O ato de entrega, ontem, no Palácio dos Leões, de 12 mil cestas básicas para uma dezena de municípios – totalizando mais de 52.678 mil doações em 40 municípios pelo programa “Comida na Mesa” – foi marcado por forte simbolismo político. Comandado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), o evento, que vem se repetindo a cada semana, reuniu no mesmo espaço o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e o senador Weverton Rocha (PDT), ambos pré-candidatos ao Governo do Estado e que travam uma luta dura nos bastidores da aliança partidária governista em busca de suporte aos seus projetos de candidatura. O encontro passou a impressão de que o governador Flávio Dino caminha para conseguir um entendimento entre os dois aspirantes, para que um deles seja candidato à sua sucessão com o apoio do outro. Carlos Brandão e Weverton Rocha deram uma demonstração de que, apesar da disputa ácida que vêm travando, mantêm uma relação civilizada, sem estresse, e até com troca de figurinhas, indicando que estão inclinados a firmar um acordo que interessa a ambos.
Flávio Dino trabalha intensamente para evitar um confronto direto entre dois candidatos da sua base de apoio. Para ele, o melhor caminho para a sua sucessão é a construção de um acordo pelo qual os dois se juntem e acertem que o melhor posicionado será o candidato e terá o apoio do outro. O governador tenta fazer essa mediação procurando acomodar os muitos interesses que giram em torno das duas pré-candidaturas, para evitar que haja uma escolha traumática, sem acordo, levando o não escolhido a entrar na briga com o discurso de que foi injustiçado. No caso do entendimento, o candidato escolhido será ungido por todas as forças partidárias da aliança dinista. Por isso não será uma escolha fácil, pois dependerá de muita conversa, muito desprendimento e muito senso de grupo. Afinal, será duro para o não escolhido abrir mão de tentar chegar ao comando do Estado.
O encontro de ontem, que não foi casual, mostrou que, ao contrário do que muitos imaginam, é real a possibilidade de um acordo. E o ponto que o torna viável é exatamente o governador Flávio Dino na condução do processo, mesmo que seja clara sua inclinação pelo projeto de candidatura do vice-governador Carlos Brandão. Essa posição não o impede de conduzir o processo de escolha navegando nas águas serenas da isenção, dando a cada um deles instrumentos que lhes permitam reforçar suas posições políticas e eleitorais. Por exemplo: nesta semana, enquanto Carlos Brandão representava o governador participando de inaugurações e lançamento de obras em Imperatriz e em Parnarama, numa ação vista por adversários como favorecimento a sua candidatura, o secretário de Desenvolvimento Social, Márcio Honaiser, membro da cúpula estadual do PDT, firmava com o presidente da Famem, Erlânio Xavier, também membro da cúpula do PDT, um Termo de Pactuação Técnica para o programa Vale Gás, que distribuirá a famílias de baixa renda 115 mil tickets para a compra de gás de cozinha, no que outros enxergarem benefício político para o senador Weverton Rocha.
No ato de ontem, no Palácio dos Leões, o governador Flávio Dino mostrou que, independentemente da sua inclinação, vem tratando os dois pré-candidatos com rigorosa isenção, produzindo nas duas correntes a garantia de que não interferirá no processo de consulta partidária que será iniciado no final deste mês e que levará à escolha do candidato à sua sucessão. Carlos Brandão e Weverton Rocha sabem disso, tanto que se esforçam para não passar a impressão de que estão trocando socos e pontapés pela vaga de candidato da aliança dinista ao Governo do Estado. Nos bastidores, partidários dos dois movimentos jogam pesado – às vezes usando peso excessivo – para fortalecer seu candidato e minar o concorrente.
Ao colocar os dois no mesmo ambiente, o governador Flávio Dino reforça o recado segundo o qual o grupo por ele liderado apoiará o nome que emergir das consultas. Mas, caso esse grande entendimento não seja possível e os dois resolverem partir para o confronto, ele e seu grupo estarão à vontade para escolher o rumo a seguir. E nesse caso dificilmente será o caminho da neutralidade.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Costa diz que o MDB quer diálogo pelo Maranhão e que Roseana vai liderar o processo
Visto por muitos como um partido à beira do abismo com o resultado das eleições de 2018 quando teve seus candidatos ao Governo e ao Senado duramente derrotados, e ainda o encolhimento da sua bancada federal e da sua bancada estadual, o MDB se movimenta para, se não dará volta por cima no sentido mais amplo, trilhar um caminho que possa torna-lo de novo um grande partido no Maranhão. Foi o que externou seu vice-presidente, deputado estadual Roberto Costa, de longe o mais atuante líder do partido, numa entrevista recente à TV Mirante. Roberto Costa foi enfático em afirmar que o MDB vai continuar com todas as forças políticas em ação no Maranhão, a começar pelas lideradas pelo governador Flávio Dino. O tema central do diálogo é a discussão de um projeto que leve o estado a recuperar as perdas econômicas sofridas com a pandemia.
– Acho que hoje o compromisso da classe política não é com a política, mas com o desafio de pensarmos um projeto para o futuro, para reconstruir todas as perdas causadas pela pandemia. E para isso é preciso, acima de tudo, nós termos o diálogo com todas as forças. Nós acreditamos no caminho do diálogo. Esse é um sentimento do conjunto do partido, das lideranças do partido, como os deputados federais Hildo Rocha e João Marcelo, como os deputados estaduais Arnaldo Melo e Socorro Waquim, o ex-senador João Alberto e a líder maior nossa dentro do partido, a ex-governadora Roseana Sarney – disse.
Roberto Costa está convencido de que esse diálogo deve passar pelo governador Flávio Dino: “A bancada do MDB (na Assembleia Legislativa) tem um diálogo de muita proximidade e muito respeito com o governador Flávio Dino. E hoje não vemos nenhuma dificuldade para sentar e dialogar com o próprio governador em relação a um projeto futuro. O Maranhão tem de ser uma prioridade constante. Para isso, é necessário que as grandes lideranças políticas possam sentar à mesa, discutir um projeto que possa beneficiar, acima de tudo, o estado do Maranhão. Acho que o entendimento político que existe hoje dentro do MDB vem muito nessa direção: dialogar, com muita transparência, e acima de tudo colocando os interesses públicos da população como prioridade nossa”.
O vice-presidente do MDB avisa que, depois das derrotas, o partido se oxigena a cada dia, num processo que será mais forte sob o comando da ex-governadora Roseana Sarney, que assumirá a presidência do partido daqui a algumas semanas: “A ex-governadora Roseana é a maior liderança política e eleitoral que nós temos no MDB, e uma das maiores do Maranhão. Ela tem um papel fundamental nas decisões partidárias. Ela é favorável ao diálogo. Ela é hoje uma pessoa procurada para dialogar, para colocar a experiência que ela tem como governadora, como senadora, como deputada federal, com espaço nacional. Acho que o partido vai ganhar muito com a presidência de Roseana, porque ela vai dar os encaminhamentos necessários, para que o partido possa continuar se fortalecendo e construindo um projeto para o Maranhão”.
Prefeitos de vários partidos estão querendo migrar para o PSDB
O vice-governador Carlos Brandão tem sido procurado por muitos prefeitos de diferentes partidos, parte deles do Republicanos, para consultá-lo a respeito da conveniência de migrarem agora para o PSDB. De acordo com uma fonte “quente”, Carlos Brandão tem recomendado que permaneçam nos seus partidos por enquanto permaneçam nas suas agremiações, para evitar que seja acusado de estar “drenando” os partidos. Mesmo assim, vários prefeitos já avisaram que vão trocar de partido e turbinar o PSDB.
São Luís, 18 de Maio de 2021.
Para o governo ,não tenho duvidas que é o Brandão,contudo precisará de um grande nome para vice na sua chapa que tenha carisma e simpatia para fortalecer sua grande vitória em 2022.Existem muitos nomes e na sua maioria fracos nesse critério,o mais forte e com um currículo de dar inveja a muitos seria do Felipe Camarão,contudo parece que pretende disputar uma vaga para Federal. Seria bom se alguém o convence-se a mudar de ideia,o que seria muito bom para o futuro do estado.