Não surpreendeu o anúncio do ex-deputado Ricardo Murad (PRP) desistindo de disputar o Governo do Estado nem causaram impacto as previsões de última hora dando conta de um iminente comunicado do deputado estadual Eduardo Braide (PMN) informando igualmente que não será candidato a governador. Também não foi surpresa Ricardo Murad tornar público o seu projeto de disputar uma cadeira na Câmara Federal nem a possibilidade de Eduardo Braide também vir a comunicar ao mundo que será candidato a deputado federal. No mesmo contexto, estava escrito nas estrelas que, ao desistir de ser candidato ao Governo, Ricardo Murad naturalmente anunciaria seu apoio à ex-governadora Roseana Sarney (MDB). Ao mesmo tempo, a Coluna foi surpreendida pela hipótese – levantada pelo bem informado jornalista Marco D`Eça no seu prestigiado blog – de Eduardo Braide vir a embarcar no Urutu de Jair Bolsonaro (PSL) aliando-se à ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (PSL), pré-candidata assumida ao Governo estadual, para levar em frente o projeto de se tornar deputado federal.
Ao anunciar que não será candidato a governador e que apoiará Roseana Sarney, sua cunhada e chefe política e administrativa no seu último Governo, Ricardo Murad confirmou o que até as pedras de cantaria da Praia Grande já sabiam. E transformou em verdade indiscutível a impressão causada no mundo político de que sua pré-candidatura foi apenas um factóide para ganhar tempo suficiente para desenhar um rumo para ele próprio e os deputados Andrea Murad e Souza Neto, seus dependentes políticos diretos, que irão para a guerra tentar renovar seus mandatos na Assembleia Legislativa, a essa altura do campeonato com os espaços eleitorais loteados. O ex-presidente da Assembleia Legislativa (1987/1989) sabia que não seria candidato nem teria outra saída que não apoiar Roseana Sarney. Nesse jogo previsível, Ricardo Murad ganhou o tempo que precisava para montar o projeto eleitoral envolvendo ele próprio e os deputados Andrea Murad e Souza Neto e se manteve em evidência. O apoio de Ricardo Murad a Roseana Sarney era, portanto, líquido e certo.
Já a possibilidade de o deputado Eduardo Braide vir a abandonar seu projeto-solo e bandear-se para uma aliança com Maura Jorge, ingressando, desse modo, nos planos de Jair Bolsonaro, é a prova de que a política não tem limites. Mas tem lá suas explicações. Para começar, mostra que Eduardo Braide é um político de direita, com um viés liberal na superfície, mas com um lastro fortemente conservador na sua base ideológica, o que explica o fato de haver ele rompido e virado as costas para o mundo da esquerda democrática liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), de quem preferiu ser adversário. Braide descobriu, havia tempos, que o prestígio que conquistara na corrida para a Prefeitura de São Luís não seria suficiente para embalar sua candidatura ao Governo do Estado contra o governador Flávio Dino. Tentou insistentemente firmar uma aliança com partidos pequenos que lhe dessem algum tempo de TV, mas não conseguiu nenhum interessado, situação que deve obrigá-lo a embarcar na coligação de Maura Jorge e por ela disputar uma vaga na Câmara Federal, como está sendo especulado por alguns observadores.
Aos 62 anos e com a responsabilidade de cuidar dos projetos políticos da filha e do genro, Ricardo Murad sabe que está arquivando uma das suas últimas chances de tentar realizar o seu sonho cor de rosa, que é morar por quatro anos no Palácio dos Leões tendo o comando absoluto da máquina pública estadual e um Orçamento superior a R$ 15 bilhões por ano. Por sua vez, aos 42 anos, Eduardo Braide sabe que está fora do jogo sucessório deste ano, mas que tem muito tempo pela frente, devendo dedicar-se imediatamente à sua eleição para deputado federal, tendo como próximo passo o desafio de brigar pelo comando da Prefeitura de São Luis, um objetivo bem mais viável para o cacife que exibe nesse momento.
A saída dos dois da corrida sucessória enxuga o quadro de candidatos a governador e amplia a possibilidade de o desfecho da disputa acontecer em turno único, conforme previram as pesquisas feitas até aqui.
PONTO & CONTRAPONTO
Disputa pelas cadeiras da Câmara Federal vai reunir pesos pesados
A entrada de Ricardo Murad e Eduardo Braide na corrida para a Câmara Federal vai acirrar ainda mais a disputa pelo voto. Sem os dois, os milhares de votos deixados “soltos” pelos deputados Eliziane Gama (140 mil), Weverton Rocha (80 mil), José Reinaldo (PSDB) e Waldir Maranhão (PSDB) e Sarney Filho (PV), que estão na guerra pelo Senado, seriam pulverizados entre vários candidatos, mas com a entrada deles nessa seara, a “caça” a esses votos vai ganhar novo impulso. Aliás, a guerra pelas 18 cadeiras da Câmara Federal será tão disputada quanto as demais, pois além dos deputados que buscam a reeleição, como Rubens Jr. (PCdoB), Hildo Rocha (MDB), Cléber Verde (PRB), João Marcelo (MDB) e André Fufuca (PP), um grupo forte está se movimentando para fazer o caminho de ida, como o jornalista Márcio Jerry (PCdoB), os ex-prefeitos de Imperatriz Ildon Marques (PSB) e Sebastião Madeira (PSDB), o vereador Pedro Lucas Fernandes (PTB) e o ex-ministro Gastão Vieira (PROS). Será, portanto, uma guerra e tanto.
Ex-prefeitos de São Luís poderão voltar a encarar as urnas
Correm nos bastidores da corrida eleitoral rumores de que os ex-prefeitos de São Luís Tadeu Palácio, Conceição Andrade e Gardênia Gonçalves estariam se movimentando discretamente para entrar na briga pelo voto tradicional para a Câmara Federal. Tadeu Palácio andou recolhido, dedicando-se exclusivamente ao seu consultório de oftalmologia, mas recentemente tem sido visto em eventos sociais, sorridente e exibindo um visual atualizado. Conceição Andrade, depois de participar dos Governos de Roseana Sarney como secretária de Estado ligada às questões agrárias, retomou suas atividades de advogada especialista nessa área, mas admitindo a possibilidade de encarar as urnas em Outubro. E Gardênia Gonçalves estaria sendo sondada por amigos, que gostariam de vê-la preservando o legado político e eleitoral do marido e dela própria como candidata à Câmara Federal. Nenhuma definição concreta.
São Luís, 18 de Julho de 2018.