a disputa pelo Palácio do Planalto está fortemente polarizada, não sobrando espaço para candidatos domo Ciro Gomes (PDT), que aparece com 7% das preferências, para o ex-ministro Sérgio Moro (sem partido), preferido de 3%, nem para nomes como Guilherme Boulos (PSOL), João Amoedo (Novo), Eduardo Leite (PSDB) e Henrique Mandetta (DEM), todos com 1% de intenção de voto.
São Luís, 03 de Outubro de 2021.