É decisiva a guerra interna que está sendo travada pelo controle do MDB no Maranhão. Nenhuma das saídas consideradas até agora para que o processo da sucessão do senador João Alberto na presidência da agremiação ocorra normalmente produziu resultado positivo; ao contrário, a situação só se agravou desde que a cúpula se reuniu para debater o assunto. A data de 14 de Dezembro (ontem), quando uma comissão especial – formada pelos prefeitos de Imperatriz, Assis Ramos, e de Rosário, Irlahi Moraes, pelo deputado federal João Marcelo, pelo deputado estadual eleito Arnaldo Melo, e pelo ex-deputado federal Sétimo Waquim -, passou em branco, porque o grupo não conseguiu qualquer avanço no sentido acalmar os ânimos dentro do partido. Segue, portanto, o clima de forte disputa, que de um lado tem a nova geração emedebista, que quer assumir o controle do partido agora, e de outro um grupo intermediário liderado pelo deputado federal Hildo Rocha, e numa outra ponta a ex-governadora Roseana Sarney, que queria assumir o comando partidário, mas encontrou forte resistência por parte dos dois grupos em disputa. E se um acordão não for costurado agora com uma solução paliativa – como, por exemplo, esticar o mandato do presidente João Alberto por mais 150 dias, como foi feito na direção nacional -, as forças em disputa se confrontarão no voto em convenção prevista para o dia 17 de Fevereiro, podendo acontecer antes.
A crise no MDB ganhou forma quando a ex-governadora Roseana Sarney, que saiu enfraquecida da derrota nas eleições de Outubro, manifestou o desejo de suceder a João Alberto no comando do partido. Para surpresa geral, dentro e fora da agremiação, a ala jovem do partido, capitaneada pelo deputado estadual reeleito Roberto Costa, reivindicou o comando partidário, argumentando que as lideranças tradicionais do partido têm história e o respeito de todos, mas não representa mais a agremiação. Ato contínuo, o deputado federal Hildo Rocha se posicionou na mesma linha e também reivindicando o comando do partido, as duas correntes se posicionaram contrariamente à entrega do comando emedebista para Roseana Sarney, defendendo o argumento segundo o qual está na hora de dar uma guinada no velho MDB.
A reação da nova geração causou forte impacto no Grupo Sarney, à medida que até pouco tempo seria inimaginável Roseana Sarney ser contrariada tão duramente dentro do grupo que liderou por quase três décadas sem contestações. Mas na avaliação dos líderes em ascensão, o comando roseanista fadigou, perdeu o brilho de coisa nova e se tornou objeto de contestação. E a crise só não ganhou contornos dramáticos porque a própria ex-governadora, depois de conversar com as duas correntes e consultar seus búzios, compreendeu a necessidade de mudar agora e decidiu sair de cena, deixando o barco seguir em frente. Também o senador João Alberto, que está no comando do partido desde o início da década de 1990 do século passado, preferiu não entrar na disputa, preferindo atuar como elo apaziguador, de modo a evitar que a crise leve o partido a um racha no Maranhão.
Numa avaliação isenta, depois de tudo porque passou, está passando e poderá ainda passar, o MDB está sendo levado para uma mudança radical no seu comando, sob pena de aprofundar ainda mais a crise, correndo o risco de sofrer um racha. E nessa equação, a nova geração está melhor posicionada, porque detém o argumento segundo o qual ainda não está contaminada pelos vícios e as velhas práticas do partido, além de estar sintonizada com a realidade atual. O deputado Roberto Costa, o deputado federal João Marcelo, o secretário nacional da Juventude Assis Filho, que expressam a nova geração, estão determinados a levar o braço maranhense do MDB a uma nova realidade, que não seja mais a cartilha do sarneysismo em estado puro, mas uma versão atualizada das linhas de ação orientada pelo líder maior do Grupo, o ex-presidente José Sarney.
O fato é que não há definição no MDB e as forças que querem o poder continuam se movimentando para fortalecer o seu respaldo interno e ganhar o comando do partido. Tudo indica que será um processo longo e desgastante, mas que, quando definido, poderá colocar o MDB maranhense em outra realidade política.
PONTO & CONTRAPONTO
Eleitos fazem questão de divulgar amplamente que suas contas de campanha foram aprovadas
Quem acompanha a ciranda da política no Maranhão tem observado seguidas mudanças de hábitos e de procedimentos. A novidade mais recente é a preocupação de parlamentares eleitos festejarem a aprovação das suas prestações de contas das suas campanhas. Duas eleições atrás, essa preocupação simplesmente não existia, a começar pelo fato de que “caixa 2”, se não era abençoado pela legislação, também não era considerado um crime tão grave como é agora. Até aquele momento, a Justiça Eleitoral se contentava com uma prestação de conta, arrumadinha, na qual os números “batiam”, não estava nem aí para o resto, não lhe interessando saber a origem do dinheiro. Cada partido tinha o seu “especialista” em montar a prestação de conta, e tudo terminava bem, sem que esse item da campanha eleitoral tivesse maior importância. É claro que havia casos em que a fraude contábil era tão escandalosa que a Justiça Eleitoral martelava o descuidado, mas de um modo geral, prestação de contas não era um problema. Agora, prestar contas dos gastos de campanha virou um ato decisivo, a começar pelo fato de que “caixa 2” passou a ser derrapagem gravíssima, quase com status de crime hediondo. E como não poderia deixar de ser, os eleitos que têm suas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral fazem festa estridente, como se essa exigência da legislação eleitoral em vigor fosse até mais importante do que os votos que o candidato recebeu. O governador Flávio Dino (PCdoB) e o senador eleito Weverton Rocha (PDT) divulgaram a aprovação das suas contas de campanha como um fato de grande relevância. E foram seguidos pelo deputado federal eleito Bira do Pindaré (PSB) e pelos deputados estaduais reeleitos Adriano Sarney (PV) e Marco Aurélio (PCdoB), para citar apenas alguns exemplos que reforçam o rigor da legislação eleitoral.
César Pires poder rever posição e assumir a liderança da Oposição na Assembleia Legislativa
Não será surpresa se o deputado reeleito César Pires (PV) assumir a liderança da Oposição na Assembleia Legislativa na próxima legislatura. Quando, dias depois das eleições o seu nome começou a ser ventilado para o posto, ele foi enfático ao afirmar que não estava interessado e que preferia cumprir seu mandato sem esse encargo. De uns dias para cá, no entanto, o parlamentar, que vai pera o quinto mandato, tem se posicionado de maneira dura, quase agressiva, em relação ao Governo do Estado, com ataques frontais ao governador Flávio Dino, deixando no ar a impressão de que poderá rever sua posição e aceitar a dura tarefa de comandar a minoria num parlamento em que o Governo tem maioria esmagadora.
São Luís, 15 de dezembro de 2018.
Adriano é um político que tem meu respeito. Nunca vi seu nome envolvido em escândalos e tem uma postura coerente com seu discurso. Um deputado sensível aos problemas da população.