Eleição em grandes municípios é desafio decisivo para o projeto de poder do senador Weverton Rocha

 

Weverton Rocha: participação intensa na campanha para fortalecer seu projeto de poder que mira o Palácio dos Leões em 22

A corrida para as eleições municipais está colocando o senador Weverton Rocha (PDT) no que muitos definem como “prova de fogo”. Um políticos mais bem sucedidos da nova geração, comandante supremo do PDT maranhense, que saiu das urnas de 2018 eleito senador com 1.997.443 votos – votação que seus aliados costumam destacar que foi maior que a do governador Flávio Dino (PCdoB) – e não escondendo seu projeto que mira o Governo do Estado em 2022, o líder pedetista caminha para ver seu partido correr o risco de perder o controle administrativo e político da Capital, ficar de fora em outros seis municípios-chave, e com chance de vencer em apenas em Codó, Bacabal e Balsas, entre os 10 maiores colégios eleitorais do Maranhão. Nos últimos dias, canais de informação anotaram que o senador “arregaçou as mangas” para “entrar de cabeça” na campanha de Neto Evangelista (DEM) em São Luís, na qual o PDT participa apenas como coadjuvante, a exemplo de Imperatriz, São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Timon e Caxias. Nesse contexto está claro que as conquistas do PDT nas urnas terão importância decisiva na definição do tamanho político e eleitoral lhe for dado pelas urnas.

A situação mais delicada para Weverton Rocha é, se longe, a de São Luís, principal base do PDT, que a governou durante 16 anos com Jackson Lago e Tadeu Palácio, completando agora duas décadas com o bem avaliado Edivaldo Holanda Jr.. Por uma dessas situações que nem a mágica da política consegue explicar, o PDT por falta de opção, não lançou candidato e participa da disputa como coadjuvante numa chapa liderada pelo candidato DEM, Neto Evangelista, e para a qual contribuiu com a militante pedetista Luzimar Lopes, candidata a vice. Neto Evangelista, porém, não deslanchou, viu seu adversário Duarte Jr. (Republicanos) crescer à sua frente, e com Rubens Jr. (PCdoB) no seu encalço, levando o comandante do PDT a jogar todo o peso da sua liderança e do seu partido para reverter situação. O senador sabe que uma derrota em São Luís, mesmo com a eventual eleição de um candidato do seu campo de alianças, o deixará politicamente fragilizado, numa posição desconfortável.

Em Imperatriz a situação de Weverton Rocha é mais ou menos a mesma: o PDT participa da aliança formada em torno da candidatura do deputado estadual Marco Aurélio (PCdoB), que trava uma guerra de “tudo ou nada” com o prefeito Assis Ramos (DEM) e o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB). Se Marco Aurélio for eleito, Weverton Rocha poderá manter a cidade como base forte. A reeleição do prefeito Assis Ramos não lhe imporá muitas perdas. Mas a eventual eleição Sebastião Madeira lhe criará muitas dificuldades. Situação parecida ocorre em Caxias, onde o PDT não tem candidato e integra a aliança em torno do candidato do PCdoB, deputado estadual Adelmo Soares, apoiado pelo que resta do Grupo Coutinho. O problema é que todas as pesquisas dão vantagem avassaladora ao prefeito Fábio Gentil (Republicanos).

Em Timon, onde já foi o “dono do pedaço”, o PDT não tem candidato a prefeito e participa como coadjuvante na aliança em torno de Dinair Veloso (PSB), que trava uma guerra dura com o coronel/PM Schnneyder (Republicanos) e cujo desfecho ainda é incerto. Em São José de Ribamar, por não haver preparado um candidato viável, o PDT chamou de volta o ex-vereador por São Luís e ex-deputado estadual Jota Pinto, que não emite qualquer sinal de ter alguma chance na disputa já polarizada entre o prefeito Eudes Sampaio (PTB) e o ex-prefeito Júlio Matos (PL). A mesma situação ocorre em Paço do Lumiar, com o PDT apoiando a candidatura da prefeita Paula da Pindoba (PCdoB) à reeleição.

Por outro lado, Weverton Rocha aposta alto em três grandes municípios. Em Balsas, todos os sinais apontam para uma vitória esmagadora do prefeito pedetista Éric Costa. O mesmo deve acontecer em Codó, onde, apesar do fiasco administrativo do atual prefeito pedetista, o ex-prefeito e atual deputado estadual Zito Rolim (PDT) é apontado como franco favorito. O PDT também deve vencer com folga em Bacabal, onde o prefeito Edvan Brandão, recém convertido ao brizolismo, aparece com larga vantagem nas pesquisas.

Nos bastidores políticos a expectativa dominante é a de que o PDT – que elegeu 28 prefeitos em 2016, incluindo o de São Luís – saia das urnas com número igual ou maior, mas sem o peso político de ter o comando da Capital. Esse cenário poderá mudar radicalmente se, “arregaçando as mangas”, o senador conseguir levar Neto Evangelista a virar o jogo e chegar ao Palácio de la Ravardière.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Pugilato verbal entre Duarte Jr., Neto Evangelista e Rubens Júnior pode ser bom ou mau negócio

Duarte Jr., Neto Evangelista e Rubens Jr.: guerra pelo segundo lugar pode ser bom e mau negócio

A corrida para a Prefeitura de São Luís criou nos últimos dias um embate isolado entre Duarte Jr. (Republicanos), Neto Evangelista (DEM) e Rubens Jr. (PCdoB). Os três brigam pela posição de disputar um segundo turno com Eduardo Braide (Podemos). Não está sendo uma simples troca de farpas, já tendo alcançado o desenho de guerra declarada, com ataques fortes e rebates mais fortes ainda. Neto Evangelista e Rubens Jr. usam estratégias bem armadas para minar o crescimento de Duarte Jr.. O primeiro fez uma edição marota da sua participação no debate da TV Difusora em que tenta carimbar o candidato do Republicanos de “carioca que vêm para o Maranhão pensando que maranhense é besta”. Só que a esse “sabão” foi respondido por Duarte Jr. lembrando que chegou ao Maranhão aos cinco anos de idade. Rubens Jr. foi duramente atacado por Duarte Jr. depois de tê-lo associado ao bolsonarismo pelo fato de o presidente do Republicanos no Maranhão, deputado federal Cleber Verde, haver integrado o grupo parlamentar que recebeu o presidente Jair Bolsonaro no Maranhão. Duarte Jr. reagiu com virulência chamando Rubens Jr. de “bandido”, dando ao candidato do PCdoB motivo para cobrar reparação na Justiça.

Há quem diga que o QG de Eduardo Braide estaria torcendo para que o seu adversário no segundo turno seja Duarte Jr., avaliando que, por conta das diferenças, será mais difícil para ele mobilizar as forças que apoiam Neto Evangelista e Rubens Jr. em torno da sua candidatura, calculando inclusive que seria mais fácil atrair apoio de parte desses grupos. Outros acham que um embate do candidato do Podemos com Neto Evangelista seria mais difícil, porque o candidato do DEM mobilizaria mais segmentos das forças da aliança governista. Finalmente, é quase unânime entre os apoiadores de Eduardo Braide de que o candidato mais temido é Rubens Júnior, pelo poder de fogo que tem de aglutinar as forças da base governista.

Por outro lado, há quem observe que, se conseguirem atropelar Duarte Jr., tanto Neto Evangelista quanto Rubens Jr. dependerão muito do apoio do eleitorado de Duarte Jr., que parece ser muito fiel, podendo em grande medida atender ao apelo que ele lhe fizer, caso não chegue ao segundo turno. Isso pode significar 70 mil votos, que poderão rumar para onde o candidato do Republicanos sinalizar.

É cedo, portanto, para dizer quem sairá vitorioso dessa briga.

 

Edivaldo Jr. terá posições diferentes dependendo de quem for para o segundo turno com Eduardo Braide

Edivaldo Holanda Júnior: longe da corrida eleitoral no primeiro turno em São Luís

Já se sabe que o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) não se manifestará sobre sua sucessão no primeiro turno da eleição, deixando para fazê-lo no segundo turno. O que observadores mais atentos aguardam é a intensidade da sua manifestação. Caso seja a segunda rodada seja entre Eduardo Braide e Duarte Jr., o prefeito certamente se posicionará a favor do segundo, mas há quem diga que não será tão enfático, por conta das estocadas indiretas que vem recebendo do candidato do Republicanos na campanha. Se a disputa for entre Eduardo Braide e Neto Evangelista, apoiará o candidato do DEM, mas sem jogar-lhe confetes e de maneira discreta, exatamente pelo mesmo motivo. Mas se o embate final se der entre Eduardo Braide e Rubens Jr., entrará de cabeça na campanha, respondendo ao apoio que vem recebendo do candidato do PCdoB durante a campanha, na qual a frase-chave é: “O prefeito Edivaldo vai entregar ao seu sucessor uma cidade muito melhor do que a que ele recebeu”.

Vale lembrar que depois da sua passagem bem-sucedida pela prefeitura de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. fará de tudo para não se meter em bola dividida. Para ele, é fundamental preservar seu cacife para o próximo passo que pretende dar: disputar vaga na Câmara Federal, tentar o Senado, ser candidato a vice-governador ou entrar na guerra pelo Palácio dos Leões.

São Luís, 03 de Novembro de 2020.

 

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