Enquanto o cenário político do Maranhão corre o risco de ser contaminado por casos e situações de natureza exclusivamente policial, uma pesquisa do Datafolha, a primeira realizada sobre a sucessão presidencial depois da prisão do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), apresenta o primeiro rascunho da posição dos candidatáveis apontados até aqui. Os números mostram que Lula da Silva perdeu pontos ao ser encarcerado, mas continua liderando com folga as intenções de votos para o Palácio do Planalto. Lula tem 31%, Jair Bolsonaro (?) 15%, Marina Silva (Rede) 10%, Joaquim Barbosa (PSB) 9%, Geraldo Alckmin (PSDB) 6%, Ciro Gomes (PDT) 5%, Álvaro Dias (Podemos), 3%, Manoela D`Ávila (PCdoB) 2% e Fernando Collor (PTC), Henrique Meireles (MDB), Rodrigo Maia (DEM) e Flávio Rocha (PRB) com 1%, enquanto Guilherme Boulos (PSOL), Paulo Rabello, Guilherme Afif Domingues (PSD), José Amoêdo (Novo) e Paulo Rabello (PSC) nada receberam. Relacionados ao momento da corrida para o Palácio dos Leões, os números são amplamente favoráveis ao projeto de reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB), injetam ânimo na pretensão da ex-prefeita Maura Jorge (Podemos), é duramente desanimador para a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), não altera muito a situação do senador Roberto Rocha (PSDB), e mantém Odívio Neto (PSOL) na estaca zero.
No quadro de opções que tem à esquerda para uma aliança com uma candidatura presidencial, o governador Flávio Dino não deve contar com a parceria direta com Lula da Silva, mas é quase certo que terá o apoio do substituto do ex-presidente como candidato do PT, que pode ser, por exemplo, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Hadade, apontado como provável herdeiro da vaga de candidato do PT a presidente e de boa parte dos votos do líder petista. A segunda opção de Flávio Dino é o ex-ministro Ciro Gomes, que pode também herdar uma fatia das intenções de votos de Lula da Silva. E numa situação não prevista até aqui, mas que está no conjunto das alternativas, Flávio Dino poderá firmar um pacto com Marina Silva, que, segundo a pesquisa, caminha para também herdar votos de Lula e brigar com Jair Bolsonaro. Ou sair a campo levando à tiracolo a deputada gaúcha Manuela D`Ávila, candidata do seu partido a presidente. Isso porque, qualquer avaliação isenta levará à conclusão de, a exemplo do que aconteceu em 2014, que o governador não depende necessariamente de um candidato presidencial para fazer sua campanha.
Em segundo lugar no cenário da corrida presidencial, o deputado fluminense Jair Bolsonaro, que representa a extrema-direita em estado puro, anima o projeto da ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, de chegar ao Palácio dos Leões. Maura Jorge parece ter levado a melhor na briga com o coronel José de Ribamar Monteiro (PSL) pelo posto de representante-mor de Bolsonaro no Maranhão. Tanto que, depois de uma reunião com o candidatável em Brasília, cuidou de espalhar out doors em São Luís e nas principais cidades maranhenses anunciando o embrião de uma aliança com o presidenciável da extrema-direita.
A julgar pelos números do Datafolha, em relação a alianças com candidatos presidenciais, a situação mais desfavorável é a da ex-governadora Roseana Sarney, que aparece como nome mais forte entre os adversários do governador Flávio Dino. O neoemedebista Henrique Meireles e o democrata Rodrigo Maia se arrastam com 1% de intenções de voto cada um, situação nada alentadora para a ex-governadora, que precisa de um candidato presidencial forte para turbinar sua candidatura, como aconteceu nas outas vezes em que disputou o cargo. A pesquisa coloca duas situações diante da ex-governadora: sair a campo sem vincular seu nome a um presidenciável ou aguardar o desenrolar dos acontecimentos para fazer a escolha quando o cenário estiver mais bem definido.
A situação do senador Roberto Rocha em nada foi alterada com os números do Datafolha. O candidato tucano Geraldo Alckmin (6%) entrou na corrida na semana passada, sofreu, de cara, uma suspeita de corrupção, mas saiu por cima e deve começar agora a embalar o seu projeto presidencial. Roberto Rocha é, portanto, até aqui, um candidato a governador com um candidato presidencial definido, o que lhe dá a vantagem de entrar de cabeça na corrida pelo voto sem depender de definições do partido no plano nacional.
Elogiado por Lula da Silva no histórico discurso que fez antes de se entregar à Polícia Federal, o candidato presidencial do PSOL, Guilherme Boulos, não foi votado na pesquisa, o que mantém o professor universitário Odívio Neto, o candidato do partido ao Governo do Maranhão na mesma situação no estado. Mas, ao contrário de outros candidatos, Odívio Neto é também um candidato cujo partido tem um presidenciável definido, o que o deixa à vontade para entrar em campanha.
É claro que não dá para afirmar se essa pesquisa produzira alguma mudança no cenário da corrida sucessória no estado por conta da posição dos presidenciáveis. Mas não é exagero apontá-la como uma espécie de ponto de partida para a corrida ao Palácio do Planalto. E supor que os seus números sugerem alguns rumos que poderão se seguidos por pelos candidatos que estão na disputa pelo Palácio dos Leões.
Em Tempo: A pesquisa Datafolha foi realizada na semana passada e ouviu 4.194 eleitores em 227 municípios de todas as regiões do Brasil.
PONTO & CONTRAPONTO
Situações estranhas na relação com presidenciáveis no Maranhão
Algumas situações chamam a atenção na relação dos presidenciáveis com lideranças no Maranhão. Vale o registro de três delas:
1 . A primeira delas é a estranha e, para muitos, politicamente incorreta da ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge. Filiada ao Podemos, a candidatura de Maura Jorge ao Governo do Estado foi lançada em ato realizado em São Luís com a presença do candidato a presidente do seu partido, senador Álvaro Dias, a quem a ex-prefeita declarou apoio total, juntamente com o deputado federal Aluísio Mendes (PTN). Passadas algumas semanas, Maura Jorge deu uma guinada radical e entrou na briga com o coronel aposentado José Monteiro pelo posto de representante de Jair Bolsonaro, candidato a presidente pelo PSL, no Maranhão. Maura Jorge foi a Brasília, se deixou fotografar com o deputado, e logo em seguida espalhou cartazes e out doors, vídeos e mensagens nas redes sociais apresentando-se como a voz do candidato da extrema-direita no Maranhão. Há quem diga que ele poderá ser expulsa do Podemos e, assim, ser impedida de disputar votos em outubro. Vem confusão por aí.
2 . Pela lógica partidária, o vice-governador Carlos Brandão teria de apoiar o presidenciável Flávio Rocha, que é o candidato do PRB, para onde o já definido companheiro de chapa do governador Flávio Dino migrou depois que foi tirado do PSDB. Mas nem Carlos Brandão nem o chefe maior do partido no Maranhão, deputado federal Cleber Verde, se manifestaram sobre o assunto. Mas a julgar pela determinação de Flávio Rocha – que é milionário dono da Riachuelo e representa uma direita mais civilizada – de se viabilizar, a expectativa é a de que os chefes do PRB no estado sejam levados a tomar uma posição em pouco tempo.
3 . Depois de ter sido enxotado da Presidência da República por corrupção, cumprido o castigo que lhe foi imposto, retornar à política como senador da República e entrar de novo na mira do Ministério Público e da Policia Federal, o ex-presidente Fernando Collor de Mello decidiu disputar o Palácio do Planalto pelo PTC. No Maranhão, o partido é comandado pelo experiente Edivaldo Holanda. A pergunta que fica no ar é a seguinte: Edivaldo Holanda vai abraçar a candidatura de Collor de Mello?
MDB encolheu na Assembleia, mas ganhou mais identidade com Roberto Costa e Nina Melo
A janela partidária transformou o MDB num partido com peso reduzido na Assembleia Legislativa, com apenas dois deputados: Roberto Costa e Nina Melo. Mas se perdeu numericamente, manteve a linha do partido, já que a deputada Andrea Murad, mesmo eleita pelo então PMDB, seguia rigorosamente a cartilha do pai, ex-deputado Roberto Murad, que apesar de filiado ao partido, ignorava totalmente as orientações da cúpula do partido, alimentando uma espécie de “feudo” dentro da agremiação – tanto que sua migração para o PRP não foi sequer lamentada pelos chefes emedebistas. Hoje o nome mais destacado do partido na AL, o deputado Roberto Costa atua rigorosamente de acordo com o comando partidário, adorando uma linha que o mantém distante do Governo Flávio Dino (PCdoB), mas numa linha de convivência. Nessa pisada, Roberto Costa funciona muitas vezes como interlocutor fazendo ponte entre governistas e oposicionistas em decisões complicadas. Foi um dos deputados mais próximos do ex-presidente Humberto Coutinho (PDT) e atualmente é um forte aliado do presidente Othelino Neto (PCdoB) nas questões do parlamento – foi o autor do Projeto de Resolução Legislativa que garantiu que o então 1º vice-presidente sucedesse ao presidente falecido sem necessidade de uma nova eleição. Continua sendo um dos mais ativos mediadores nos bastidores do Poder Legislativo. Pouco afeita à tribuna, mas registrando um elevado nível de frequência, a deputada Nina Melo dedica parte do seu mandato a dar assistência às suas bases eleitorais. Médica por formação, a deputada emedebista atua articulada com o pai, o ex-deputado e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo, hoje um dos diretores nacionais da Funasa e que também é médico. Avessa a confrontos verbais no plenário, Nina Melo também atua nos bastidores e segue fielmente a orientação do partido. Na avaliação de um emedebista das antigas, a bancada do PMDB na Assembleia Legislativa diminuiu, mas manteve a qualidade.
São Luís, 15 de Abril de 2018.
Só não entendi aonde o semhor encontrou a ligação de Maia com Roseana, pu você não está atualizado ou está mudando o foco dos apoios, uma vez que o DEM de Maia e ACM está quase tudo certo para está no palanque de FD. Jornalismo só tem valor se falar a verdade, distorções fazem com que a credibilidade do jornalista vá por água a baixo.