A corrida para a Prefeitura de São Luís evolui quebrando uma das regras das disputas eleitorais no âmbito dos municípios: até aqui, nenhum dos candidatos a prefeito abriu espaço para que líderes dos seus partidos ou de agremiações que integram coligações se manifestem em seu favor e peçam aos eleitores que lhe deem seus votos. Até aqui, Edivaldo Jr. (PDT), Wellington do Curso (PP), Eliziane Gama (PPS), Eduardo Braide (PMN), Fábio Câmara (PMDB), Rose Sales (PMB), Zéluiz Lago (PPL), Cláudia Durans (PSTU) e Valdeny Barros (PSOL) fazem suas campanhas sozinhos, como se não contassem com um lastro político expressado por lideranças maiores das agremiações partidárias que os apoiam. O caso mais emblemático desse aspecto da campanha eleitoral é a caminhada solitária do pemedebista Fábio Câmara, que não conta com o apoio das personalidades graúdas do PMDB maranhense, a começar pela ex-governadora Roseana Sarney. Tal realidade dá um sentido diferente a esse embate eleitoral, à medida que o eleitorado focará sua atenção apenas no candidato, não se interessando por quem está por trás dessa candidatura.
Levando em conta o fato de que o tempo de campanha agora é menor e que o uso da TV, por exemplo, é mais restrito, o fato é que até agora, fora os candidatos, nenhuma estrela de primeira grandeza do universo partidário maranhense deu as caras na telinha para pedir votos para o candidato que apoia. Essas personagens parecem querer distância dos candidatos ou os candidatos não as querem por perto, provavelmente avaliando que tal movimento pode causar desgastes, seja para o candidato, seja para quem o defender. Não há, em tempos recentes, uma disputa eleitoral em São Luís na qual candidatos e lideranças partidárias estejam tão afastadas como a que está em curso.
O prefeito Edivaldo Jr., por exemplo, faz uma campanha acompanhado apenas de assessores e candidatos a vereador, e é a estrela solitária do seu programa de TV. Até agora, o governador Flávio Dino (PCdoB), que para muitos é o seu mentor e padrinho político, não apareceu no horário eleitoral na TV para dizer o que pensa do candidato e reforçar, por exemplo, a parceria Prefeitura/Governo do Estado, impensável em governos anteriores, mas que de dois anos para cá se tornou possível e útil. Também não apareceram, por exemplo, o deputado federal Weverton Rocha, presidente do PDT no Maranhão e líder da bancada do partido na Câmara Federal, nem o poderoso e influente Márcio Jerry, presidente estadual do PCdoB e secretário de Estado de Articulação Política e Comunicação.
Wellington do Curso toca a campanha como se não tivesse partido nem aliados. Ninguém da sua agremiação partidária, o PP, até agora apareceu na sua propaganda. O presidente do PP no Maranhão, deputado federal André Fufuca, está de licença e resolveu embrenhar-se no interior dando suporte para outros candidatos do partido. O controvertido deputado federal Waldir Maranhão, atual 1º vice-presidente da Câmara Federal, foi simplesmente vetado pelo candidato, sob o argumento segundo o qual, ao invés de ajudar, pode atrapalhar. Não se sabe ainda se o senador Roberto Rocha, que patrocinou politicamente a aliança PP/PSB, indicando seu filho, o vereador Roberto Rocha Jr., como vice, vai participar da campanha pedindo votos na TV, mas até agora não há sinal de que isso acontecerá. Também o deputado federal José Reinaldo Tavares, ex-governador, não é lembrado na base de sustentação do candidato.
Eliziane Gama parece caminhar sem qualquer interesse nesse tipo de apoio. Na sua coligação, ela conta com o influente deputado federal João Castelo (PSDB), ex-governador e ex-prefeito da Capital, e da ex-prefeita Gardênia Gonçalves, também do PSDB e o também tucano vice-governador Carlos Brandão, mas nenhum ganhou espaço a seu lado da TV. E também o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, que é deputado federal, e o deputado estadual Adriano Sarney, dois expressivos avalistas políticos da sua candidatura por conta da aliança do PPS com o PV, provavelmente não ocuparão o horário da candidata da TV para pedir ao eleitorado que lhe dê a possibilidade de se eleger prefeita.
O candidato pemedebista Fábio Câmara é emblemático. Fora o senador João Alberto, que garantiu sua candidatura enfrentando a cúpula do PMDB e fez caminhadas com ele em bairros, Câmara não teve ainda, e provavelmente não terá nenhum figurão do PMDB na sua campanha. A estrela maior, Roseana Sarney, virou-lhe as costas e, segundo é corrente nos bastidores da corrida, está reunindo apoios para Wellington do Curso – irritado com a traição partidária, Câmara teria dito que não precisa do apoio da ex-governadora. O senador Edison Lobão e suplente Lobão Filho não só não o apoiam, como tinham clara simpatia pela candidata do PPS. É quase certo que Fábio Câmara fechará sua campanha na TV sem uma peça com o aval declarado dos líderes pemedebistas.
Os candidatos Eduardo Braide e Rose Sales não têm apoiadores graúdos e também não têm tempo para abrir-lhes espaço de apoio. Braide confia na sua competência e na sua história. Rose Sales, por sua vez, não têm grandes nomes no seu partido, mas recebeu duas importantes declarações de apoio à sua candidatura nas redes sociais, uma da ex-prefeita Conceição Andrade, e outra do ex-prefeito Tadeu Palácio. Vale anotar que, somados, os dois passaram 10 dos últimos 26 anos no comando do Palácio de la Ravardière, mas, curiosamente, não deixaram um legado político que os identifique como líderes.
Zéluis Lago é o próprio líder do seu partido. Cláudia Durans poderá abrir espaço para Marcos Silva, o líder maior do PSTU no Maranhão, ou para Zé Maria, o insubstituível chefe do partido que costuma aparecer na TV maranhense em tempos de campanha eleitoral. E, surpresa das surpresas, ontem, o candidato do PSOL, Valdeny Barros, abriu espaço para um líder sindical bradar contra os patrões e a burguesia.
PONTO & CONTRAPONTO
Data M embala caminhada de Edivaldo Jr. na Vila Cotia
No embalo da pesquisa do Data M, que o mostra com 40,7% das intenções de voto contra 25,8% de Wellington do Curso e 7,8% de Eliziane Gama, com os demais candidatos somando 8,6% e tendo ainda 17,1% de nulos e indecisos, o prefeito Edivaldo Jr. desembarcou animado ontem na Vila Cotia e áreas adjacentes, onde foi recebido em clima de festa. Com um sorriso rasgado de ponta a ponta, o mandatário que busca a reeleição relaxou a segurança e se entregou a abraços, apertos de mão e a selfies. Liderou a caminhada “Todos com Edivaldo” com disposição redobrada, como quem tem na mão a chave para garantir vitória nas urnas em turno único. Saboreando a informação segundo a qual 62% dos entrevistados disseram acreditar que ele será vitorioso nas urnas. Motivos, portanto, não lhe faltavam para que esbanjasse com confiança. Menos de 48 horas tomar conhecimento de que o Ibope encontrara uma situação caminhando para um empate técnico entre ele e o candidato do PP, ser informado pelo Data M de que o quadro é bem diferente e muito favorável deu-lhe ânimo para intensificar a corrida. Na caminhada na Vila Cotia e adjacências, o prefeito mostrou disposição para contrariar prognósticos pessimistas indicar que pode, sim, vencer a eleição no primeiro turno.
Wellington apanha em coluna de Veja
Segundo destacado na corrida para a prefeitura de São Luís, Wellington do Curso continua sendo duramente alvejado por adversários. Ontem, çor exemplo, a coluna Radar, da revista Veja, publicou nota dando-lhe uma forte alfinetada. Misturando alho com bugalho e, por isso, gerando a suspeita de tal nota foi encomendada, a coluna informou que Wellington do Curso decidiu “esconder” o deputado Waldir Maranhão, de modo que ele não apareça na sua campanha. E acrescenta, com forte dose de veneno: “Quem conhece o candidato há mais tempo, n o entanto, diz que ele pode esconder o aliado, mas dificilmente poderá esconder o terreno grilado de 6.252 metros quadrados, localizado em área nobre de São Luís”. A nota acrescenta que Wellington do Curso está sendo processado pelo Estado, que quer o terreno de volta ao seu verdadeiro dono, o Fundo de Pensão e Aposentadoria do Maranhão. E conclui dizendo que diante do problema, o candidato do PP tenta vender o terreno or R$ 6 milhões. A nota de Veja alcançou Wellington do Curso durante uma animada visita que o candidato fez ontem à feira da Cohab, onde lembrou seu tempo de feirante, prometeu dias, melhores para quem trabalha nesta área e foi muito festejado por eleitores.
São Luís, 16 de Setembro de 2016.