A reunião do vice-governador Carlos Brandão, pré-candidato ao Governo do Estado pelo PSDB, com a cúpula municipal do Rede Sustentabilidade, a visita do secretário Felipe Camarão, pré-candidato do PT, ao ex-presidente José Sarney (MDB), e a recente incursão do pré-candidato do PSD Edivaldo Holanda Jr., à região do Baixo Parnaíba são fatos que confirmam a impressão de que, depois do foguetório do primeiro momento, a corrida para o Palácio dos Leões está entrando numa nova etapa. Agora, já com o plantel de candidatos praticamente definido, e revelado o poder de fogo dos aspirantes, seus movimentos parecem entrar numa fase de ajustes no que diz respeito ao suporte político aos seus projetos de candidatura. Trata-se de fase importante e decisiva, uma vez que a soma de forças políticas e partidárias é o que mostra ao eleitorado a consistência de uma candidatura majoritária.
O vice-governador Carlos Brandão adotou uma estratégia que vem mostrando resultados importantes para seu projeto de candidatura. Ele vem investindo franca e intensamente na conversa com lideranças políticas, partidárias e parlamentares, a começar por deputados estaduais, tecendo, ponto a ponto, uma ampla malha de apoio. Tem conversado com todos segmentos políticos, sociais e econômicos, sem se preocupar com melindres partidários nem com diferenças ideológicas, certo de que sua candidatura não pode se dar ao luxo de esnobar qualquer segmento. Com a mesma disposição, conversa com PT, MDB, PCdoB, PSB, PP, Republicanos, PDT, seja com as cúpulas partidárias, seja com segmentos que delas divergem, procurando agregar substância política ao seu projeto de continuar governador após o mandato tampão que assumirá em Abril. A reunião de ontem com o braço do Rede em São Luís é reveladora dessa estratégia, que segundo fonte a ele ligada, vem dando certo.
O senador Weverton Rocha, pré-candidato do PDT, por sua vez, continua investido no projeto “Maranhão mais feliz”, por meio do qual tem se aproximado do público via eventos públicos, realizados em cidades estratégicas, com a participação de líderes municipais. Antes, o senador investiu forte na articulação de uma base política e partidária para seu projeto de candidatura, atraindo o apoio declarados de líderes de peso, como o presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), e partidários, como os deputados federais Cleber Verde (Republicanos), Juscelino Filho (DEM) e André Fufuca (PP), por exemplo. Agora, investe forte no movimento para atrair o apoio do PT e o aval do ex-presidente Lula da Silva, enfrentando, porém, uma clara divisão do partido, cuja cúpula estadual está alinhada a Carlos Brandão. Weverton Rocha deve continuar trabalhando para fortalecer politicamente sua pré-candidatura, procurando atrair a adesão de prefeitos e vereadores.
Edivaldo Holanda Jr. encontra-se nesse momento buscando o necessário suporte político para sua pré-candidatura, sem o qual, sabe, dificilmente chegará ao eleitorado. Na sua incursão pelo Baixo Parnaíba, ele participou de reuniões abertas com líderes municipais. Deverá abrir diálogo com os partidos, com os quais conviveu nos seus oito anos de prefeito, a começar pelo MDB, a partir da ponte que está sendo construída pelos líderes do seu partido, o deputado federal Edilázio Jr., presidente estadual do PSD, e o deputado estadual César Pires, coordenador do projeto de candidatura junto aos grupos liderados pela ex-governadora Roseana Sarney, presidente regional do MDB. Programou novas incursões ainda para este ano, pretendendo entrar em 2022 com o suporte necessário para incursionar pelos municípios pedindo votos.
O petista Felipe Camarão vem demonstrado forte apetite pela articulação política, trabalhando intensamente em duas frentes: a interna, onde tentar se tornar candidato do PT com o aval de todas as correntes do partido, e a externa, garimpando aliados no meio político e partidário. O exemplo mais forte da sua atuação no campo externo foi a visita de ontem ao ex-presidente José Sarney (MDB), articulada pelo vice-presidente emedebista, deputado Roberto Costa, abrindo caminho para uma conversa com o partido sarneysista. Laços de família com certeza facilitaram a realização do encontro, que pode resultar em dividendos políticos.
À exceção do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que opera sem descanso para manter o controle sobre as lideranças que integram o PL (40 prefeitos), o Patriotas (4) e o Avante (1), outros pré-candidatos, como o prefeito Lahesio Bonfim (sem partido), que parece satisfeito com o apoio de setores de extrema-direita e segmentos evangélicos.
Ao seu final, essa etapa vai mostrar o cacife político e, com base nele, o potencial eleitoral de cada um.
PONTO & CONTRAPONTO
Com velho roteiro, empresários e rodoviários armam greve por aumento de tarifa nos coletivos
Se não houve um acerto de última hora, boa parte dos rodoviários – motoristas e cobradores – de São Luís cruzará os braços hoje, abrindo a programação anual de pressão por aumento salarial. O roteiro já antigo e manjado, sem qualquer inovação, foi iniciado há duas semanas, quando, numa articulação com o Sindicato das Empresas de Transporte, o velho e conhecido SET, com o aval do Sindicato dos Rodoviários, apresentou à Prefeitura de São Luís um pleito para que fosse majorado em R$ 1,00, o valor da Passagem nos coletivos, que assim chegaria ao valor de R$ 4,80, o que tornaria inviável o já dificílimo deslocamento de milhares de ludovicenses que dependem do transporte de massa. De cara, o prefeito Eduardo Braide (Podemos) reagiu afirmando que tal aumento seria inviável, e que pelo menos por enquanto as tarifas continuarão como estão. O SET não se alterou, e colocou em marcha, sem pressa, a segunda etapa do velho e manjado roteiro de pressões: incentivar seus parceiros rodoviários à frente e pressionar a Prefeitura com a igualmente velha e manjada estratégia da ameaça de greve para arrancar um aumento nas passagens e, por via de desdobramento, um reajuste nos seus salários. E assim está se dando. A greve anunciada para hoje pelos rodoviários, com o aval decisivo dos empresários, que nunca reajustam naturalmente os salários dos seus funcionários, poderá deixar entre 300 e 400 pessoas que dependem do transporte coletivo. Encontrar uma solução para esse problema é o primeiro grande desafio do prefeito Eduardo Braide. Isso porque dessa vez empresários e rodoviários parecem mais articulados que nunca, principalmente pelo fato de que eles estão munidos do argumento básico: o preço dos combustíveis, fruto da incapacidade do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Partiu Cunha Santos, o Jornalismo maranhense perdeu um gigante
A morte, ontem, do Jornalista Cunha Santos, privou os maranhenses de um gigante da profissão e de um craque do texto. Poucos dos muitos que enveredaram por essa estrada pedregosa, sinuosa e perigosa de busca, embalagem e divulgação dos fatos, principalmente na área política, foram tão corretos, precisos e originais como Cunha Santos. Codoense de nascimento, Cunha Santos se tornou ludovicense por estado de espírito e pela profundidade com que amou e viveu São Luís em todos os seus meandros, sentidos, becos e bares. Na sua rica trajetória jornalística, foi uma das mais importantes referências do Jornal Pequeno, tendo vivido, integralmente, a ascensão e o auge do matutino dos Bogea, cujas páginas enriqueceu com artigos cortantes, colunas brilhantes, reportagens precisas e editoriais fulminantes durante décadas. Sempre com textos corretos, ricos, inteligentes e absolutamente fieis à técnica jornalística, sem, no entanto, se deixar amarrar pela aridez vocabular exigida por equivocados teóricos da comunicação moderna. Fez Jornalismo com a argúcia do escritor produtivo e a sensibilidade do poeta que foi. Seus livros, entre eles “A Odisseia dos Pivetes”, “Paquito, o Anjo Doido” e “Comunidade Rubra” mostram o talento do Jornalista que enveredou pela literatura usando com habilidade e talento os caminhos do Jornalismo. Além do talento e da habilidade com a palavra escrita, Cunha Santos foi um ser humano pleno, com montanhas de virtudes e defeitos, mas sustentado na consciência política e na dignidade pessoal. E viveu a plenitude do intelectual inquieto e inconformado mergulhando fundo na boêmia, encontrando nos bares o refúgio do poeta que carregou dentro do peito por quase sete décadas de existência.
A Coluna e seu autor lhe rendem homenagens plenas, sinceras e justas, associando-se às manifestações de pesar de familiares, amigos, entidades profissionais, e da Assembleia Legislativa, à qual era profissionalmente ligado, referendando a nota do presidente Othelino Neto (PCdoB) e do diretor de Comunicação Edwin Jinkings, ambos jornalistas profissionais.
São Luís, 21 de Outubro de 2021.