Declaração de Flávio Dino reforça confirmação de Othelino Neto no comando do Poder Legislativo

 

Othelino Neto tem o apoio declarado de Flávio Dino para novo mandado de presidente da Assembleia Legislativa, mas sem interferir na escolha da Mesa

“Espero que o presidente Othelino tenha êxito”. Com a declaração, feita ontem durante entrevista ao programa Ponto e Vírgula, da Rádio Difusora FM, o governador Flávio Dino (PCdoB) contribuiu decisivamente para a consolidação da eleição do deputado Othelino Neto (PCdoB) para presidir a Assembleia Legislativa no primeiro biênio (2019/2020) da nova legislatura, que será iniciada em fevereiro. Mesmo fazendo questão de enfatizar que a escolha do presidente do Poder Legislativo é decisão exclusiva dos deputados estaduais, não cabendo interferência direta ou indireta de outro Poder, o governador deixou clara sua simpatia pela virtual eleição do atual presidente. Mais ainda pelo fato de que todas as costuras estão sendo feitas pelo próprio presidente, apoiado pelo PCdoB e os partidos que formam a base governista na Casa. A movimentação do presidente vem resultando numa articulação que levou as principais vozes da Oposição a declararem apoio a Othelino Neto, como os deputados Adriano Sarney (PV) e Wellington do Curso (PSDB), por exemplo.

O resultado das eleições por si só garantiria a nova eleição – que não é uma reeleição, por ser decisão de uma nova Assembleia Legislativa para uma nova legislatura – do presidente Othelino Neto. Os partidos governistas saíram das urnas com mais de dois terços dos novos deputados estaduais, o que seria suficiente para eleger o presidente num processo de “ordem unida”.  Ocorre que a Assembleia Legislativa é uma Casa essencialmente política, onde presidente imposto “goela abaixo” não funciona. A “maciça” elege um presidente sem precisar da Oposição, mas não assegura que o ungido lidere a Casa. Daí ser necessário que a eleição da Mesa, que é composta pelas representações partidárias, seja o resultado de negociações bem amarradas.

Um presidente de Assembleia imposto corre o risco de atuar como um cumpridor de tarefas, sem autoridade para fazer as articulações que levam à solução de impasses, de crises localizadas, de insatisfações e tremores institucionais, que as investidas dos articuladores palacianos não conseguem resolver. O presidente da Casa legislativa tem de ser, portanto, um articulador, com capacidade de mediar conflitos internos e de ser uma ponte confiável entre o parlamento, o Governo e o Judiciário. Um presidente que não tenha autoridade nem habilidade para fazer  costuras políticas estará fadado a cumprir um mandato pífio, mergulhado  no descrédito.

Nas últimas décadas, a Assembleia Legislativa foi comandada por políticos com diferentes perfis, mas todos dotados de muita habilidade. Alguns exemplos: Nagib Haickel, Manoel Ribeiro, João Evangelista, Carlos Alberto Milhomem, Marcelo Tavares, Arnaldo Melo e Humberto Coutinho. O presidente Othelino Neto, que assumiu o comando com a morte de Humberto Coutinho, num momento fortemente tensionado pela aproximação das eleições, tem sido uma revelação pela habilidade com que tem conduzido a Casa, fazendo as articulações internas e operando de maneira eficiente. Os que imaginaram que ele fracassaria se surpreenderam com o desempenho do jovem sucessor. E quando o próprio governador Flávio Dino, que é um político hábil, traquejado e exigente, se manifesta com uma declaração de apoio, é uma evidência de que as coisas estão indo bem nas relações Executivo-Legislativo. E quem conhece o governador sabe que ele não daria esse aval sem ter a certeza de que esse é o caminho.

Todos os sinais saídos até agora dos bastidores do Palácio Manoel Beckman indicam que o presidente Othelino Neto caminha para presidir a Casa renovada, a partir de fevereiro do ano que vem. Com a vantagem de quem, mesmo integrante da poderosa e majoritária base de apoio governista, não está ganhando um presente. Ao contrário, sua eleição será principalmente fruto de ampla e bem conduzida costura em várias frentes. Tanto que em nenhum momento foi ensaiado qualquer movimento no sentido de abrir uma disputa pelo comando do Poder Legislativo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Márcio Jerry ainda não sabe se irá para Brasília ou voltará a cargo no Governo

Márcio Jerry tem dito que seguira a orientação do governador Flávio Dino

São intensas as especulações sobre o futuro imediato do deputado federal eleito Márcio Jerry (PCdoB). Uns dizem que irá mesmo para Brasília exercer o mandato que lhe foi outorgado pelas urnas, outros afirmam que será convocado pelo governador Flávio Dino para continuar no comando das pastas da Comunicação e da Articulação Política. Ele próprio não bate martelo, afirmando ser “um soldado”, que fará o que o comandante  determinar. Márcio Jerry, sem nenhum favor, teve papel decisivo no sucesso do Governo. Primeiro como formulador e executor da eficiente política de comunicação com a qual divulgou com competência as ações da gestão pública e fez frente às intensas e implacáveis investidas da máquina midiática do Grupo Sarney para desestabilizar o Governo Flávio Dino. Depois, foi peça fundamental nas frenéticas articulações que resultaram na formação da gigantesca coligação – 16 partidos – liderada pelo governador Flávio Dino e vitoriosa de cabo a rabo nas urnas. Se for para a Câmara Federal poderá fazer um trabalho parlamentar importante na bancada do PCdoB, usando sua vasta experiência nos embates verbais que vivencia desde o movimento estudantil. De todos os políticos da sua geração, Márcio Jerry é de longe o de militância mais longa e intensa, experiência que o credencia para assumir qualquer posto, sendo que, no caso, o mais adequado e mais justo será assumir o seu mandato de deputado federal, para o qual foi eleito com expressiva votação. Com a palavra, o governador Flávio Dino.

 

Declaração de apoio de Roseana a Bolsonaro é vista como retaliação a Haddad e oportunismo

Roseana Sarney apoia Jair Bolsonaro: retaliação a Fernando Haddad ou lance de oportunismo?

Continua repercutindo dentro e fora do Maranhão a manifestação de apoio da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). E a repercussão se dá em dois sentidos. O primeiro do fato em si, que é a declaração de apoio, vista por muitos como uma jogada de oportunismo, mas que é explicada por aliados do Grupo Sarney como uma resposta ao fato do candidato presidencial do PT, Fernando Haddad, ter vindo ao Maranhão e declarado apoio ao governador Flávio Dino. O segundo é que Jair Bolsonaro não teria dado a mínima para essa manifestação, ao que parece determinado a manter distância de políticos tradicionais, entre eles o ex-presidente José Sarney e seus aliados. De fato, até onde se sabe, Jair Bolsonaro nunca demonstrou qualquer simpatia pelo ex-presidente José Sarney, já tendo inclusive feito comentários dizendo não querer aproximação. Para alguns observadores, Roseana Sarney cometeu um erro político ao fazer a declaração de apoio como um gesto de retaliação a Fernando Haddad. Para outros, a manifestação teria sido orientada pelo ex-presidente, que com fama de ter o melhor faro político entre as raposas felpudas brasileiras, prepara terreno, avaliando que, se eleito, Jair Bolsonaro poderá tropeçar e, cedo ou tarde, pedirá conselhos aos que de fato entendem do riscado político. A conferir.

São Luís, 17 de Outubro de 2018.

 

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