Dividido ao meio, União Brasil ainda está oficialmente sem rumo no Maranhão

 

Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes disputam o comando de um partido rachado em maior no estado

De todos os braços partidários em atuação no Maranhão, o que vive a situação mais complicada é o União Brasil, partido recém-nascido, fruto da fusão do DEM com o PSL. Quase todas as secionais maranhenses dos partidos têm problemas de maior ou menor gravidade, seja por alguma dissidência, seja por causa de segmentos que optaram por caminhos diferentes dos orientados pelas cúpulas partidárias, seja, enfim, por divergências quanto a candidaturas majoritárias e outros pontos sem convergência. Essas mazelas afetam, por exemplo, o PT, o PDT, o MDB, o PSOL e vários outros partidos. Nenhum dos problemas dessas agremiações se compara ao do União Brasil, cujo braço maranhense é rachado ao meio, com uma banda liderada pelo deputado federal Juscelino Filho, que tinha o controle do DEM, e outra comandada pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que controlava o PSL. Juscelino Filho apoia o projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado, enquanto Pedro Lucas Fernandes está alinhado à pré-candidatura do governador Carlos Brandão (PSB).

Não há qualquer sinal de que os dois grupos venham a baixar suas guardas para tentar um entendimento sobre o cenário político estadual. E até onde é sabido, não se teve até agora notícia de como os dois parlamentares estão tratando a pré-candidatura do líder máximo da legenda, deputado Luciano Bivar, a presidente da República. E nem Juscelino Filho nem Pedro Lucas Fernandes disse uma só palavra sobre o projeto que embala o discurso do presidenciável do partido: o Imposto Único.

Eleito em 2014 pelo PRP com 83 mil votos e reeleito em 2018 pelo DEM com 97 mil, o deputado Juscelino Filho perdeu espaço partidário com a criação do União Brasil e com o seu alinhamento à pré-candidatura do senador Weverton Rocha, exatamente por não ter conseguido unir o partido em torno desse projeto. Mesmo tendo sido prestigiado pela cúpula nacional com a vice-liderança do partido e a presidência do Conselho de Ética da Câmara Federal, sua situação se complicou mais ainda quando seu principal aliado, a deputada estadual Andreia Rezende, migrou do DEM para o PSB, integrando a base da pré-candidatura de Carlos Brandão. O parlamentar tem reafirmado seu apoio a Weverton Rocha, mas sofre um o processo de isolamento dentro do partido, enfrentando inclusive dificuldade para manter prefeitos aliados nesse movimento.

Por seu turno, Pedro Lucas Fernandes, que era vereador de São Luís, se elegeu deputado federal em 2018 pelo PTB com 111 mil votos. Nos últimos três anos teve vida partidária tumultuada que o levou a romper com a cúpula do PTB, que se tornou um braço radical do bolsonarismo. Depois de algum tempo sem partido, o parlamentar se filiou ao PSL, assumindo o controle do partido no Maranhão. Essa situação permaneceu até a fusão DEM/PSL, que resultou no nascimento do União Brasil. Juntamente com seu pai, o ex-vereador e ex-deputado federal Pedro Fernandes, atual prefeito de Arame, Pedro Lucas Fernandes se alinhou ao projeto de candidatura do governador Carlos Brandão, apoiando também a candidatura do ex-governador Flávio Dino (PSB) ao Senado.

Embora seus dois líderes já tenham feito suas escolhas na corrida ao Palácio dos Leões, oficialmente o União Brasil não se posicionou sobre o tema. Uma das razões do não posicionamento partidário formal é o fato de que o braço maranhense do partido ainda não tenha um comando definido e um presidente que fale em nome do partido. Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes travam um embate duro, mas civilizado, pelo comando do partido. O desfecho dessa queda-de-braço não tem data, podendo acontecer a qualquer momento. Há quem acredite que o fato de ter ganhado a vice-liderança na Câmara Federal tirou o deputado Juscelino Filho da luta pelo comando partidário, fortalecendo a tendência de que a presidência caia nas mãos do deputado Pedro Lucas Fernandes.

Diante do posicionamento dos seus principais líderes no Maranhão, a expectativa no meio político é sobre como o partido se posicionará oficialmente em relação à disputa pelo Governo do Estado e pelo Senado.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PSD quer que Edivaldo Jr. se afaste de Lahesio, ultrapasse Weverton e chegue a Brandão

Edivaldo Jr. vai jogar duro

O comando do PSD tomou uma decisão de usar todos os recursos disponíveis para levar o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. ao segundo turno da disputa para o Governo do Estado. Os chefes do partido, cujo comando maior é do deputado federal Edilázio Jr., avaliaram o cenário e chegaram à conclusão de que ele, Edivaldo Jr., tem potencial para crescer e ultrapassar o agora segundo colocado na corrida, que no momento é o senador Weverton Rocha (PDT), segundo a mais recente pesquisa do Escutec, que apontou a liderança do governador Carlos Brandão (PSB). Por essa avaliação, a corrida aos Leões dificilmente se dará em turno único. Para chegar à condição de principal adversário do governador Carlos Brandão, Edivaldo Jr. tem um desafio duplo: primeiro é se descolar de vez da ameaça que lhe faz o candidato do PSC, Lahesio Bonfim, que se mantém na fronteira dos 10% das intenções de voto, e o segundo é alcançar e ultrapassar Weverton Rocha, que pelo menos uma dezena de pesquisas encontra-se estacionado na faixa dos 20% das intenções de voto. O ex-prefeito de São Luís já está ajustando o seu discurso para esse objetivo, quando se declara um político que não gosta de brigar e que é focado no trabalho. Se ele conseguir pressionar de fato o pré-candidato pedetista, este, por sua vez, terá de partir para o contra-ataque e, ao mesmo tempo, tentar alcançar o governador Carlos Brandão, o que é um desafio bem mais complicado. O fato é que Edivaldo Jr. fará uma campanha mais contundente, tanto para se livrar de Lahesio Bonfim quanto para alcançar e ultrapassar Weverton Rocha.

 

Se Simone Tebet não for candidata, MDB do maranhão apoiará Lula da Silva

Roseana Sarney quer MDB apoiando Lula 

A ex-governadora Roseana Sarney, presidente regional do MDB, está aguardando o desenrolar das articulações para a definição do partido em relação à corrida presidencial, na qual a senadora mato-grossense Simone Tebet se movimenta para ser candidata do partido ao Palácio do Planalto. O MDB está dividido, com uma corrente defendendo o lançamento de uma candidatura própria – no caso Simone Tebet -, e a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT). Tanto Roseana Sarney quando seu pai, o ex-presidente José Sarney, apoiam a candidatura de líder petista, que no Maranhão tem também o apoio do governador Carlos Brandão, do ex-governador Flávio Dino e ainda do senador Weverton Rocha (PDT). Corre nos bastidores que, caso Simone Tebet não saia candidata ao Palácio do Planalto, o MDB maranhense deve anunciar oficialmente seu apoio ao ex-presidente Lula da Silva.

São Luís, 13 de Maio de 2022.

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