A saída da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) do campo de batalha onde se movimentam os pré-candidatos ao Palácio dos Leões acrescentou um dado de muito peso na corrida às 18 cadeiras da Câmara Federal. Em pelo menos três edições nos últimos seis meses, a Coluna tematizou essa que, na avaliação de muitos, será a mais dura, complexa e acirrada disputa eleitoral desse ano no Maranhão. Primeiro pela importância que o mandato de deputado federal ganhou com os novos ajustes nas regras que definem o papel e o formato do Poder Legislativo, e no caso específico do Maranhão, pelo peso político e eleitoral dos envolvidos nessa guerra pelo voto. Essa avaliação inclui os atuais deputados federais que buscarão a reeleição e figuras de proa da política estadual, como a ex-governadora, ex-prefeitos, ex-candidato a governador, secretários de Estado com o prestígio nas alturas, empresários consolidados que querem dar novo sentido à vida e deputados estaduais decididos a dar um passo gigantesco à frente.
Contas feitas por várias fontes mostram que a entrada de Roseana Sarney dá a essa disputa volume impressionante. Não se discute que parte dos atuais deputados federais reúne cacife eleitoral para pleitear a reeleição, a exemplo de Josimar de Maranhãozinho (PL), campeão de votos na eleição passada, Márcio Jerry (PCdoB), Bira do Pindaré (PSB), Rubens Jr. (PCdoB), André Fufuca (PP), Edilázio Jr. (PSD), Juscelino Filho (União Brasil), Pedro Lucas Fernandes (União Brasil), João Marcelo (MDB), Aloísio Mendes (PSC) e Cléber Verde (Republicanos). Mas não há também muitas dúvidas relacionadas ao fato de que candidatos muito fortes podem desequilibrar a medição de força.
No plano dos que estão querendo entrar, pelo menos dois deputados estaduais têm gás para se mudar para Brasília, caso de Duarte Jr. (PSB), de cujo potencial eleitoral ninguém duvida. E Márcio Honaiser (PDT), ex-titular da pasta do desenvolvimento Social, dono de larga experiência e que parece convencido de que chegou a sua vez. A estes se juntam três secretários de Estado que se movimentam com a segurança de quem sabe o que está fazendo. É o caso, por exemplo, do titular da Educação, Felipe Camarão (PT), que antes se lançou pré-candidato a governador, Carlos Lula (PSB), que se credenciou como titular da Saúde, Clayton Noleto (PCdoB), homem forte da Infraestrutura no atual Governo, e Simplício Araújo (SD), que tenta ultrapassar a condição de suplente em busca de um mandato efetivo.
Nesse contexto, não há como não levar em conta, por exemplo, a candidatura do empresário, Lobão Filho (MDB), ex-suplente de senador, ex-candidato a governador, herdeiro do ex-governador e ex-senador Edison Lobão (MDB). Nem a jovem engenheira civil caxiense Amanda Gentil (Republicanos), filha e herdeira política do influente prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos). Não se pode também ignorar o poder de fogo do ex-vereador de São Luís, Roberto Rocha Filho, cuja eleição para a Câmara Federal seria prioridade para o pai, senador Roberto Rocha (sem partido), que ainda não definiu que mandato disputará, podendo ele próprio, numa hipótese remota, ser candidato. E nesse contexto vale observar o candidato que venha ser apoiado pelo prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), que em 2018 foi o segundo mais votado para a Câmara Federal com mais de 180 mil votos.
Ainda que seja válido o argumento de que eleição proporcional é uma caixa de surpresa, muita gente está usando a margem de previsibilidade das disputas eleitorais, que é considerável, para fazer contas e tentar prever o resultado, ou pelo menos parte dele. A perspectiva mais comum é que de 10 a 12 deputados federais se reelegerão, o que significa abrir de seis a oito vagas para novos parlamentares. Há quem preveja que nessas eleições o número de novos será igual ou maior do que o de reeleito. O fato é que, com os candidatos que estão se apresentando, não há dúvidas de que o jogo será duro e com resultado imprevisível.
PONTO & CONTRAPONTO
Pesquisa DataIlha confirma tendência de crescimento de Carlos Brandão
Uma pesquisa espontânea, realizada pelo DataIlha e divulgada ontem pelo braço maranhense da Band, jogou mais lenha na fogueira da corrida ao Palácio dos Leões. Dos dois mil eleitores que responderam a indagação “Se a eleição fosse hoje, em quem você votaria para governador?”, 78% disse que não sabe. E dos que responderam afirmativamente, 5,4% disseram que votariam em Carlos Brandão (PSDB a caminho do PSB), 4,5% votariam em Lahesio Bonfim (Agir36), 4,1 votariam em Flávio Dino (PSB), 3,5% votariam em Weverton Rocha (PDT), 2,0% em
Roseana Sarney (MDB), 1,4% em Josimar de Maranhãozinho (PL), 1,0% em Roberto Rocha (sem partido), 0,8% no candidato de Flávio Dino, 0,4% em Edivaldo Holanda Jr. (PSD) e 0,4% em Eduardo Braide (Podemos). Outros nomes foram citados, mas com percentuais bem mais modestos.
Independentemente das discussões em torno do método usado pelo DataIlha, a pesquisa tem sólida base de sustentação, a começar pelo elevadíssimo número de eleitores que disseram não saber. Isso parece significar que o jogo vai mesmo começar agora, com o grupo de pré-candidatos definidos, incluindo o senador Roberto Rocha, que está em busca de um partido e estudando o melhor mandato a ser disputado.
Como indicou a pesquisa Exata, divulgada domingo por O Imparcial, a posição mais promissora no momento é a do vice-governador Carlos Brandão, sendo a menos confortável a do senador Weverton Rocha, que parece estagnada, carecendo de uma turbinada para ganhar força e movimento.
Movimentos e pesquisas ligaram sinal de alerta para Weverton e Edivaldo Jr.
Os últimos movimentos relacionados com a sucessão estadual acenderam um alerta amarelo flerte no comando da pré-campanha do senador Weverton Rocha (PDT) e no grupo que coordena a pré-campanha do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PSD).
No comando da pré-campanha de Weverton Rocha a preocupação é com a estagnação e tendência de queda sinalizada na pesquisa Exata, situação confirmada na pesquisa do DataIlha. Já em relação a Edivaldo Holanda Jr., a preocupação é que ele está correndo o risco de ser atropelado por Lahesio Bonfim (Agir36).
São Luís, 16 de Fevereiro de 2022.