O Governador Flávio Dino (PCdoB) intensifica as ações do seu Governo e as articulações políticas; a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) inicia em Porção de Pedras uma maratona de visitas políticas a três dezenas de municípios; o deputado Eduardo Braide (PMN) acelera os entendimentos para fechar uma aliança com o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares (em processo de migração do PSB para o DEM); e o senador Roberto Rocha (PSDB) tenta se situar no cenário sucessório. Os três movimentos compõem o quadro real em que se desenvolve a corrida para o Palácio dos Leões, que parece caminhar mesmo para uma disputa envolvendo o governador comunista, a ex-governadora emedebista e o deputado pemenista. Tudo indica que a candidatura do ex-deputado Ricardo Murad (PTN) não se sustentará, e mesmo que venha a vingar não irá a lugar algum. No mais, outros aspirantes ao Governo, como Maura Jorge (Podemos) e Odivio Neto (PSOL), viverão no máximo uma boa experiência em marcar posição num pleito que certamente entrará para a História como um mais animados, tensos e politicamente importantes nos últimos tempos, porque poderá, ou não, colocar ponto final num longo ciclo da vida política maranhense.
Com o indiscutível cacife de favorito na corrida sucessória, o governador Flávio Dino vem mostrando bom senso e equilíbrio suficientes para manter a serenidade em refrear a empolgação e a precipitação, reafirmando sempre aos seus liderados que eleição só está ganha depois de anunciado o resultado das urnas. Dino tem sólida plataforma partidária, formada por PCdoB, PDT, PT e PRB, podendo ou não contar ainda com DEM, PP, PTB, PR e outros menores. As pesquisas feitas até aqui informaram que mais de 60% aprovam seu Governo e que 55%, em média, se disseram dispostos a lhe um segundo mandato. No plano nacional, conta com o apoio e o aval dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Lula da Silva, ambos do PT, e, claro, da pré-candidata do seu partido a presidente, a deputada gaúcha Manuela D`Ávila. Todos os sinais emitidos até agora dizem que seu cacife é sólido e que ele será um candidato muito difícil de ser batido.
A ex-governadora Roseana Sarney (MDB) é, de acordo com as pesquisas, o segundo nome mais forte na corrida ao Palácio dos Leões, mas até agora com percentuais bem inferiores aos do governador Flávio Dino, e a maior rejeição entre todos os nomes citados nos levantamentos. Ciente de que tem um grande desafio a vencer para ter chance nessa disputa, Roseana Sarney dá a largada na sua pré-campanha, realizando uma maratona de visitas políticas a 30 municípios, a partir de Porção de Pedras, na região central do Maranhão, sendo que a programação maior prevê sua passagem pelos 217 municípios até às vésperas das convenções por meio das quais os partidos definirão os seus candidatos. Ao final da maratona, uma o pesquisa avaliará o seu desempenho e dirá se ela deve ou não formalizar a sua candidatura. Em princípio, há uma nítida tendência no sentido de que Roseana Sarney entre na disputa, mas a palavra final ela só dará quando a cúpula nacional do MDB bater martelo em relação à corrida presidencial, lançando um candidato próprio – o presidente Michel Temer, por exemplo -, ou participando de uma aliança com o PSDB.
O deputado Eduardo Braide é ainda visto como uma incógnita na corrida ao Palácio dos Leões. Apontado no meio político como um nome com potencial para inverter o roteiro desenhado até aqui para as eleições de outubro, o deputado do PMN trabalha em busca de parceiros para uma aliança que lhe dê uma estrutura básica, algum tempo de televisão e aliados que o ajudem a capilarizar o seu nome em todas as regiões do Maranhão. No momento, o seu foco é fechar um acordo com o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, que perdeu de vez o PSB e tenta viabilizar sua candidatura a senador. Braide sabe que seu projeto é de altíssimo risco: se entrar para valer e sair por cima, tudo bem, entrará para a História como um fenômeno; mas se perder, amargará sua segunda derrota majoritária em apenas dois anos, e ficará sem mandato. Mantém no forno a candidatura para a Câmara Federal.
O senador Roberto Rocha está desembarcando de vez no cenário da corrida ao Governo estadual. E com a vantagem de quem tem um partido forte, o PSDB, e o aval da cúpula nacional dos tucanos. Pode, portanto, se candidatar sem maiores problemas, mas pode também abrir mão dessa candidatura e usar seu peso político e partidário numa aliança em torno de outro candidato, que pode ser Eduardo Braide ou Roseana Sarney. Roberto Rocha tem bem claro que se a opção for se candidatar, enfrentará uma parada dura, e dependerá muito da força do candidato do PSDB a presidente, provavelmente Geraldo Alckmin. Sabe também que, se optar por apoiar um dos candidatos, em especial Eduardo Braide, dará, sem dúvida, uma sacudida forte no roteiro da disputa.
É esse o cenário do momento de uma corrida com desfecho previsível devido à força política do favorito, mas que, como toda eleição, trem lá sua dose de imprevisibilidade.
PONTO & CONTRAPONTO
Lobão manda recado: “Temos certeza de uma vitória completa”.
“Vamos às eleições para vencer”. Com essa declaração – dada em entrevista publicada na edição de ontem de O Imparcial e que pareceu uma resposta à provocação feita recentemente pelo secretário de Articulação Política e Comunicação, Márcio Jerry, que preside o PCdoB -, o senador Edison Lobão (MDB) confirmou sua candidatura à reeleição e jogou lenha na fogueira sucessória com o aviso tonitruante de que o Grupo Sarney vai jogar todo o seu peso no pleito de outubro. Político de primeiro time, com uma longa e vitoriosa carreira – foi deputado federal, governador, ministro de Estado e senador no quarto mandato -, Edison Lobão caminha para o fechamento da sua carreira. Na entrevista, Lobão fez um breve apanhado da sua carreira e fez questão de dizer que o seu grupo vai para a eleição “para vencer”, avaliando que “o atual quadro político favorece o nosso grupo e temos certeza de uma vitória completa”. Perguntado pelo repórter Paulo de Tarso Jr. o porquê de disputar mais uma eleição, Lobão jogou a modéstia para o alto e mostrou o seu lado raposa: “Quem decide o destino do político é o povo. Ninguém é candidato de si mesmo. E o que eu percebo no contato com as lideranças políticas e na análise das pesquisas de opinião é que o povo deseja a minha permanência no Senado”. Mais adiante, o senador disse que tem certeza da “vitória completa”, afirmando que, no seu entendimento, “o quadro político favorece nosso grupo”. Com a tarimba que lhe é peculiar, Edison Lobão usou a sua habilidade para evitar confrontos desnecessários quando lhe foi perguntado sobre o Governo Flávio Dino: “Quem vai julgar o atual Governo é o povo, que se manifestará livremente nas eleições”. Fez uma observação superficial sobre violência e saúde, e concluiu: “O povo já se deu cinta de que a atual administração não é aquela com a qual sonhou”. A entrevista passou ao largo de questões espinhosas como as acusações que o senador e ex-ministro enfrenta no pacote do Petrolão e da Lava Jato – contestou todas e nada contra ele foi comprovado até agora. A entrevista do senador Edison Lobão foi um aviso claro, principalmente para quem está na corrida ao Senado, de que, ao contrário do que muitos apostaram, ele está de pé e pronto para a guerra eleitoral.
Secretários preparam as gavetas para deixar cargos e correr por votos
Dentro de 20 dias – antes de terminar o mês de Março, portanto -, os integrantes da cúpula do Governo do Estado, a começar pelos secretários de Estado, interessados em disputar mandato eletivo nas eleições de Outubro devem deixar seus cargos. O aviso foi dado sexta-feira pelo próprio governador Flávio Dino, em ato político em Imperatriz que já avisou: não fará concessão a nenhum dos integrantes do primeiro escalão que já se movimente como pré-candidato.
Devem se desligar para brigar por votos os seguintes secretários: Márcio Jerry (Articulação Política e Comunicação), Marcelo Tavares (Casa Civil), Adelmo Soares (Agricultura Familiar), Simplício Araújo (Indústria e Comércio), Julião Amin (Trabalho e Emprego), Márcio Honaiser (Pesca e Agricultura), Marcelo Coelho (Meio Ambiente), Neto Evangelista (Desenvolvimento Social), Duarte Júnior (presidente Viva/Procon), Odair José (Presidente da Comissão de Licitação), Pedro Lucas Fernandes (Agência Metropolitana), entre outros ocupantes de cargos comissionados.
São Luís, 05 de Março de 2018.
Obrigado Bruno!