A surpreendente concentração de reluzentes Toyta Hilux, portentosas Chevrolet S10, atraentes Nissan Frontier, poderosas Ford Ranger, charmosas Mitsubishi Triton – e outras maravilhas automobilísticas que simbolizam o poder municipal no Maranhão – estacionadas em frente e nas imediações do Hotel Rio Poty, na tarde/noite de ontem, já seria suficiente para levar à conclusão de que o ato de lançamento da chapa “Humberto Coutinho”, liderada pelo prefeito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier (PDT), de Oposição na eleição para o comando da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), que tem o presidente Cleomar Tema (PSB) como candidato à reeleição, foi bem sucedido. Nas contas de quem acompanhou tudo de perto, compareceram mais de uma centena de prefeitos, entre eles o prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PDT), que é o presidente de Honra da entidade, e o seu colega de Caxias, Fábio Gentil (PRB). O encontro aconteceu no final de um dia em que o presidente Cleomar Tema dedicou-se intensamente à sua campanha à reeleição, conversando com aliados e operando para atrair e segurar eleitores.
Na entrevista que concedeu após o lançamento, Erlânio Xavier usou um tom conciliador, propondo que o presidente Cleomar Tema desista da candidatura à reeleição e participe de um consenso em torno da candidatura dele, Erlânio, “para manter a entidade unida”. O dia terminou com os apoiadores da chapa “Humberto Coutinho” prevendo euforicamente “uma grande vitória” do prefeito de Igarapé Grande, enquanto os partidários de Cleomar Tema continuaram afirmando convictos que o prefeito de Tuntum tem experiência e alguns trunfos para renovar o mandato à frente da entidade. A eleição será realizada no dia 30 de Janeiro, com a participação de 207 prefeitos credenciados, já que 10 municípios não são filiados à entidade municipalista. E com o diferencial de que nesse pleito o governador Flávio Dino (PCdoB), e com ele o Governo como um todo, não se envolverá no processo, já que o embate está sendo travado entre dois aliados.
A diretoria eleita neste pleito terá mandato até 2020, quando haverá eleição para prefeito. O presidente Cleomar Tema justifica sua candidatura à reeleição com o argumento de que está com uma série de negociações engatilhadas com o Governo Federal, que poderão resultar em ganhos reais para os municípios, que poderão ser prejudicadas por outros negociadores. Além disso, avalia que fez uma boa gestão e isso lhe dá autoridade política para pleitear a reeleição. Seu opositor, Erlânio Xavier, que lidera o movimento “A Famem é nossa”, apresenta argumentos no sentido inverso, acusando Cleomar Tema de não ter feito uma gestão de bons resultados para os municípios. O candidato a presidente pela chapa “Humberto Coutinho” argumenta ainda que na última eleição foi formado um consenso em torno de Cleomar Tema, com o compromisso de seria presidente por um biênio e que o consenso seria formado em torno de outro nome. “Eu não sou candidato de mim, eu fui convidado pelo grupo e aceitei o desafio”, declarou, depois de que afirmado que “a chapa não está fechada. Deixamos espaço e nossos companheiros aqui querem a unidade”.
A movimentação de Erlânio Xavier não impressionou Cleomar Tema, que passou o dia no seu QG na Famem recebendo prefeitos e conversando com outros por telefone. Com ele estiveram Djalma Melo (PTB), de Arari, Plácido Holanda (PSB), de Santa Luzia do Paruá, Roni Pereira (PCdoB), de Mirador e Raimundo Silveira (PROS), de Parnarama. Todos declararam apoio ao seu projeto de reeleição. “Voto no presidente Tema pelas conquistas que a entidade viabilizou para o municipalismo sob o comando dele. É um dirigente bastante empenhado no seu trabalho, um homem do diálogo e que agora acaba de abrir um importante canal de diálogo junto ao Governo Federal”, declarou Plácido Holanda, de Santa Luzia do Paruá. Djalma Melo (Arari) também foi enfático ao opinar que “Cleomar Tema é o melhor para a Federação, uma vez que já mostrou serviço, cujos resultados estão transparentes, como a nova sede, a Escola de Gestão Municipal e outros avanços”.
O fato é que ontem foi um dia decisivo, com indicativos claros de que, pelo menos até aqui, não há clima para um acordão que leve ao consenso, e que por isso haverá disputa eleição para o comando da Famem. Mas como em política situações aparentemente irreversíveis podem mudar de uma hora para outra, é lógico afirmar que faltando 13 dias (e 13 noites) para a eleição, é precipitado cantar o desfecho.
PONTO & CONTRAPONTO
Flávio Dino “lava as mãos” para a disputa pelo comando da Famem
O governador Flávio Dino lavou as mãos em relação para a disputa pelo comando da Famem. E a explicação é simples e cristalina: o presidente Cleomar Tema, que pleiteia a reeleição, e o atual 2º secretário da entidade, Erlânio Xavier, são aliados seus, de modo que, qualquer que seja o resultado da disputa, o futuro presidente da entidade será alinhado ao Governo, o que significa problemas a menos para o Palácio dos Leões.
Na verdade, o governador tentou evitar esse confronto entre forças da sua base. Depois das eleições de Outubro do ano passado, Flávio Dino tentou convencer a Cleomar Tema e a Erlânio Xavier a sentarem à mesa de negociações em busca de uma candidatura consensual. Logo percebeu que Cleomar Tema não estava disposto a abrir mão do projeto de reeleição nem Erlânio Xavier emitiu qualquer sinal de que abriria mão de ser candidato. Já depois de assumir o novo mandato, o governador sondou os dois lados e se deparou com a mesma situação, ou seja, Cleomar Tema se mostrou irredutível e Erlânio Xavier também. Teria havido até uma tentativa de convencer o governador a se posicionar a favor de um dos dois, mas Flávio Dino teria fulminado a proposta argumentando que esta seria uma interferência descabida na Famem. Diante da impossibilidade de um acordo, decidiu não participar do processo, como fazem os líderes com os pés no chão.
Mas os movimentos que disputam o comando da Famem não estão limitados aos prefeitos. O presidente Cleomar Tema joga em causa própria, tendo o apoio discreto do vice-governador Carlos Brandão, que não faz campanha aberta, mas estaria recomendando a prefeitos que seguem sua orientação a votarem no presidente da Famem. Por sua vez, Erlânio Xavier conta com o apoio bem mais exposto do senador eleito Weverton Rocha (PDT) e com o aval declarado do prefeito de São Luís, Edvaldo Jr.. Por isso, tudo indica que o clima pode esquentar.
Eleitoral e politicamente fraco, Pastor Gildenemyr vai tentar sobreviver nas fileiras do bolsonarismo
O deputado federal eleito Pastor Gildenemyr bateu martelo e trocou o PMN pelo PSL, assumindo a condição de único membro da bancada maranhense filiado ao partido do presidente Jair Bolsonaro. Recebeu pouco mais de 47 mil votos, só conseguindo entrar na poeira da espetacular votação do deputado Eduardo Braide, que lhe deu legendas de sobra para ganhar o direito de morar em Brasília pelos próximos quatro anos.
Natural de Monção, 47 anos e batizado Gildenemir de Lima Souza, Pastor Gildenemyr – trocou, não se sabe o porquê, o i por um y na última sílaba do nome, como fazem alguns aspirantes a pops stars para esconder a humildade das suas raízes –, sendo também conhecido como Pastor Gil, fez carreira na Assembleia de Deus, tendo alcançado a cúpula da denominação unindo o fervor religioso a um ambicioso projeto de chegar no topo. Tornou-se o “nome forte” da congregação evangélica ao receber 95% dos votos da Convenção do Conselho Político da Assembleia de Deus no Maranhão. Foi eleito, é verdade, mas revelou-se um fracasso eleitoral, à medida que recebeu apenas 47,7 mil votos, votação com a qual não chegaria a suplente em outros partidos e coligações. Sua eleição se deve exclusivamente ao deputado Eduardo Braide, que o puxou do limbo das urnas. Para se ter uma ideia da fragilidade eleitoral de Pastor Gildenemyr, seguem alguns exemplos de suplentes que o venceram largamente em matéria de votos: Simplício Araújo (SD) recebeu 74 mil votos, Wolmer Araújo (??) 64,7 mil, Victor Mendes (MDB) 61,1 mil, Gastão Vieira (PROS) 57,8 mil, Elizabeth Gonçalo (Avente) 56,1 mil e Paulo Marinho Jr. (PP) 55,7 mil.
Isso não coloca em dúvida a legalidade da sua eleição, mas demonstra com clareza a sua baixa representatividade política. E lhe impõe a desafiadora tarefa de fazer um mandato correto e produtivo. Ao ingressar nas fileiras do PSL, que encabeça a base do Governo de Jair Bolsonaro, Pastor Gildenemyr assume claramente a condição de parlamentar de direita, posição ideológica que se consolida mais ainda dada a sua posição de representante da Assembleia de Deus, indicando que jogará no time que fará Oposição cerrada ao governador Flávio Dino.
São Luís, 16 de Janeiro de 2019.
Nesses encontros sempre tem uns desentendimentos entre oposições
Vamos aguardar pra ver quem leva essa disputa.
Que o melhor seja escolhido!