Alguns observadores atentos da cena política maranhense têm registrado um mergulho do vice-governador Carlos Brandão (PRB) na discrição. Alguns chegam a arriscar algumas explicações para o suposto recolhimento, entre elas a de que o Nº 2 do Governo do Maranhão estaria avaliando os movimentos em torno do governador Flávio Dino (PCdoB) para melhor se posicionar na corrida para o Palácio dos Leões em 2022. Desde o final do ano passado e até semanas atrás, Carlos Brandão vinha cumprindo uma extensa, intensa e animada agenda em São Luís, no interior e fora do Maranhão e do Brasil. Sua última missão ocorreu há menos de um mês na Guiana Francesa, onde esteve como representante do Governo do Estado para conhecer as relações da Base de Lançamento de Foguetes de Kourou com a comunidade franco-guianense. Mais recentemente, participou no Palácio dos Leões, do anúncio da parceria Vale-Governo do Maranhão e no final da semana passada esteve na posse dos novos secretários de Estado, em ato comandado pelo governador Flávio Dino.
Atos e eventos nos quais Carlos Brandão representa formal e politicamente Flávio Dino dependem muito da agenda do governador, cujos compromissos institucionais e a crescente importância no cenário político nacional obrigam a se ausentar com frequência do Maranhão, numa maratona que tende a se intensificar à medida que se aproximarem as grandes decisões eleitorais. Recentemente, por conta da Reforma da Previdência e uma série de ações políticas, como os encontros com os ex-presidentes Lula da Silva (PT) e José Sarney (MDB), por exemplo, chefe do Executivo se desdobrou para cumprir uma agenda excepcionalmente movimentada, mas fazendo de tudo para cumprir também compromissos agendados no Maranhão, além, é claro, dos despachos com a equipe. Nesse período, Carlos Brandão se manteve sempre “a postos”, pronto para fazer a sua parte como vice.
Algumas especulações sobre o futuro político de Carlos Brandão surgiram logo após o lançamento do programa Nosso Centro, no qual, no seu discurso, o governador Flávio Dino observou que entre as autoridades presentes, provavelmente estava “o futuro governador ou governadora”. E como ali estavam, além do vice-governador, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Cidadania), os deputados federais Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Jr. (PCdoB) e Bira do Pindaré (PSB). Flávio Dino pretendeu alertar que o seu sucessor terá o desafio e a obrigação de tocar o programa Nosso Centro, mas ele foi tão enfático que para muitos ele acabou definindo um grupo do qual sairá seu sucessor. E como, na interpretação de muitos, a corrida para o Palácio dos Leões já começou, de agora por diante cada frase ou gesto do governador sobre o tema será lido também pelo viés sucessório. E por via de consequência, tudo o que disser respeito ao vice-governador terá peso favorável ou contrário ao seu projeto político-eleitoral.
Como chefe da Casa Civil no Governo de José Reinaldo Tavares, no qual a política falou mais alto, como deputado federal e como vice-governador eleito e reeleito, Carlos Brandão tem experiência suficiente para medir com precisão o seu cacife no duro e intenso jogo que já envolve a sucessão do governador Flávio Dino, no qual já tem como concorrente ninguém menos que o senador Weverton Rocha, cujo cacife político e eleitoral é muito grande, e o arrojo, maior ainda. Sabe, porém, que o candidato a governador em 2022 mais viável será aquele que entrar na corrida com a preferência de Flávio Dino, seja candidato a senador ou a presidente da República ou permanecendo no cargo, hipótese que a Coluna não considera sequer razoável.
O vice-governador Carlos Brandão pode até ter se recolhido um pouco, mas quem com ele convive e conhece bem o seu temperamento garante que ele está mais ativo do que nunca, cuidando de pavimentar a estrada pela qual pretende assumir o Governo do Estado em Janeiro de 2023.
PONTO & CONTRAPONTO
Bolsonaro mostra o seu obscurantismo cultural ao ignorar a morte de João Gilberto
A morte de João Gilberto, pai da Bossa Nova e ícone brasileiro cultuado nos centros musicais mais desenvolvidos e exigentes do planeta, e ouvido, cantado e idolatrado por quatro gerações, traduziu para os brasileiros o limbo cultural que permeia o Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Apesar de habitar décadas e décadas no Rio de Janeiro, o sr. Jair Bolsonaro dá uma demonstração cabal, patética e definitiva de que sempre viveu mergulhado no obscurantismo. Isso fica claro quando ignora, num silêncio injustificado, a consternação da Nação como a perda de um dos seus gênios, sem fazer um só gesto, sem dizer uma palavra, sem orientar seu porta-voz para registrar o respeito do presidente da República pelo músico de todos. Sua atitude só confirma que sua trajetória o levou sempre para o campo da mediocridade e da violência, tanto que até hoje acende vela e faz orações para o coronel Brilhante Ustra, um psicopata fardado que se comprazia ao torturar brasileiros e brasileiras que lutavam contra a ditadura militar por ele até hoje exaltada. É provável que no seu mundo, onde vive cercado de gente como Fabrício Queiroz, milicianos e outros tipos do submundo, e também adorando um ex-astrólogo paranoico, que ensina filosofia de periferia na internet, ele nunca tenha ouvido “Chega de saudade” na voz e no violão de João Gilberto. Lamentável a atitude e a ignorância do presidente da República.
Assis Ramos vai enfrentar adversários fortes na corrida para a Prefeitura de Imperatriz
A definição de candidaturas para a Prefeitura de Imperatriz acontecerá bem antes do início do ano que vem. O processo sucessório no segundo maior colégio eleitoral do Maranhão já foi desencadeado com a decisão do prefeito Assis Ramos (DEM) de tentar renovar o mandato. Apoiado agora pelo DEM, seu novo partido, o prefeito de Imperatriz vem realizando uma série de obras, embora na avaliação de vários políticos tocantinos, sua gestão não está entre as melhores. Seus principais são os pré-candidatos apoiados pelo Palácio dos Leões, o deputado estadual Professor Marco Aurélio (PCdoB), líder do bloco governista na Assembleia Legislativa, e o secretário de Estado de Infraestrutura, Clayton Noleto, também filiado ao PCdoB. Os dois fazem uma disputa sem guerra dentro do partido, com o compromisso de no momento certo serem avaliados e o não escolhido apoiar o escolhido. Também de olho na sucessão municipal está o deputado estadual Rildo Amaral (Solidariedade). Além desses, o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB) está no jogo, bem como o ex-deputado federal Davi Alves Silva Filho (PL) e, como sempre, o ex-prefeito Ildon Marques (PP). Ainda com Assis Ramos atravessado na garganta por ele havê-lo trocado pelo DEM, o MDB está determinado a encontrar um nome forte para disputar a Prefeitura de Imperatriz. Esses vários movimentos prometem tornar a disputa pelo comando da antiga Vila do Frei umas das mais agitadas do Maranhão.
São Luís, 10 de Julho de 2019.