Candidatos estão fazendo boas promessas para São Luís, mas não dizem com que dinheiro vão cumpri-las

 

Eduardo Braide, Duarte Júnior, Neto Evangelista e Rubens Júnior: boas propostas, que para serem viabilizadas dependem de recursos, que a Prefeitura não dispõe 

Se permanecer assim até o final, não descambando para o pugilato baixo nível entre os candidatos, a campanha em curso para a Prefeitura de São Luís certamente entrará para os anais da política ludovicense como a mais propositiva desde a eleição de 1985, quando os prefeitos de capitais, que durante a ditadura militar foram nomeados pelo Governador do Estado, voltaram a ser escolhidos pelo voto direto e secreto. Até aqui, tanto no horário eleitoral gratuito no Rádio e na TV quanto fora dele, o que o eleitor tem visto são os concorrentes mostrando suas histórias e apresentando propostas para resolver problemas que, de fato, angustiam a população. Ontem, por exemplo, Rubens Júnior (PCdoB), anunciou que, se eleito, implantará o programa “Meu emprego de volta”, no qual a Prefeitura cobrirá os juros de financiamentos destinados à geração de empregos em pequenos negócios; Eduardo Braide (Podemos) assumiu compromisso de gerar empregos com a criação de uma Agência de Desenvolvimento Econômico de São Luís; Neto Evangelista (DEM) prometeu abrir restaurantes populares da Prefeitura, como também cozinhas comunitárias, enquanto Duarte Júnior prometeu investir forte para melhorar o atendimento na área de Saúde.

Por mais inteligentes e bem planejadas que sejam, as propostas apresentadas até aqui pelos candidatos a prefeito dependem de um item essencial e insubstituível, mas extremamente escasso: dinheiro. E o problema maior é que o Orçamento da Prefeitura de São Luís para o primeiro ano da nova administração, que começa no próximo dia 1º de Janeiro, está fechado e não deixará margem para muita coisa. Já aprovado pela Câmara Municipal, o Orçamento prevê uma receita de R$ 3,4 bilhões, dos quais R$ 505 milhões, cerca de 15%, serão usados para bancar a folha de pessoal, e outros R$ 484 milhões (mais ou menos 14%) bancarão a Previdência municipal, ou seja: R$ 1 bilhão estão reservados para os dois itens.

No mais, a Saúde vai levar R$ 938 milhões, a Educação consumirá R$ 685 milhões, enquanto a área de Urbanismo vai gastar R$ 187 milhões e a de Saneamento tem previstos gastos de R$ 187 milhões. Com os seus inacreditáveis 31 membros, a Câmara Municipal precisará de nada menos que R$ 107 milhões para se bancar, o que representará repasses mensais de R$ 9 milhões por mês.

Não se duvida do propósito e da sinceridade dos candidatos, mas diante desses números e da realidade de aperto financeiro criada com a pandemia do novo coronavírus, uma pergunta não quer calar: onde o futuro prefeito pensa conseguir dinheiro para bancar projetos ousados, como a abertura de restaurantes populares bancados pelo município. O autor da proposta, Neto Evangelista foi o único candidato que avaliou que a Prefeitura de São Luís precisará de uma revisão fiscal, ou seja, de um equilíbrio necessário entre receita e despesa. Mais do que isso, precisará otimizar sua receita, o que poderá significar uma ação tributária mais intensa, que possa reduzir a sonegação e otimizar a arrecadação. Não há dúvida de que é grande a fatia de atividades econômicas que driblam o fisco e, com isso, inibem a arrecadação real.

O prefeito Edivaldo Holanda Júnior deu um passo expressivo na tentativa de melhorar a performance fiscal de São Luís, e tem dito que as finanças do Município estão sob controle, garantindo que deixará para o seu sucessor uma situação fiscal equilibrada. O prefeito que se prepara para sair depois de oitos anos de gestão equilibrada, tem reconhecido que a chegada do coronavírus, a suspensão das atividades econômica e os gastos não previsto travaram o crescimento da receita. O prefeito não admite, mas esse novo cenário mergulhou a realidade fiscal do município numa densa nuvem de incerteza.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Matões terá uma das disputas mais emblemáticas em todo o Maranhão nestas eleições

Ferdinando Coutinho mantém vantagem sobre Gabriel Tenório numa disputa acirrada e de desfecho imprevisível

Matões, um município de 31 mil habitantes encravado no Leste maranhense, nas vizinhanças de Caxias, a 514 quilômetros de São Luís, terá uma das eleições mais emblemáticas de todo o Maranhão. Ali, o prefeito Ferdinando Coutinho (PSB), tenta a reeleição enfrentando Gabriel Tenório (Progressistas), numa disputa dura, que coloca em confronto duas grandes forças políticas, com repercussão na região e em todo o estado. Uma pesquisa recente do instituto Qualitativa, feita nos dias 29 e 30 de Setembro, trouxe à tona o seguinte cenário: Ferdinando Coutinho com 45% das intenções de voto e Gabriel Tenório com 40,7%. O resultado confirmou tendência mostrada em levantamentos anteriores levemente favoráveis ao prefeito Ferdinando Coutinho.

O caráter emblemático da disputa em Matões está no fato de o prefeito Ferdinando Coutinho viver a condição de último baluarte do grupo político criado e liderado durante anos por Humberto Coutinho, o ex-vereador e ex-prefeito de Caxias, deputado estadual por vários mandatos e presidente da Assembleia Legislativa, falecido em janeiro de 2018, criando um enorme vácuo na base política que construiu. Ferdinando Coutinho era uma espécie de braço direito do irmão, que a ele confiava as tarefas de zelar pela manutenção do grupo, bem como a de coordenar as ações eleitorais da família e aliados. Ferdinando Coutinho foi, além de irmão, o homem de confiança de Humberto Coutinho. Ferdinando Coutinho se tornou conhecido pela firmeza com que comanda a administração municipal.

Sua eleição para prefeito de Matões, onde tem empreendimentos agropecuários, foi fruto de uma aliança com o grupo liderado pelo ex-prefeito e ex-deputado estadual Rubens Pereira. Ferdinando Coutinho foi vice da prefeita Suely Pereira, esposa de Rubens Pereira. Em 2016, candidatou-se e foi eleito, derrotando exatamente o seu atual adversário. A aliança foi mantida enquanto Humberto Coutinho viveu, mas foi desfeita pouco tempo após sua morte. Os Pereira apoiam Gabriel Tenório, que também conta com o apoio ostensivo do PDT, do PCdoB e do Progressistas, cujos líderes, a começar pelo deputado federal André Fufuca, marcaram presença na convenção que o lançou.

A eventual reeleição de Ferdinando Coutinho garantirá a sobrevivência do Grupo Coutinho, ainda que numa escala reduzida, representando também uma dura derrota para o Grupo Pereira. Se a vitória vier a ser alcançada por Gabriel Tenório, esta representará um duro golpe no já combalido Grupo Coutinho e, nesse viés, uma injeção de ânimo no Grupo Pereira. Boa parte das atenções do leste Maranhense está voltada a guerra eleitoral que está sendo travada em Matões.

Em Tempo: A pesquisa do instituto Qualitativa ouviu 400 eleitores entre os dias 29 e 30 de Setembro, tem margem de erro de 4,85%, intervalo de confiança de 95% e está registrada na Justiça Eleitoral sob o número MA-03042.

 

Articulador do MDB, Roberto Costa se licencia da AL para mergulhar na campanha

Roberto Costa se licencia para se dedicar integralmente à campanha do MDB

Hoje o homem-forte do braço maranhense do MDB, encarando o desafio de tirar o partido da letargia imposta pela perda do poder e colocá-lo na realidade e se dando conta de que tem espaço para sobreviver e crescer, o deputado Roberto Costa se licenciou da Assembleia Legislativa para se dedicar integralmente da participação do partido na corrida a prefeituras e câmaras municipais. Ficará fora durante 121 dias, período em que será substituído pelo ex-deputado Léo Costa, que no momento é candidato a prefeito de Estreito pelo PL.

Responsável pelo processo de renovação que o MDB maranhense deflagrou no início de 2019, quando liderou a ala jovem para assumir os destinos do partido, Roberto Costa, que é o vice-presidente regional da agremiação, se impôs o desafio de coordenar a participação do partido nas eleições municipais. Sua tarefa – gigantesca, diga-se – articular as ações do partido em dezenas de municípios, ora com candidatos a prefeito, ora a vice-prefeito e ainda centenas de candidatos a vereador. Em São Luís, depois de muitas articulações, ele levou o MDB para a base de apoio da candidatura de Neto Evangelista, numa aliança com o DEM e o PDT. Atua forte também em Imperatriz, Caxias, Rosário e, com atenção especial, em Bacabal, onde trabalha pela reeleição do prefeito Edvan Brandão (PDT).

Com atuação política intensa e sem ranços, tentando enxergar na frente, Roberto Costa é hoje um dos mais ativos da nova geração de líderes políticos do Maranhão.

São Luís, 14 de Outubro de 2020.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *