Em meio à crise, pergunta que já se ouve: onde está o PT do Maranhão?

 

Monteiro mantém o comando; Gonçalves lidera ala rebelde e Dutra caiu fora 

 

Uma pergunta começa a ser feita com alguma ênfase no meio político do Maranhão: Onde está o PT? A indagação faz todo sentido à medida que o outrora mais aguerrido dos partidos políticos brasileiros – aí incluídos os de esquerda, os de centro e os de direita – simplesmente desapareceu do cenário político maranhense no momento em que a crise em torno da agremiação, um dos seus maiores líderes, José Dirceu, volta para a cadeia acusado de corrupção, e o fantasma do chamado “petrolão” ronda o ex-presidente Lula e ameaça o governo da presidente Dilma. O partido não está atuando como tal, seus líderes parecem totalmente desarticulados, seus quadros já não formam a ativa militância de outros tempos, a agremiação parece ignorar o que acontece no estado e no país e, ao contrário do que acontecia em passado recente, ninguém no PT deu um pio em relação ao cenário político instalado no estado, sobre a crise política, institucional e moral que ameaça o governo da presidente Dilma, nem sobre a reforma política e as eleições municipais que se aproximam. Em resumo: o PT parece não existir como partido político no Maranhão, nem como

Há tempos comandado pelo professor Raimundo Monteiro – que, vale assinalar, é um dos seus quadros mais fieis e ativos -, e tendo como eminência parda o ex-vice-governador Washington Oliveira, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, o PT maranhense foi consumido pela sua aliança com o PMDB. A relação foi firmada em 2006 e consolidada nas eleições de 2010, quando o PT emplacou Oliveira como vice na chapa liderada pela pemedebista Roseana Sarney. O partido andou ocupando alguns cargos no governo, mas os embaraços administrativos, principalmente na Secretaria de Desenvolvimento Social, obrigaram a então governadora a rever algumas concessões.

No seu processo de enfraquecimento e de perda de identidade, o PT do Maranhão foi também enterrando seu poder de fogo eleitoral, que manteve até nas eleições de 2010, mas que perdeu durante o mandato. Naquele ano, além do vice-governador, o PT elegeu um deputado federal (Domingos Dutra) e três deputados estaduais (Bira do Pindaré, José Carlos e Francisca Primo). Durante o exercício do mandato, Dutra rompeu com o partido e se filiou ao SD, o mesmo acontecendo com Bira do Pindaré, que se mudou para o PSB. Dutra deixou o PT por não conseguir mais conviver com a aliança com o PMDB no Maranhão e por antever, com rara precisão, a crise que atingiria o partido nos anos seguintes. Os fatos, que continuam se desdobrando, mostram que Dutra estava certo. O mesmo aconteceu com Bira do Pindaré.

O que restou do PT no Maranhão: 10 prefeitos e cerca de 100 vereadores num universo de 217 municípios – um só representante na Câmara de São Luís; um deputado federal (José Carlos Araújo) e dois deputados estaduais (Francisca Primo e José Inácio). Um desempenho eleitoral pífio, se levado em conta o fato de que o partido tem o Governo Federal, estava aliado com o Governo do Estado e participou ativamente daquele governo de Roseana Sarney e teve os recursos necessários para um desempenho eleitoral bem melhor. Tropeçou nas urnas por não ter um discurso adequado nem apresentar um plantel de candidatos rigorosamente petista, totalmente afinado com a linha de ação do partido aqui e alhures.

Hoje, um exame com lupa política revela que o PT do Maranhão está dividido em duas correntes que não se harmonizam. Uma liderada por Raimundo Monteiro com o suporte de Washington Oliveira – que continua dando seus pitacos nos rumos do partido – e que no plano nacional faz parte da facção liderada por José Dirceu e que tem Lula como grande mentor. A outra não tem uma liderança formal, mas é representada por vozes expressivas como o professor Francisco Gonçalves, atual secretário de Estado de Direitos Humanos e Mobilização Popular, e Márcio Jardim, atual secretário de Estado de Esportes.

Uma terceira corrente, comandada por Fernando Magalhães – como Raimundo Monteiro, um petista de boa cepa – controla o Diretório do partido em São Luís. Foi a única que deu sinal recente de existência, ao participar de uma audiência com o prefeito Edivaldo Jr. (PTC), soltando evidências de que caminha para apoiar o seu projeto de reeleição. Como as facções que atuam no plano estadual, também está distanciada da crise que ameaça derrubar o governo de Dilma Rousseff.

O fato é que o PT maranhense perdeu muito fôlego depois que a banda majoritária se aliou ao Grupo Sarney, perdeu quadros como Domingos Dutra e Bira do Pindaré, e tirou da militância o hoje conselheiro do TCE Washington Oliveira. Além disso, o deputado federal José Carlos Araújo e a deputada estadual Francisca Primo são petistas que não encarnam a postura e o discurso do PT, tarefa que só é cumprida agora, medianamente, pelo deputado José Inácio. Nada, portanto, lembra o PT de outros tempos.

A situação do PT maranhense parece se enquadrar perfeitamente na avaliação de um dos principais líderes do partido, o ex-ministro da Justiça e ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo: “Esse PT que está aí chegou nitidamente ao fim de um ciclo. Sofreu dois baques muito fortes, não se reformou e não capitaneou uma grande mudança”.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

No ataque

ricardo 8Em meio a fortes expectativas em relação à instalação da CPI da Saúde, o ex-deputado Ricardo Murad (PMDB), que é o principal alvo da Comissão, mantém a estratégia de usar o ataque como a melhor forma de defesa. Ontem, a deputada Andrea Murad (PMDB) retornou à tribuna disparando chumbo grosso contra o secretário de Estado de Transparência e Controle, Rodrigo Lago, a quem primeiro acusou de usar a pasta para “perseguir inimigos políticos”, e depois apontou como envolvido em escândalo de desvio de dinheiro público, o que, na opinião dela, o tornaria impossibilitado de assumir qualquer cargo na máquina estatal. Andrea Murad deixou claro que vai continuar atacando, principalmente na área de saúde, numa ação destinada a inibir a CPI da Saúde, que deve ser instalada neste mês.

Até agora, nada

joao albertoO senador João Alberto (PMDB) disse a interlocutores que se surpreendeu com informações segundo as quais o Conselho de Ética do Senado, por ele presidido pela quinta vez, não está atuando para enquadrar senadores citados nas denúncias feitas pela Operação Lava Jato. Ele explica que o Conselho de Ética não é um órgão de investigação e que, por isso não pode atuar sem uma denúncia formal, feita pela Justiça. “O Conselho só age se for provocado por denúncias que sejam confirmadas por provas materiais. Até agora, nada chegou ao Conselho. Se chegar, daremos o encaminhamento regimental, sem nenhum problema. O que não podemos é atuar a partir do que diz a imprensa, porque não é assim que funciona”, disse o senador, que garante estar absolutamente tranquilo em relação à atuação do Conselho.

 

São Luís, 04 de Julho de 2015.

 

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