Flávio Dino enfrenta com firmeza guerra com duas frentes: a do coronavírus e a de Jair Bolsonaro

 

Flávio Dino enfrenta guerra de duas frente: o coronavírus no Maranhão e Jair Bolsonaro, que tenta minimizar crise

Toda a controvérsia que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), motivado por conselheiros terraplanistas, tentou criar para minimizar a gravidade da epidemia do novo coronavírus no Brasil, pretendendo com isso impedir o isolamento social e, assim, evitar danos à economia, conseguiu apenas fortalecer na maioria a certeza de que, com base científica, a ameaça de desastre é indiscutível, e de que ele e os que o cercam mais de perto patinavam no erro e começam a cair na realidade. No Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB), marchou no sentido inverso e foi uma das primeiras vozes no País a defender o isolamento social recomendado por autoridades mundiais em epidemiologia e infectologia, tornou-se um dos articuladores mais ativos do movimento de governadores que abraçou a providência e conseguiu convencer mais de 80% dos brasileiros de grandes, médias e pequenas cidades a usar a quarentena como proteção contra o implacável e devastador inimigo invisível. E com esse lastro, tem comandado uma guerra de duas frentes, uma interna, que é superar gigantescas dificuldades para enfrentar a pandemia com o isolamento social, e outra, externa, que atende pelo nome de Jair Bolsonaro.

No front doméstico, o governador editou um robusto pacote de medidas excepcionais, determinando, por exemplo, o isolamento social, fechou o comércio, suspendeu o funcionamento das escolas públicas e privadas e também da máquina administrativa, mobilizou todos os recursos possíveis para estruturar a área de saúde, decretou estado de calamidade pública e impôs férreo controle nas fronteiras terrestres e nos aeroportos. E mesmo diante de uma situação financeira difícil – “Cada dia com sua agonia”, segundo ele próprio – e de uma pouco animadora expectativa de receita para os próximos tempos, determinou a revisão do planejamento orçamentário de 2020, ordenou corte de gastos em algumas áreas, mas aliviou o contribuinte com o adiamento do pagamento do IPVA, também reduziu de 18% para 12% o ICMS incidente sobre álcool em gel, máscaras, luvas e outros insumos necessários ao combate ao novo coronavírus, entre outras medidas de natureza social e fiscal. E justificou suas ações, com serenidade e sem melodrama: “Eu acredito na ciência e nos profissionais de saúde, não em ficções irresponsáveis. Entendo e compartilho da angústia dos que querem a célere cessação de medidas excepcionais. Assim que houver apoio científico dos profissionais de saúde, farei a revisão das medidas preventivas com a máxima seriedade e velocidade”. A esmagadora maioria dos maranhenses respondeu positivamente.

No front externo, o governador do Maranhão tem sido um dos articuladores mais ativos no embate dos governadores com o presidente Jair Bolsonaro, que teimou em não reconhecer a gravidade universal da pandemia do coronavírus na hora devida, preocupado que estava em colocar a economia em primeiro lugar no ranking das suas preocupações. Flávio Dino o criticou seguidas vezes o presidente, sem deixar que o confronto – que tem natureza política – comprometesse as condições para manter a relação institucional entre o Palácio dos Leões e o Palácio do Planalto. No caso presente, tem criticado a postura do presidente da República, que parece não querer enxergar que o monstro epidêmico só mostrou até agora a cauda e que se move para mostrar ainda as garras e os dentes. Tem alertado que ainda não se pode baixar a guarda, sob pena de assumir o risco de consequências catastróficas.

Nessa guerra, Flávio Dino tem se comportado e atuado como um político que governa com responsabilidade, consciência, razão, equilíbrio, boa articulação e muita informação. Todas as decisões que tomou até agora têm suporte científico e se baseiam no princípio político de cuidar da sociedade, custe o que custar. Na contramão dos donos da chave do cofre federal (para os quais é melhor contar mortos do que desempregados, segundo a interpretação do prestigiado economista Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda do Governo Sarney), o governador não se deixou seduzir pela promessa do presidente Jair Bolsonaro de usar R$ 88 bilhões para enfrentar o vendaval da pandemia no Brasil. Na linha do que estão pregando grandes economistas, Flávio Dino vem defendendo o uso de recursos públicos sem garrotes fiscais para combater ao coronavírus, visando também a sobrevivência dos alcançados pelas consequências econômicas da pandemia.

A credibilidade que acumulou nos cinco anos de Governo e sua atuação até aqui autorizam Flávio Dino a liderar os maranhenses nessa guerra. Até aqui, ele não cometeu erros, não pecou por omissão nem derrapou em excesso de qualquer natureza. Tem agido com foco, respaldado na boa informação. Tem agido sem vacilação, como se espera de um governante. No front externo, tem atuado com seriedade e pragmatismo institucional. Atua politicamente? Claro, é um político respaldado por um mandato renovado e com um enorme horizonte pela frente. A guerra contra o coronavírus pode ser o grande teste da sua caminhada.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Prefeito de Imperatriz volta atrás e manterá o comércio fechado por mais tempo

Assis Ramos: meia-volta

O prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (DEM), teve de rever sua decisão de autorizar a reabertura do comércio da cidade nesta-segunda-feira. O seu recuo não foi uma exatamente uma decisão baseada na consciência de que o fechamento continua sendo a melhor medida para garantir o isolamento social, que é a estratégia mais eficaz para quebrar o avanço da onda do novo coronavírus no estado. Pressionado por comerciantes insuflados pelo presidente da República e seus partidários, para quem a epidemia é um exagero da imprensa, o prefeito Assis Ramos anunciou na sexta-feira que atenderia o pedido desses grupos de pressão, mas diante da decisão do juiz, Douglas Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, que proibiu as carreatas programadas para sábado à tarde por partidários do presidente da República em vários municípios, como meio de pressão contra o isolamento social e a suspensão temporária das atividades produtivas e comerciais, voltou atrás e anunciou ontem, em mensagem de vídeo, a decisão de manter o comércio fechado. No vídeo, com ar de desapontamento, Assis Ramos informa sua decisão de voltar atrás e argumenta que a tomou por causa do avanço da epidemia. O prefeito de Imperatriz, que está em franco movimento de pré-campanha pela reeleição, caiu na real e, mesmo correndo o risco de ganhar a antipatia dos partidários do presidente da República, tomou uma atitude administrativamente correta.

 

Vereadores preocupados com pré-campanha sem aperto de mão nem tapinha nas costas

Vereadores de São Luís estão mantendo distância física até entre eles mesmo por causa da Covid-19

 

Uma grande preocupação assalta os 31 vereadores de São Luís: com o isolamento social por causa do coronavírus, eles estão encontrando sérias dificuldades para alimentar o aperto de mão e o tapinha nas costas típico dos períodos de pré-campanha eleitoral. Boa parte dos atuais vereadores são políticos traquejados no corpo-a-corpo, prática que não funcionará bem nos próximos tempos por conta da recomendação de que a prudência e a prevenção mandam que o melhor mesmo é manter distância e levar a simpatia eleitoreira com sorrisos e acenos. Esse e outros problemas angustiantes fazem com que boa parte dos edis ludovicences estejam torcendo em silêncio para que o pleito de outubro seja adiado, de modo que a campanha eleitoral possa transcorrer com a massa de eleitores já livre das limitações severas impostas pelo novo coronavírus.

São Luís, 29 de Março de 2020.

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