Decisões, declarações, incursões e largada mostram que a corrida aos Leões entra em nova etapa

 

Roseana Sarney, Weverton Rocha, Carlos Brandão e Edivaldo Jr.: abrem nova etapa da disputa pelos Leões

Uma decisão da ex-governadora e atual presidente regional do MDB Roseana Sarney, uma entrevista do senador Weverton Rocha (PDT) ao jornal O Estado do Maranhão, uma visita do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) a uma comunidade indígena e um anúncio do ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD) serviram como indicadores de que a corrida ao Palácio dos Leões, que tem desfecho marcado para o dia 02 de Outubro, começa a ganhar contornos que poderão definir o quadro de candidatos bem antes do que se imagina. Os eventos e posições de agora dos pré-candidatos a governador já não são ensaios de “vai que cola” para “ver no que dá”; são decisões mais pensadas e tomadas para alcançar objetivos ambiciosos e orientar movimentos ousados. A corrida aos Leões entra em nova fase.

Quando deixa vazar que contratou uma pesquisa com mostras quantitativa e qualitativa para identificar sua posição na seara das pré-candidaturas, a ex-governadora Roseana Sarney tem dois objetivos muito claros. O primeiro deles é saber qual é, de fato, o seu capital eleitoral, de modo a avaliar se é ou não viável entrar na briga pelo Palácio dos Leões. E o segundo é medir o potencial e a viabilidade dos demais pré-candidatos. A ex-governadora sabe que suas chances são modestas e sua rejeição, elevada. Isso não a impede de montar um projeto ousado e entrar na briga com o objetivo de chegar ao segundo turno. A lógica sugere que, nesse caso, será uma candidata fortíssima no turno decisivo, tenha quem tiver como adversário. Caso contrário, ela manterá sua pré-candidatura à Câmara Federal, que é a sua primeira opção, usando também os números para escolher o qual apoiará.

Na sua entrevista a O Estado do Maranhão, o senador Weverton Rocha avisa, com forte argumentação, que será candidato de qualquer jeito. Diz que foram fixados critérios para definir o candidato do grupo liderado pelo o governador Flávio Dino (PSB), e que ele está preenchendo tais critérios; e que se não for por esse caminho, fará voo solo e não se sentirá culpado pelo rompimento do acordo articulado pelo governador. Ou seja, fazendo uma pré-campanha arrojada e só perdendo para Roseana Sarney nas pesquisas feitas até aqui, Weverton Rocha, demonstra que está determinado a seguir em frente, atropelando obstáculos e correndo riscos.

O vice-governador Carlos Brandão foi a uma comunidade indígena, onde foi recebido com festas e com o reconhecimento de ser militante da causa. Em meio ao cumprimento de uma apertada e intensa agenda política, conversando com prefeitos, vereadores, deputados estaduais e deputados federais, Carlos Brandão tem dito a interlocutores que seu projeto vai bem e que tem a convicção de que reunirá as condições para ser o candidato dinista. Ele aposta que alcançará boas posições nas pesquisas à medida que se aproximar o período em que será governador do Maranhão. Com a visita a uma escola da aldeia guajajara em Morro Branco, Grajaú, onde foi recebido festivamente por líderes da etnia, Carlos da Brandão avisou que sabe chegar onde poucos chegam.,

Quando escolheu Imperatriz com o ponto de largada da sua maratona de pré-candidato a governador, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. calculou que seu primeiro movimento terá repercussão estadual, mesmo que Weverton Rocha e Carlos Brandão já estejam com suas estacas políticas fincada no segundo maior e mais importante colégio eleitoral do Maranhão. Politicamente, Edivaldo Jr. vai se apresentar como a “terceira via” dessa disputa, lastreado nos oito anos como prefeito da Capital. E certamente buscará ali aproximação com os grupos não alinhados a outros pré-candidatos, a começar pelos remanescentes do Grupo Sarney, certamente apostando que Roseana Sarney não será candidata e apoiará sua candidatura, o que é uma possibilidade concreta.

Como é visível, a corrida ao palácio dos Leões está fechando sua primeira etapa com a movimentação dos pré-candidatos que, pelo menos até aqui, demonstraram que têm determinação e fôlego para encarar as 55 semanas que têm pela frente. E com uma situação que poderá torná-la eletrizante antes da hora: a entrada da ex-governadora Roseana Sarney na corrida, se a pesquisa lhe apontar esse caminho.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Destaque

Com o 44º Guarnicê, a UFMA acendeu luz forte e oportuna sobre o cinema brasileiro

Natalino Salgado: entusiasmo com o Guarnicê que homenageou Sérgio Rezende e museu de áudio visual  criado pelo cineasta Joaquim Haickel

A 44ª edição do já consagrado e internacionalmente conhecido Festival Guarnicê de Cinema funcionou como um forte impulso de reafirmação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) como um dos motores mais importantes e ativos da cultura maranhense, e como um clarão sobre a realidade do cinema brasileiro, transformado, nos últimos mil dias, num movimento de resistência ao obscurantismo. Com a realização, que muitos duvidaram, o reitor Natalino Salgado reforçou o caráter produtivo e estimulou, com firmeza, a natureza vanguardista e plural da UFMA. Basta avaliar dois aspectos do Guarnicê deste ano.

O primeiro foi a decisão de homenagear o cineasta fluminense Sérgio Rezende, um dos gigantes do cinema brasileiro, autor de uma obra monumental para os padrões nacionais, com filmes que revelam a verdadeira face do poder no Brasil, como “Lamarca”, em que narra a trajetória do capitão revolucionário Carlos Lamarca em guerra contra a ditadura; “O Homem da Capa Preta”, sobre Tenório Cavalcanti, advogado e político alagoano, radicado no Rio de Janeiro, que enfrentava a bala o Estado Novo de Getúlio Vargas; “O Paciente”, que conta os bastidores da agonia hospitalar do presidente Tancredo Neves antes de morrer; “Canudos”, a tragédia sangrenta que se abateu sobre o mundo irreal criado por Antônio Conselheiro contra a República; “Zuzu Angel”, a saga da estilista carioca para descobrir destino do filho, jovem militante de esquerda assassinado pela ditadura militar. A antes improvável escolha de Sérgio Rezende surpreendeu a ele próprio, que em declarações destacou a importância do Guarnicê e não escondeu a satisfação pelo reconhecimento.

O outro acerto foi a homenagem ao Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão (Mavam), um projeto arrojado e necessário da Fundação Nagib Haickel, comandada pelo cineasta, escritor e agitador cultural Joaquim Haickel. Ainda não devida e corretamente reconhecido e apoiado pelo Poder Público, o Mavam guarda um tesouro áudio visual sobre o Maranhão desde o século passado. São pelo menos 30 mil imagens fotográficas e em vídeo catalogadas, que documentam a história e a cultural do Maranhão, o que lhe dá especial posição de referência como fonte de pesquisa. A homenagem ao Mavam fortaleceu a UFMA e o seu Festival Guarnicê de Cinema como incentivadores da produção cinematográfica e motivadores da preservação da memória imagística do Maranhão.

Em tempos sombrios para a cultura nacional, principalmente no ambiente universitário e no campo das artes visuais, foi saudável e compensador ver a realização do Guarnicê o entusiasmo com que o reitor Natalino Salgado falou do festival, dos homenageados, dos premiados e do alcance do evento, o quarto mais antigo do País e um dos mais importantes da América do Sul entre os festivais realizados por universidades. O evento e a motivação dos seus organizadores, colaboradores e participantes reafirmaram a UFMA como uma instituição de ponta e de vanguarda, e enriquecida pela pluralidade, que dá sentido pleno a qualquer organização universitária.

O Festival Guarnicê de Cinema, versão 2021, ganhou peso a mais de importância exatamente por acontecer como contraponto ao obscurantismo que ronda e ameaça a cultura brasileira em todos os seus aspectos. Valeu, e muito.

 

Se fusão DEM/PSL ocorrer, luta pelo controle do novo partido será dura no MA

Se fusão DEM/PSL for consumada e Jair Bolsonaro se filiar, Roberto Rocha pode entrar na briga com Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes pelo controle da nova legenda no Maranhão

Se não houver uma reviravolta radical nos próximos dias, DEM e PSL se fundirão para criar um partido ainda sem nome, mas que pode vir a ser o abrigo partidário do presidente Jair Bolsonaro e seu principal aliado no Maranhão, o senador Roberto Rocha. Festejada pela banda que segue a orientação fechada do presidente do PFL, ACM Neto, a fusão do DEM com o PSL é rejeitada por nomes importantes do Democratas. Do Rio de Janeiro, o ex-prefeito e atual vereador César Maia abriu o verbo  contra a fusão, reclamando que estão levando o DEM para a extrema-direita, posição compartilhada pelo seu filho, o deputado federal e ex-presidente da Câmara Federal Rodrigo Maia, que não concorda com a operação. No Maranhão, além de gerar um foco de disputa entre os deputados federais Juscelino Filho, que comanda o DEM, e Pedro Lucas Fernandes, chefe do PSL, pelo controle do futuro partido, ambos poderão encarar um problema bem maior. O seguinte: se a fusão for consumada e o presidente Jair Bolsonaro ingressar no novo partido, o senador Roberto Rocha muito provavelmente fará o mesmo, e nesse caso poderá reivindicar o comando do partido, o que seria natural. Vale registrar que a fusão não foi ainda consumada, que o possível noivo partido não tem nome e não é certo ainda que o presidente da República nele se filiará.

São Luís, 26 de Setembro de 2021.

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