A informação publicada ontem na coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, dando conta de que o governador Carlos Brandão (PSB) está entre os 13 governadores que renunciarão em abril do ano que vem para encarar as urnas na corrida ao Senado, é a confirmação de que a aliança governista está sendo recolocada nos eixos depois de meses de tensão, com ameaças de rompimentos e desmanche. A notícia, dada sem qualquer traço de dúvida, confirma também que brandonistas e dinistas caminham para ajustarem a relação e, assim, garantir o que está rascunhado desde o início de 2022, quando o então governador Flávio Dino (PSB) bateu martelo confirmando a candidatura do seu vice, Carlos Brandão (PSB), à sua sucessão, rifando a pretensão do senador Weverton Rocha (PDT).
Para divulgar uma informação como essa com esse teor de segurança, usando o “será candidato” ao invés do “poderá ser candidato”, o jornal paulista certamente se valeu de fonte segura, que lhe passou exatamente o que está decidido na agenda política do chefe do Executivo estadual. Isso significa dizer que, embora não haja anúncio oficial nem uma declaração pública do governador a respeito do assunto, o projeto senatorial é item prioritário no planejamento político e eleitoral do governador para os próximos anos. E anima os bastidores da corrida às urnas e reforça o projeto de uma chapa tendo o vice-governador Felipe Camarão (PT) como governador a partir de abril e, naturalmente, como candidato à reeleição.
Carlos Brandão tem usado a astúcia das raposas para conduzir esse processo, evitando o lançamento de uma chapa fechada com um ano e meio de antecedência, colocando os candidatos na rota do desgaste. À medida que vai montando, tijolo a tijolo, a chapa majoritária do seu campo, levando em conta também os movimentos de adversários e concorrentes, caminha com segurança para o 03 de abril do ano que vem, quando se verá, finalmente, diante da realidade nua e crua, que é sair para disputar uma cadeira no Senado ou permanecer no Governo para se tornar apenas um ex-mandatário sem poder, mesmo que venha a deixar um aliado no comando.
Política é uma atividade nobre, mas é também implacável, porque a essência dela é a busca permanente pelo poder, e quem o consegue e o deixa escapar costuma pagar um preço muito elevado. Daí não fazer qualquer sentido que um político na posição do atual governador do Maranhão abra mão de permanecer no epicentro do poder como senador da República. E a julgar pela desenvoltura com quem vem movimentando seu Governo e se relacionando com a classe política, tudo indica que o governador seguirá a trilha indicada na informação publicada na prestigiada e bem informada coluna política da Folha de S. Paulo.
Salvo casos raríssimos, como o da senadora Ana Paula Lobato (PDT), que ganhou um mandato senatorial inteiro na condição de suplente do senador Flávio Dino (PSB), que renunciou para ser ministro da Corte Suprema, ninguém em outra condição ganha oito anos de estadia na Câmara Alta. E como político que conhece o caminho difícil, tortuoso e exigente que leva às urnas, Carlos Brandão sabe que, mesmo sendo detentor de prestígio político e poder, como é o seu caso, tem de sair a campo em busca do respaldo eleitoral. E isso exige muito trabalho, muita conversa e muito compromisso assumido.
As pesquisas têm dito que o governador é favorito para uma das duas vagas, sendo a segunda mirada por dois senadores em busca da reeleição, Eliziane Gama (PSD) e Weverton Rocha (PDT), e pelo deputado federal André Fufuca (PP), atual ministro do Esporte. Carlos Brandão tem experiência suficiente para saber que, independentemente do favoritismo apontado nas pesquisas, voto não cai do céu, por isso mesmo está trabalhando duro para preencher as expectativas do eleitorado.
Afinal, melhor do que ser eleito é ter uma eleição maiúscula.
PONTO & CONTRAPONTO
Iracema Vale e Othelino Neto aguardam atentos o desfecho da votação do Supremo
A presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), e o ex-presidente Othelino Neto (Solidariedade), passarão a Páscoa e entrarão na semana mergulhados em clima de expectativa por conta do julgamento virtual do Supremo Tribunal Federal, que dirá se o mandato de presidente que ela está exercendo, resultado da eleição realizada no dia 13 de novembro do ano passado, é legal ou não.
Iracema Vale tem demonstrado descontração em relação ao caso. Primeiro porque tem exibido convicção de que nada houve de errado na sua eleição. E segundo porque os quatro ministros que já votaram, três tem posições favoráveis a ela , e um deu voto mesclado com alguns questionamentos, mas confirmando a legalidade da eleição. Se tiver mais dois votos a favor e o quarto não for revisto, o assunto estará liquidado a seu favor.
Othelino Neto tem mantido certa discrição em relação ao julgamento desde que a ministra-relatora Cármen Lúcia anunciou seu voto não reconhecendo os argumentos da ação do seu partido contra a eleição. Andou reforçando sua argumentação, mas os advogados da Alema contra-atacaram fortalecendo ainda mais a tese segundo a qual se trata de assunto de prerrogativa do parlamento, não cabendo a intromissão da Justiça.
A expectativa dos dois interessados deve acabar a qualquer momento da semana que começa, com a manifestação de todos os integrantes da Corte Suprema.
Lahesio perde espaço por conta dos seus movimentos de candidato assumido ao Governo
Na sua estratégia belicista de se viabilizar como candidato da direita – aí incluindo todas as suas correntes – ao Governo do Estado, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), parece estar mais perdendo do que acrescentando cacife à sua candidatura já anunciada.
Fez gestos inadequados ao prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD) e teve um estrondoso silêncio como resposta, traduzido por alguns observadores como um aviso de que não há qualquer chance de uma aliança.
Se movimentou também, com algum cuidado, na direção do grupo liderado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, mas tudo o que teve como resposta foram recados de que não deve esperar o apoio do PL do Maranhão.
E, mais recentemente, foi duramente alvejado por petardos verbais disparados pela deputada estadual Mical Damasceno (PSD), que o apontou como alguém que “diz muita besteira” e aparenta ter “um parafuso frouxo”. O ataque da parlamentar pode significar que uma grande fatia da corrente evangélica da Assembleia de Deus não o seguirá como candidato.
Essas reações aos seus movimentos são suficientes para que o candidato assumido do Novo reveja sua estratégia, sob pena de mergulhar num isolamento que pode ser fatal ao seu projeto de ser governador. São Luís, 20 de Abril de 2025.