Edivaldo Jr. tenta um desafio gigantesco: se livrar de Lahesio e alcançar Weverton com discurso “antibriga”  

 

Edivaldo Jr. quer se desgarrar de Lahesio Bonfim e alcançar Weverton Rocha na corrida aos Leões

Confirmado na terceira posição na corrida ao Palácio dos Leões, o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. vai centrar sua pré-campanha de pré-candidato do PSD no objetivo de se desgarrar do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim, pré-candidato do PSC, e jogar pesado para alcançar o segundo colocado, que segundo a pesquisa Escutec mais recente, é o senador Weverton Rocha, pré-candidato do PDT, recém ultrapassado pelo governador Carlos Brandão, pré-candidato do PSB à reeleição. Para tanto, vai intensificar o discurso com qual pretende ser identificado como a “terceira via”, certo de que essa posição poderá lhe empurrar para um eventual combate em segundo turno com o governador Carlos Brandão ou até mesmo com o senador pedetista. Edivaldo Jr. já está dando os primeiros passos nessa estratégia com o discurso dos filmetes de propaganda do PSD, nos quais se apresenta como bom moço e crítico da política do confronto.

Sem ser exatamente original, o mote é inteligente e a estratégia tem tudo para ser eficiente. Primeiro porque num país em que, sem um projeto de Governo e conquistas visíveis, o presidente da República se alimenta do confronto, comprando brigas com Deus do mundo, à esquerda e à direita, parece um bom negócio adotar uma estratégia nessa linha, como paladino do trabalho e da moderação. E segundo, porque o cidadão e o político Edivaldo Holanda Jr. se encaixam sem maiores dificuldades nesse perfil. Sua trajetória de dois mandatos de vereador de São Luís, meio mandato de deputado federal e dois mandatos de prefeito das Capital justifica, sem muito esforço, esse movimento. E encontra alvos nítidos em Lahesio Bonfim, pré-candidato do PSC, e em Weverton Rocha, pré-candidato do PDT, dois políticos pré-dispostos a entrar nessa seara perigosa, se for o caso, para chegar onde pretendem.

Com 12% de intenções de voto, segundo a última pesquisa Escutec, tecnicamente empatado com Lahesio Bonfim, que apareceu com 11% no mesmo levantamento, e oito pontos percentuais atrás de Weverton Rocha, que tem se mantido na faixa dos 20%, Edivaldo Jr. parece ter clara noção de que o seu objetivo é, na verdade, um desafio gigantesco nas duas pontas do projeto. Ele sabe que os dois oponentes que pretende deixar para trás não são presas fáceis, muito ao contrário.

O ex-prefeito de São Luís está plenamente ciente de que Lahesio Bonfim se mostra cada dia mais confiante de que o fato de ser “a novidade” no contexto da disputa lhe dá um gás extra para desempatar o jogo a seu favor e seguir em frente, para, ele próprio, tentar chegar no segundo colocado. Essa confiança aumentou com a saída do senador Roberto Rocha (PTB) do páreo para disputar a reeleição, e mais ainda com a desistência já admitida do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), que por indução do Palácio do Planalto, poderá apoiá-lo. E certamente já avaliou que tirar o colega ex-prefeito do seu calcanhar poderá exigir uma ação de confronto direto, que vai exatamente na contramão da política pacifista que ele está pregando. Uma forma de ação política que Lahesio Bonfim parece gostar.

Se desgarrar-se de Lahesio Bonfim é tarefa difícil, dá para imaginar o tamanho da encrenca que será engordar na preferência do eleitorado o suficiente para alcançar e ultrapassar o senador Weverton Rocha e se posicionar como o adversário do governador Carlos Brandão num eventual segundo turno. A julgar pela pré-campanha intensa e quase obstinada do pré-candidato do PDT, o discurso “civilizado e antibriga” do candidato do PSD não será suficiente para alcançar o objetivo traçado. Weverton Rocha tem se mostrado um adversário forte e determinado, tendo a seu favor uma megaestrutura de campanha. Alcançá-lo e deixá-lo para trás não é exatamente impossível, mas qualquer observador sabe que não será nada fácil.

Em resumo: o projeto do pré-candidato Edivaldo Jr. de tornar a “terceira via” é um desafio gigantesco, que, se vier a ser alcançado, reafirmará em definitivo a imprevisibilidade da política.

Em tempo: A pesquisa Estutec foi feita entre 26 e 30 de abril, ouviu 2 mil eleitores em 73 municípios, tem margem de erro de 2,19% para mais ou para menos, intervalo de confiança de 95% e está registrada no TRE sob o protocolo MA 02565/2022.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

União Brasil deve continuar rachado no Maranhão

Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes: União Brasil vai continuar rachado no MA

Não surpreenderam as declarações do deputado estadual Neto Evangelista comentando, em tom de desânimo, a indefinição do União Brasil – resultado da fusão DEM/PSL – em relação à disputa para o Governo do Estado e Senado. E se ele não foi direto e esclarecedor nas explicações, a situação é simples, e foi objeto de um comentário da Coluna na semana que passou: o União Brasil no maranhão está rachado ao meio, com seus dois líderes, os deputados federais Juscelino Filho (ex-DEM) e Pedro Lucas |Fernandes (ex-PSL), posicionados em campos opostos, o primeiro ao lado do senador Weverton Rocha (PDT), apoiando também a pré-candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição, e o segundo alinhado ao governador Carlos Brandão (PSB), tendo o ex-governador Flávio Dino (PSB) como candidato do Senado. E como parece haver um acordo pelo qual o comando nacional do partido não se envolverá nos seus braços regionais, os dois parlamentares se juntarão para apoiar o candidato que o partido vier a escolher para a Presidência da República, ficando liberados para se posicionar no estado de acordo com as suas conveniências. E como estão em campos opostos sem serem inimigos, Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes tendem a manter a situação como está no primeiro turno, para decidir o que fazer em caso de segundo turno.

 

Bancada mantém silêncio sobre ataques à urna eletrônica

Tem chamado a atenção a indiferença da esmagadora maioria da bancada federal do Maranhão em relação aos ataques, cada vez mais ostensivos, do presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua turma ao mundialmente elogiado e cada vez mais seguro sistema de votação brasileiro por urna eletrônica. Salvo os oposicionistas senadora Eliziane Gama (Cidadania) e os deputados federais Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Jr. (PSB), que se manifestam sempre que o presidente Jair Bolsonaro investe contra o sistema eleitoral, os demais representantes permanecem em silêncio, como se nada estivesse acontecendo. Vale registrar que o silêncio é mantido também pela fatia bolsonarista da representação maranhense no Congresso Nacional.

São Luís, 19 de Maio de 2022.

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