Cenário político é agitado por fatos que terão forte repercussão nas montagens para as eleições de 2022  

Eunélio Mendonça, Carlos Florêncio, Marco Aurélio, Márcio Jerry ,Othelino Neto, Adelmo Soares, Júlio Mendonça, Mavio Rocha e Rodrigo Lago: fortalecer o PCdoB

A migração do governador Flávio Dino para o PSB desencadeou uma série de movimentos de partidos dentro e fora da base governista, num processo de ajustes partidários que ainda agitará o meio político por muito tempo. Nas últimas 48 horas, por exemplo, o PCdoB reuniu seus líderes para discutir o futuro do partido agora sem o governador como seu líder maior, quatro secretários de Estado anunciaram filiação no novo partido do governador, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. anunciou que marcha para a oposição ao se filiar ao PSD, a deputada estadual Mical Damasceno (PTB) confirma afastamento da base governista e uma declaração de apoio do ex-deputado estadual Stênio Rezende revela que o DEM está rachado na corrida sucessória. São fatos que sinalizam com clareza que a movimentação política começa a ganhar movimento, cuja intensidade só será mais ou menos conhecida quando o calendário para as eleições do ano que vem começar a vigorar na segunda semana de Outubro deste ano. Os fatos relacionados são suficientes para que se possa ter uma ideia prévia do que vem por aí.

Mesmo sendo ainda um dos principais suportes e referências do atual Governo, o PCdoB sentiu a perda do governador Flávio Dino, o seu maior trunfo. Mas, ao contrário do que muitos previram, manteve sua estrutura e não sofreu outras perdas. Ontem, os detentores de mandato do partido, numa articulação feita pelo seu presidente, o deputado federal licenciado Márcio Jerry, e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto, se reuniram para avaliar o cenário e as perspectivas. E fecharam questão em três pontos: permanecer firme na base de apoio do Governo, manter a unidade partidária e trabalhar para manter o partido forte, se possível ampliando seu poder de fogo nas urnas. Além de Márcio Jerry e Othelino neto, participaram da reunião o os deputados estaduais Marco Aurélio, Adelmo Soares e Carlinhos Florêncio, um representante da deputada Ana do Gás e o secretário Rodrigo lago (Agricultura Familiar).

Em meio à agitação partidária, os secretários Rogério Cafeteira (Esporte), Catulé Jr. (Turismo) e Marcos Pacheco (Políticas Públicas) e a presidente do Procon, Karen Barros anunciaram que filiarão ao PSB. A filiação de Karen Barros é um indicativo de que o deputado Duarte Jr., hoje no Republicanos, poderá migrar também para o PSB. O ato de filiação acontecerá hoje, com a presença do governador Flávio Dino. Há quem veja nas filiações apenas o início de uma grande revoada na direção do novo partido do chefe do Executivo e pré-candidato ao Senado.

O anúncio de que o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., se filiará ao PSD, surpreendeu muitos integrantes da base governista. Seria um processo absolutamente natural se o PSD não fosse ponta de lança da oposição ao governador Flávio Dino, liderada pelo deputado federal Edilázio Jr., um dos mais ferrenhos adversários do atual Governo, e se Edivaldo Holanda Jr. não tivesse recebido apoio decisivo do governador Flávio Dino e seu grupo nas suas duas eleições em São Luís. E tudo indica que será candidato a governador em campo oposto ao do governador e, provavelmente, também contra o candidato do seu ex-partido, o PDT, senador Weverton Rocha. É cedo, porém, para se bater martelo quanto ao futuro do ex-prefeito de São Luís.

Um fato que também chamou a atenção do meio político foi a declaração da deputada Mical Damasceno de que está fora da base governista, ou seja, é agora oposição ao atual Governo. Mical Damasceno deu essa guinada ao assumir o comando do PTB no Maranhão, entronizada pelo chefe nacional da legenda, Roberto Jefferson, que destituiu o deputado federal Pedro Lucas Fernandes da direção do partido por ele ter votado a favor da prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL). Bolsonarista militante, Mical Damasceno quer levar o eleitorado evangélico para a base de Jair Bolsonaro no Maranhão, mesmo sabendo que o presidente não é bem visto pela maioria dos evangélicos maranhenses.  Alguns observadores avaliam que a deputada Mical Damasceno pode estar cometendo um grave erro político.

E, finalmente, a surpreendente declaração do ex-deputado Stênio Rezende (DEM) de que vai apoiar a candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB). A posição do ex-parlamentar, que deve ser acompanhada por sua mulher, a deputada estadual Andreia Rezende Resende, revela que o DEM, presidido no Maranhão pelo deputado federal Juscelino Filho, sobrinho de Stênio Rezende, está dividido. Uma banda não seguirá o presidente Juscelino Filho no apoio ao projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), que apoiou a candidato do DEM, deputado Neto Evangelista, à Prefeitura de São Luís.

Sem ligação direta entre si, os fatos demonstram o cenário político ainda sofrerá muitas alterações até as convenções partidárias que oficializarão as candidaturas que se enfrentarão nas eleições de Outubro do ano que vem.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

CPI dos Bancos: Senador maranhenses mandou prender ex-presidente do Banco Central

Bello Parga dá voz de prisão a Chico Lopes na CPI dos Bancos

A prisão, ontem, do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, por ordem do presidente da CPI  da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), sob a alegação de que ele mentiu ao depor na Comissão sobre um suposto esquema de corrupção que se armou na pasta em torno da compra da vacina indiana Covaxin, lembrou um caso de prisão de depoente que se tornou célebre, envolvendo dois senadores maranhenses: o senador Bello Parga (PFL-MA), que a presidia, e o senador João Alberto (PMDB-MA), que era o relator.

No dia 27 de Abril de 1999, o presidente da CPI dos Bancos, senador Bello Parga, deu voz de prisão ao ex-presidente do Banco Central, Chico Lopes, um dos mais renomados economistas da sua geração, que havia prestado depoimento à Comissão sobre distorções no sistema bancário nacional. Orientado por seus advogados, Chico Lopes se negou a assinar o depoimento, tornando sem efeito o que dissera, já que o foi dito por ele só teria validade com a sua assinatura. A recusa causou tumulto na CPI, tendo vários senadores tentado fazer com que o ex-presidente do BC assinasse o depoimento, explicando que sua atitude seria considerada desacato à autoridade e interpretada como falso testemunho. Ele, porém, manteve a decisão de não assinar, alegando estar seguindo orientação dos seus advogados. Essa atitude levou o presidente da CPI, senador Bello Parga, a adverti-lo, explicando que se ele não assinasse o documento, seria preso. O clima de tensão aumentou, e como o ex-presidente do BC não recuou, o presidente Bello Parga deu-lhe voz de prisão, convocando a Polícia do Senado para recolhe-lo. Como aconteceu ontem, o economista Chico Lopes foi recolhido às dependências da Polícia do Senado, seus advogados pagaram a fiança e ele foi liberado ainda no mesmo dia.

Homem respeitado por sua seriedade, o senador Bello Parga entrou para a crônica do Senado pela atitude que tomou, uma vez que evitou que a CPI dos Bancos fosse desmoralizada pelo ex-presidente do Banco Central. Sério e determinado, o senador João Alberto não participou diretamente do episódio, mas muito do que aconteceu naquele dia estava intimamente relacionado com as investigações que realizou como relator.

 

Marcos Pacheco vai tentar novamente a Assembleia Legislativa

Marcos Pacheco

Tudo indica que o médico e advogado Marcos Pacheco, atual secretário de Estado Políticas Públicas, será candidato a deputado estadual. Ele assinará hoje ficha de filiação no PSB. Marcos Pacheco tem feito um trabalho destacado no enfrentamento da pandemia. Ele preside o chamado Gabinete Científico, grupo de médicos e gestores que avalia a situação da pandemia no Maranhão, acompanha as novidades sobre o assunto em todo o mundo e tem sido a mais importante fonte de consultas do governador Flávio Dino sobre como enfrentar as investidas do novo coronavírus no estado.

Marcos Pacheco entrou na vida política filiando-se no PDT, tendo sido eleito deputado estadual no pleito em que Jackson Lago se elegeu governador, em 2006. Desencantou-se do mandato e voltou a praticar a medicina e a dar aulas de Direito no Uniceuma. Foi secretário de Saúde nos primeiros meses do Governo Flávio Dino, que o nomeou para comandar a Secretaria de Estado da Saúde, mas meses depois passou o cargo para Carlos Lula, sendo ao mesmo tempo nomeado secretário de Políticas Públicas. Está, portanto, credenciado para encarar as urnas.

São Luís, 08 de Julho de 2021.

 

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