Líder do Grupo Coutinho, que tem seus pilares em Caxias e na região Leste, a deputada estadual Cleide Coutinho (PDT) não será candidata à reeleição. Ela anunciou sua aposentadoria das lutas pelo voto e revelou que será sucedida no comando do grupo por Cláudia Coutinho, mulher do prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho (DEM), irmão e braço-direito do deputado Humberto Coutinho (PDT), o grande construtor e referência maior do segmento, morto em Janeiro de 2018. Com a saída de cena de Cleide Coutinho, motivada principalmente pela idade – caminha para os 80 anos -, o Grupo Coutinho, fortemente abalado com a morte do deputado Humberto Coutinho, tem agora o desafio de estancar o seu processo de emagrecimento e tentar rever pelo menos parte do prestígio que manteve por vários anos na politicamente inquieta Princesa do Sertão Maranhense.
A aposentadoria de Cleide Coutinho encerra um longo e movimentado ciclo que durou mais de três décadas na seara política caxiense, tendo como líder máximo da corrente conhecida como Grupo Coutinho o médico e empresário Humberto Coutinho, que foi vereador, prefeito de Caxias, deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e governador do Estado por quatro dias. Nesse processo, Cleide Coutinho foi figura basilar, atuando forte e intensamente como o mais importante suporte de Humberto Coutinho, assegurando a normalidade da família, operando na área empresarial – nos ramos hospitalar e na pecuária – e atuando como principal auxiliar e conselheira. Médicos por formação, Humberto e Cleide Coutinho foram, durante anos a fio, uma saudável referência no que diz respeito à solidez de uma aliança familiar.
A morte de Humberto Coutinho colocou naturalmente o Grupo Coutinho na perigosa rota da fragilidade e da decadência. Esse processo começou em 2016, quando o então vereador Fábio Gentil, tendo como aliado o ex-prefeito Paulo Marinho e seu grupo, derrotou o então prefeito Leonardo Coutinho – visto por todos como a grande aposta da família para comandar o grupo – desfechando um duro golpe no poder de Humberto Coutinho, que naquele momento encontrava-se no auge do poder, como presidente da Assembleia Legislativa e como um dos políticos mais influentes da base de apoio do governador Flávio Dino, então no PCdoB. A pancada foi completada com a morte de Humberto Coutinho, uma vez que o fracasso de Leonardo Coutinho no comando da Prefeitura de Caxias e da sua falta de aptidão e de habilidade políticas obrigaram Cleide Coutinho a assumir o comando do Grupo e se candidatar a deputada estadual em 2018, obtendo a segunda maior votação.
As eleições municipais de 2020 mostraram o Grupo Coutinho mais fragilizado e duramente castigado nas urnas em Caxias, com o seu candidato a prefeito, o deputado Adelmo Soares, recebendo votação pífia diante do prestígio eleitoral avassalador do prefeito Fábio Gentil. O Grupo respirou com dificuldade com a reeleição do prefeito Ferdinando Coutinho em Matões, mas no geral a corrida eleitoral de 2020 causou a impressão de que a poderosa corrente política criada e fortalecida por Humberto Coutinho chegou diante de uma espécie de “tudo ou nada”, com o desafio de tentar se renovar com uma mudança de comando ou de descer sem controle a ladeira da decadência.
Ao anunciar sua aposentadoria das urnas e a sua sucessora, a deputada Cleide Coutinho dá uma mostra de que a idade e os reveses não afetaram o seu bom senso político. Isso porque, ao passar o comando do Grupo Coutinho para Cláudia Coutinho, entregou-o também para o prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho, que foi braço-direito e homem de confiança de Humberto Coutinho e que se revelou um político hábil e vencedor, apesar do seu jeitão desprendido. Cláudia Coutinho tem vivência política e, segundo dizem, talento para comandar o Grupo Coutinho, mas ninguém duvida que seus passos serão traçados com a régua e o compasso de Ferdinando Coutinho.
Com mudança de comando, o Grupo Coutinho ganha uma chance de sobrevivência e de dar a volta por cima. As próximas eleições definirão o seu destino.
Em Tempo: A informação chegou ao universo da política pelo blog do competente jornalista Ricardo Marques.
PONTO & CONTRAPONTO
Ato com ministro dá impressão de que deputados federais ignoram a crise que afeta o País
O deputado federal Aluísio Mendes (PSC) deu ontem uma demonstração de força como vice-líder do Governo Jair Bolsonaro na Câmara Federal, ao trazer a São Luís o ministro da Cidadania, João Roma, para fazer a entrega de 160 toneladas de cestas básicas em 16 municípios e anunciar pequenas obras em alguns deles. Ocorrido no Parque do Bom Menino, o ato foi presidido pelo prefeito Eduardo Braide, cujo partido, o Podemos, integra a base de sustentação do Governo Federal.
Nada menos que sete outros deputados federais da base bolsonarista – Pastor Gildenemyr (PL), Edilázio Jr. (PSD), Cléber Verde (Republicanos), André Fufuca (PP), Gil Cutrim (Republicanos), Josimar de Maranhãozinho (PL) e JP (Podemos) – participaram do ato em que todos, com gestos ou palavras, respaldaram a postura do Governo Federal em relação ao Maranhão. Até aí, tudo bem, nada de errado.
Numa outra perspectiva, porém, chama a atenção o fato de que esses parlamentares passam a impressão de que nada está acontecendo no País e que a Nação e a República estão em paz. Eles não dão um pio sobre a crise política e institucional que se agrava, parecem não dar muita importância às mais de 540 mil mortes pela Covid-19, que para eles não existe a CPI da Covid, que o presidente que eles apoiam não está sob suspeita de prevaricação no escandaloso caso da compra da vacina Covaxin, nem que o mesmo presidente, que esnoba partidos políticos, não anda fazendo discursos golpistas de ameaça às eleições do ano que vem e à própria democracia brasileira.
Ao mesmo tempo, numa espécie de contrapeso, provavelmente “pressionados” pela postura do prefeito Eduardo Braide e do ministro João Roma, todos estavam usando máscara. Bem diferente da postura agressiva de total desprezo pela proteção contra o novo coronavírus que a maioria deles exibiu, junto com o senador Roberto Rocha (sem partido), na companhia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em visita a Alcântara, no dia 12 de fevereiro, em momento grave da pandemia, quando quase ninguém no Brasil havia ainda sido vacinado.
Lourival Serejo mantém posição firme em defesa do sistema de votação eletrônica
Com o peso da responsabilidade de quem deve comandar as eleições do ano que vem no Maranhão, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Lourival Serejo vem se colocando na linha de frente dos magistrados que erguem barricadas contra a tentativa do presidente Jair Bolsonaro de desacreditar e modificar o já testado e atestado sistema de votação eletrônica brasileiro, hoje uma referência para países de todos os continentes. Em conversa com colegas e outros interlocutores, expondo sua experiência e seriedade, uma vez que não tolera desvios de qualquer natureza e em qualquer segmento da máquina pública, a começar pela eleitoral, o desembargador Lourival Serejo afirma, categórico, que o sistema de votação eletrônica é seguro, à prova de fraude e que eleição lhe são acrescidos mecanismos que o tornam cada vez mais seguro e confiável. Não vê razão para se gastar R$ 2,5 bilhões para dotar o sistema desse dispositivo, que não tem nenhuma razão de ser. Isso significa dizer que, por ele, nada será mudado no sistema de votação eletrônica.
São Luís, 13 de Julho de 2021.