Causou surpresa em alguns observadores da cena política ludovicense a presença do prefeito Eduardo Braide (PSD) na solenidade de abertura dos trabalhos da Câmara Municipal de São Luís no ano legislativo de 2023. Houve até quem registrasse com surpresa e estranheza o fato de o prefeito ter estado sempre ao lado do vereador-presidente Paulo Victor (PCdoB). E a razão é que o chefe do legislativo municipal é adversário político declarado do prefeito da Capital, e que, além disso, ambos estão na corrida para as urnas de 2024, sendo o prefeito candidato a candidato à reeleição e o presidente da Câmara, candidato a candidato a prefeito. Isso nada tem a ver com a relação institucional entre prefeito e presidente da Câmara, uma vez que é obrigação de ambos zelar por uma convivência republicana, com total respeito do Palácio de la Ravardière pelo Palácio Pedro Neiva de Santana, e vice-versa. A solenidade de ontem foi o melhor exemplo de que a relação institucional está acima das diferenças políticas, principalmente em momentos solenes.
O cenário político ludovicense está marcado por algumas situações complexas. A primeira delas é a dificuldade de o prefeito Eduardo Braide construir uma base de apoio sólida e atuante na Câmara Municipal. Há quem diga que o prefeito não aceita toma-lá-dá-cá e não convive bem com pressões de lideranças. Eduardo Braide foi deputado estadual duas vezes, exerceu, de maneira competente e eficiente a liderança do Governo Flávio Dino, então do PCdoB, por tempo suficiente para aprender as tarefas e os limites de um líder parlamentar. Foi também deputado federal por meio mandato, tendo aprendido como essa relação funciona no plano federal. Ou seja, o prefeito de São Luís tem preparo suficiente para administrar descompassos que ocorrem aqui e ali na sua relação com o legislativo municipal.
Além de essa relação ser complexa por ambos pertencerem a campos políticos diferentes, a relação do prefeito Eduardo Braide com o vereador Paulo Victor se torna mais tensa pelo fato de ambos estarem na corrida ao Palácio de la Ravardière.
O prefeito Eduardo Braide é, naturalmente, candidato à reeleição, o que o torna um concorrente muito difícil de ser batido, principalmente com o know how que acumulou na disputa de 2020, que venceu de maneira indiscutível contra o candidato governista, o hoje deputado federal Duarte Jr. (PSB). E por encontrar-se no comando de uma máquina que, se bem azeitada por uma gestão competente, torna a reeleição uma possibilidade concreta para o prefeito.
Por outro lado, Paulo Vitor tem dito que não ter interesse em renovar o mandato de vereador, o que o torna um candidato a candidato a prefeito, ainda que não totalmente consolidado. E pelo visto, a chave do seu projeto pode estar na possibilidade de o governador Carlos Brandão (PSB) convoca-lo para assumir uma pasta no Governo do Estado, um espaço que lhe dê visibilidade e lhe permita mostrar seus talentos de gestor público. Vale lembrar que ele já deu uma demonstração de arrojo administrativo quando foi secretário estadual de Cultura e realizou um São João “para ninguém botar defeito”. Há também quem o veja na Secretaria das Cidades. No meio político ludovicense é visível a expectativa em relação ao futuro imediato do presidente da Câmara de São Luís. Sua candidatura vai depender desse fator-chave e seus desdobramentos.
O fato é que, a se confirmarem as especulações ainda inconsistentes sobre a corrida eleitoral de 2024 na Capital, o vereador Paulo Victor poderá ser um dos adversários que o prefeito Eduardo Braide enfrentará. Resta saber se o vereador-presidente conseguirá o apoio formal do governador Carlos Brandão. Mas, até onde a vista alcança, isso só acontecerá se o deputado federal Duarte Jr. (PSB), que é candidato a candidato assumido, resolver arquivar os planos de chegar ao Palácio de la Ravardière. Mas até que isso aconteça – difícil imaginar -, o prefeito e o presidente da Câmara continuarão se tolerando institucionalmente.
Em Tempo: Chamou a atenção, ontem, a presença da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB) na abertura do ano legislativo da Câmara Municipal de São Luís. Ela vive uma situação oposta, em total harmonia com o governador Carlos Brandão.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão vai a posse de Mercadante e quer BNDES investindo no Maranhão
O governador Carlos Brandão participou, ontem, no Rio de Janeiro, da posse do ex-senador Aluísio Mercadante na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele fez questão de participar do ato para conversar com Aluísio Mercadante e com o presidente Lula da Silva (PT), que participou da cerimônia, para reafirmar a força que o banco terá no seu Governo.
Carlos Brandão sabe que o BNDES tem linhas de financiamento de projetos os mais diversos, principalmente os que estão sendo mantidos, como os restaurantes populares – que precisam de uma cadeia produtiva. O governador vai também pedir que uma fatia desses recursos seja usada para financiar a ampliação da malha viária do Maranhão.
Os discursos do presidente Lula da Silva e de Aluísio Mercadante recolocando o BNDES como financiador de pequenos empreendimentos fizeram o governador Carlos Brandão reforçar a convicção de que esses recursos chegarão ao Maranhão.
Eliziane critica ausência de mulher na Mesa do Senado
A atual líder da bancada feminina no Senado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que se prepara para dar lugar a outra mulher no posto, fez críticas ao fato de que nenhuma mulher foi eleita para compor a Mesa Diretora da Casa. E defendeu que é preciso romper com a continuidade de ter apenas homens na Presidência da Casa e na Mesa do Senado. Ela tentou uma vaga na Mesa Diretora, mas não obteve apoio partidário para tanto.
— É necessário e urgente que as mulheres estejam nas presidências de Comissões. Nós vamos fiscalizar, vamos acompanhar e vamos cobrar dos líderes partidários para que mulheres possam conduzir as comissões e possam ter ativismo e protagonismo aqui no Senado – declarou a representante do Maranhão.
A manifestação da senadora Eliziane Gama foi de pronto apoiada pelas senadoras Leila Barros (PSB-DF), Soraya Thronicke (União-MS), Daniella Ribeiro (PSD-PB), Zenaide Maísa (PSD-RN) e Tereza Leitão (PT-PE). Para elas, as mulheres estão sub-representadas e isso se deve à falta de sensibilidade dos partidos.
Há quem diga que a senadora Eliziane Gama será escolhida para presidir uma das comissões temáticas da Câmara Alta.
São Luís, 07 de Fevereiro de 2023.