Faltando 386 dias para as eleições municipais, período de tempo em que muita coisa pode acontecer na definição de projetos eleitorais, ninguém duvida de que a disputa para valer pela Prefeitura de São Luís se desenha para ser travada entre o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), que embala sua caminhada em busca da reeleição; pela deputada federal Eliziane Gama (PPS), que surfa numa popularidade cuja consistência tem ainda de ser comprovada; e pelo deputado federal João Castelo (PSDB), que não abre mão do projeto de voltar ao Palácio de la Ravardière. Mas além deles, um batalhão de pré-candidatos se movimenta no sentido de viabilizar seus projetos de candidatura: o ex-deputado Ricardo Murad (PMDB?), a vereadora Rose Sales (no moimento sem partido), o ex-deputado federal Gastão Vieira (PROS), o senador Roberto Rocha (PSB), e o deputado estadual Bira do Pindaré (PSB).
Mesmo estando diante de uma espécie de pelotão de fuzilamento político, formado por promotores, procuradores e até delegados de Polícia, que se movimentam no sentido de condená-lo por supostos malfeitos na gestão do Sistema Estadual de Saúde no Governo Roseana Sarney (PMDB), e rejeitado pela cúpula do seu partido, Ricardo Murad tem dito a interlocutores que se prepara para entrar na briga em São Luís, de preferência pelo PMDB, seu atual partido. É fato, porém, que sua chance de viabilizar esse projeto é quase zero. Ciente das dificuldades e precavido, Murad preparou o PTN para ser o seu abrigo partidário, caso sua permanência se torne impossível no PMDB. A todos os seus interlocutores ele tem dito que será candidato a prefeito de São Luís, de qualquer maneira e em qualquer circunstância. O desfecho deste vai-não-vai será conhecido nas primeiras 48 horas de outubro.
A vereadora Rose Sales, que nasceu política no PCdoB e dele saiu por incompatibilidade, corre atrás de um partido que lhe dê condições de entrar na briga majoritária em São Luís. Rose Sales decidiu abrir mão de viabilizar um projeto eleitoral mais fácil, o da sua reeleição, para entrar de vez na briga pela Prefeitura. Corre para articular uma grande frente partidária – já conversou até com a cúpula do PMDB -, mas ainda não encontrou o primeiro e indispensável item da sua lista de prioridades, o partido. Chegou a se filiar ao PP, mas caiu fora diante da revelação de que esse é um partido que atua como máfia e que sua permanência nos seus quadros pode prejudicar sua imagem. A vereadora tem até o final deste mês para resolver sua vida política.
O ex-deputado federal e ex-ministro do Turismo Gastão Vieira ocupou horário nobre na TV, segunda-feira, para se apresentar como líder do PROS no Maranhão e sinalizar que tem interesse na disputa na Capital. Não foi explícito nem taxativo quanto a ser candidato a prefeito de São Luís, mas em todas as rodas tem manifestado esse interesse, se dizendo pré-candidato. Se vai entrar mesmo na briga, Gastão terá de rever seu discurso, para não repetir o desempenho de 2008, quando foi duramente castigado nas urnas, de onde saiu com votação raquítica. Na sua propaganda partidária, ontem, Gastão Vieira selou formalmente o seu afastamento do que restou do Grupo Sarney, declarando, enfaticamente: “Mudei para melhor”.
Roberto Rocha e Bira do Pindaré disputam a vaga de candidato dentro do PSB, o que é uma situação saudável dentro de um partido. Ao manifestar interesse em candidatar-se, o senador Roberto Rocha desatou o último laço que mantinha com o prefeito Edivaldo Jr., de quem foi vice-prefeito e com quem deseja agora disputar o cargo de titular. Rocha sabe que esse é um projeto de risco, pois se for derrotado, terá seu prestígio senatorial abalado, comprometendo projetos futuros, como disputar o Governo do Estado em 2018 com o governador Flávio Dino (PCdoB). No caso de Bira do Pindaré (PSB) o seu projeto de candidatura segue na mesma linha e poderá ser visto como um arranjo do Palácio dos Leões para desgastar o prefeito Edivaldo Jr., o que parece não ser o caso, embora deixe o governador em posição delicada.
Se esse time se viabilizar, a corrida ao Palácio de la Ravardière será muito mais animada, sobretudo com a presença quase certa do médico Zéluiz Lago (PPL), do médico e ex-vereador João Bentivi (PRTB), do vereador e presidente da Câmara Municipal Astro de Ogum (PMN), do eletricista Marcos Silva (PSTU) e do advogado Antonio Pedrosa pelo PSOL.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Deu um tempo
Depois de ser alvejado pela decisão do juiz federal José Carlos do Vale Madeira de bloquear bens dele e de mais 11 pessoas do Sistema Estadual de Saúde no valor total de R$ 14 milhões, e de ter sido assombrado por rumores de que estaria com prisão decretada por um juiz federal do Tocantins, o que não se confirmou, o ex-deputado estadual Ricardo Murad (PMDB) deu um tempo. Primeiro passou uma temporada em Brasília, depois teria visitado amigos em Goiás e, finalmente, uma fonte com ligação familiar soprou à Coluna que o ex-secretário de Estado da Saúde estaria de volta ao Maranhão, retomando as rédeas da administração de Coroatá, onde dá as cartas como uma espécie de primeiro-secretário. Nesse período, Murad travou sua metralhadora verbal e reduziu a frequência com que disparava bordoadas contra inimigos no twitter e no facebook. Quem o conhece, porém, aposta que é só uma questão de tempo e que mais cedo ou mais tarde ele retornará ao cenário político com todo o gás.
Gastão no cenário
O ex-deputado federal e ex-ministro do Turismo Gastão Vieira se apresentou, na noite de segunda-feira, em horário nobre da TV, como comandante do PROS no Maranhão, formalizando, em caráter definitivo, seu rompimento com o Grupo Sarney. Com um discurso forte contra desmandos e corrupção, Gastão tentou passar a mensagem de que ele e o partido que comanda são fatos novos na política estadual. Tudo bem se ele próprio não representasse a banda progressista da fatia do sarneysismo controlada por Roseana Sarney (PMDB) e o PROS não tivesse sido herdado do ex-deputado José Vieira. Detalhes à parte, Gastão deixou no ar a nítida impressão de que não pensa em aposentadoria e que pretende ainda ocupar um lugar expressivo no cenário político estadual.
São Luís, 8 de Setembro de 2015.