Com série sobre nações indígenas, TV Assembleia está fazendo história

Momentos distintos dos rituais praticados pelo povo Canela, na aldeia Porquinho, em Fernando Falcão

No momento em que a questão indígena volta a ser tratada com seriedade no Brasil, a ponto de ganhar um ministério (Povos Originários) no futuro Governo do presidente Lula da Silva (PT), a TV Assembleia, pertencente à Assembleia Legislativa do Maranhão, dá uma contribuição valiosa e sem precedentes nesse campo, com a série documental “Nações Indígenas”, que registra a existência das sete nações indígenas que representam os povos que habitam no território maranhense. O primeiro programa da série foi ao ar na quinta-feira (22), pela emissora do Poder Legislativo e no YouTube e mostra como vive o povo Canela Apanyekrá, cuja terra fica dentro do território do município de Fernando Falcão, na região central do Maranhão. A série “Nações Indígenas” mostrará também a realidade das nações Krikati, Gavião, Krenyê, Kaapor, Gamela e Guajajara, que reúnem cerca de 40 mil índios, segundo o mais recente levantamento do IBGE. E a julgar pelo primeiro programa, a série documental certamente ganhará o mundo, porque a civilização precisa tomar conhecimento da sua existência.

Com 15 minutos de duração, “Canela Apanyekrá” é um mergulho profundo e revelador nas entranhas da aldeia “Porquinho”, na região leste de Fernando Falcão. Ali, lideradas por chefes e anciãos, algumas dezenas de famílias canela tentam salvar a língua, a espiritualidade, as bases culturais ancestrais, como a religião, a medicina, a pesca, a agricultura e, sobretudo a sua traumática e nada produtiva relação com a civilização. São imagens e relatos reveladores de uma clara situação de risco em todos os sentidos que ela guarda. São ao mesmo tempo estimulantes no sentido de que quem as vê passa a compreender melhor a existência desses povos e os riscos a que estão submetidos.

Com o viés jornalístico realizado pela experiente e competente jornalista Elda Borges, que contou com a contribuição esclarecedora do antropólogo Adalberto Rizzo, e com imagens impressionantes do tarimbado cinegrafista Rubenilson Lima e Dney Justino, “Canela Apanyekrá”, que significa “povo indígena da piranha”, é um testemunho rico e definitivo sobre esse povo originário, que em 1913 foi vítima de uma chacina na qual capangas de fazendeiros mataram 150 indígenas da aldeia “Porquinho”. Graças ao roteiro idealizado pela competente jornalista Márcia Coimbra, o documentário exibe o relato chocante da matança de homens, mulheres, anciãos e crianças, que ficou conhecida como “Massacre dos Chinelas”, feito pelo indígena Daniel Canela, exatamente no local onde tudo aconteceu, conforme a narração do experiente jornalista Rosalvo Júnior.

Outro momento especial do primeiro programa da série documental “Nações Indígenas” é a quase desesperada preocupação manifestada por um dos líderes quanto ao risco de que a língua, a cultura canela, especialmente a música, correm de desaparecer por completo diante da falta de interesse das novas gerações.

O registro documental mostra também, apesar de ser patriarcal, nas qual os homens decidem, as mulheres têm papel relevante além no contexto cultural dos canela. Existem festas e rituais que são exclusivos da banda feminina da comunidade, que não permitem a presença de homens, exceto os chefe, curandeiros, anciãos, cantadores e tocadores de maracá, o instrumento sagrado usado pelos canela em todas as manifestações. Elas são o esteio dessa sociedade primitiva, que cultiva uma visão de mundo exatamente como imaginaram seus ancestrais. Tudo é autêntico e original na peça de registro idealizada pelo experiente diretor de Comunicação da Assembleia Legislativa, jornalista Edwin Jinkings. “Mais uma exímia produção da TV Assembleia, que visitou aldeias, ouviu indígenas e conversou com estudiosos da antropologia. O resultado é um dos registros documentais mais completos já feitos sobre esses povos historicamente tão importantes para o Maranhão. Um trabalho que deve ser visto por todos”, declarou Edwin Jinkings, com toda razão.

Se o leitor ainda não assistiu ao primeiro programa da série documental “Nações Indígenas”, procure no YouTube e assista. Vale a pena em todos os aspectos.

PONTO & CONTRAPONTO

Disputa na Assembleia continuará indefinida até a chegada do Ano Novo

Iracema Vale e Othelino Neto: disputa pelo comando do Legislativo será resolvida em 2023

Tudo indica que até a posse do novo Governo, no dia 1º de janeiro, não haverá batida de martelo em relação à presidência da Assembleia Legislativa. Nos bastidores, corre a especulação de que a candidatura da deputada eleita Iracema vale (PSB) é fato consumado e irreversível. Corre também que o presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB), não fechou qualquer acordo para retirar sua candidatura, o que significa dizer que ele está na corrida por um novo mandato presidencial. Fala-se também no surgimento de uma terceira candidatura, mas até ontem ninguém se manifestou nesse sentido.

Natal

A Coluna deseja um Feliz Natal aos seus leitores, às suas fontes aos protagonistas deste espaço e a todos maranhenses, em especial os democratas.

São Luís, 24 de Dezembro de 2022.

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