Campanha começa com propaganda e discurso fortes, histórias de superação e suspeita de pancadaria no ar

 

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Edivaldo Jr., Eliziane Gama, Wellington do Curso, Rose Sales, Fábio Câmara, Eduardo Braide, Cláudia Durans e Valdeny Barros: expectativa de confronto aberto logo, logo

O começo da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, no ar desde sexta-feira (26), revelou uma situação que poderá definir o resultado da disputa para a Prefeitura de São Luís bem antes do que alguns imaginam. Os eleitores da Capital estão sendo bombardeados por uma avassaladora demonstração de força do prefeito e candidato à reeleição Edivaldo Holanda Jr. (PDT) em relação aos seus concorrentes. Primeiro por causa do tempo que dispõe – tem 3 minutos e 50 segundos, mais que o dobro do segundo maior tempo.  Depois pelo discurso – está aproveitando inteligentemente o espaço para mostrar suas obras, cuidando de desmentir os que o acusam de inércia administrativa. Os outros  candidatos, todos sem lastro administrativo para exibir, estão utilizado o espaço para se apresentar, sem o que lhes será difícil mostrar mazelas que infernizam a população em algumas áreas da cidade e de atacar o prefeito.

No primeiro dia de campanha na TV, o prefeito dedicou mais da metade do seu tempo a mostrar imagens de obras da sua gestão, numa indicação clara de que não pretende entrar no embate direto e potencialmente destrutível com Eliziane Gama (PPS), Wellington do Curso (PP), Rose Sales (PMB), Eduardo Braide (PMN), Fábio Câmara (PMDB), Valdeny Barros (PSOL), Zéluiz Lago (PPL) e Cláudia Durans (PSTU). Dá a entender que prefere ignorar a pancadaria, avaliando que tem mais a ganhar do que a perder seguindo esse caminho sem dar espaço para adversários.

Por seu turno, enquanto o prefeito começa com um discurso objetivo, tratando logo de mostrar que tem serviços prestados, dando seu recado com firmeza e segurança, os candidatos que usaram o tempo na TV nos dois primeiros dias aproveitaram para cativar o eleitor com mensagens de apresentação, identificando-se, contando suas histórias e se definindo como gente boa. Eliziane Gama usou belas imagens rascunhadas em grafite para contar a história de superação da menina que saiu do interior com a família, enfrentou muitas dificuldades, estudou e deu a volta por cima, tornando-se uma personalidade política de peso no estado; e nessa condição, pretende governar São Luís. Wellington do Curso – que agora quer ser chamado apenas de Wellington – também vendeu uma trajetória de menino pobre que, que passou por muitas situações complicadas, mas atropelou as adversidades, venceu na vida  construiu um empreendimento de expressão, o que, no seu entendimento, o credencia para governar São Luís.

O pemedebista Fábio Câmara foi mais longe ainda, fazendo uma crônica, em tom quase dramático, da sua migração dos cafundós de Cajari para São Luís em busca da sobrevivência mesmo, sugerindo que essa história e os espaços que conquistou até tornar-se vereador e suplente de deputado estadual o autorizam a tornar-se prefeito da Capital. Ludovicense da gema e filha de vereador Rose Sales, sem ter, portanto, uma história de superação para contar, aproveitou seu tempo para dar um recado objetivo: quer uma campanha limpa e espaço para que São Luís seja debatida. Com tempo tão exíguo quanto o de Rose Sales, Eduardo Braide se apresentou como tal e deu um aviso que muitos querem passar a limpo: anunciou que tem um “programa de governo”.

14/05/2014. Crédito: Honório Moreira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luis - MA. José Luís Lago,  pré-candidato ao governo do Estado do Maranhão pelo PPL.
Zéluiz Lago não deu as caras nos primeiros dias da propaganda na TV

Valdeny Barros e Cláudia Durans se apresentaram simpaticamente, sem maiores delongas, aparentemente sem dar a menor importância à estratégia dos seus “colegas” candidatos de falar mais deles próprios. Valdeny Barros avisou que vai brigar por transparência, servidores, referências do programa do seu partido. Cláudia Durans não negou a linha mestra do PSTU e deixou bem claro que vai governar com e para os trabalhadores, deixando implícito e sonho do PSTU de instalar no Maranhão uma república popular em que operários e camponeses darão as cartas. Zéluiz Lago não deu as caras.

Os dois primeiros dias de campanha no rádio e na TV sugerem que, favorecido por um tempo bem maior e por um governo em andamento o prefeito Edivaldo Jr. não terá qualquer dificuldade para expor seus argumentos e seduzir o eleitor e, se for o caso, confrontar seus adversários. No contraponto, os marqueteiros de Eliziane Gama e Wellington do Curso e Fábio Câmara sinalizam que adotarão estratégias agressivas destinadas a minar o poder de fogo do prefeito. Certamente animarão a campanha sem nenhum interesse de atuar como meros coadjuvantes. Eles entraram na briga com a convicção de que serão eleitos, e para isso jogarão pesado contra o prefeito, que é o adversário a ser batido. Quanto a outros desdobramentos, só o tempo dirá.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Wellington quer “pacto de união” entre prefeitos da Ilha

Numa entrevista à Rádio Universitária, que foi ao ar na manhã de sexta-feira, o candidato do PP à Prefeitura de São Luís, Wellington do Curso, dedicou expressiva parte do seu tempo a defender uma articulação entre os prefeitos dos quatro municípios da Ilha – Capital, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa – para atuação conjunta para a solução de problemas específicos. O candidato informou que, se eleito, uma das suas primeiras iniciativas será propor aos demais prefeitos da Ilha um “pacto de união”, que permita a realização de ações conjuntas, principalmente em áreas limítrofes. Terceiro colocado na preferência do eleitorado, conforme as últimas pesquisas que mediram a corrida ao Palácio de la Ravardière, Wellington do Curso colocou na agenda dos candidatos, de maneira indireta, mas efetiva, um dos temas mais  importantes relacionados com regiões como a Ilha de Upaon Açu: a metropolização. “Não existe um muro separando as cidades. Por conta disso, é inadmissível que, até o momento, as Prefeituras ainda não tenham executado ações conjuntas e efetivas. Somente unindo forças, trabalhando de forma parceira também com o Governo do Estado, será possível avançar”, comentou. De acordo com ele, é mais do que viável as prefeituras trabalharem juntas nos setores da limpeza pública, iluminação pública, transporte escolar, saúde e infraestrutura, por exemplo. “Existem vias que cortam três municípios. Muitas delas estão em estado deplorável de abandono. Se as prefeituras agissem em parceria, poderiam gastar muito menos e recuperá-las de forma mais rápida e eficiente. É isso que farei como prefeito de São Luís: conclamar a união de todos, prefeitos e governo do estado, para que, juntos, possamos trabalhar em favor de todos que moram na Ilha”, completou.

 

Metropolização sempre sofreu restrições políticas
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Jackson Lago resistiu ao cerco alertando que Roseana queria controlar a região metropolitana de Upaon Açu

Para quem ainda não deu a devida importância a esse tema, certamente por considerá-lo genérico e sem futuro, a metropolização da Ilha de Upaon Açu foi decidida pela Assembleia Estadual Constituinte realizada no Maranhão em 1989, que adaptou para o âmbito estadual a Constituição Cidadã de 1989. A nova Carta Magna do Maranhão instituiu, no Ato das Disposições Provisórias, a implantação, por lei complementar, a Metropolização da Ilha de Upaon Açu, envolvendo os quatro municípios da Ilha mais Rosário e Alcântara. A lei complementar foi proposta no início dos anos 90 por iniciativa do então deputado estadual Francisco Martins (PFL), um médico com raízes políticas em Balsas, e foi abraçada em seguida pelo deputado Manoel Ribeiro (PTB), que deu andamento ao processo. A metropolização, no entanto, foi objeto de restrições políticas, que começaram com o então prefeito Jackson Lago (PDT), em 1997. A reação começou quando a então governadora Roseana Sarney, na mais ousada e abrangente reforma administrativa que se tem notícia em toda a região, criou a Gerência Metropolitana, órgão recebido como uma tentativa do governo de controlar a região metropolitana. Jackson conseguiu convencer os prefeitos de que o melhor era seguir cada um o seu próprio rumo, para não ficar refém do Palácio dos Leões. E desde então o grande projeto nunca ganhou a forma que deveria.

 

São Luís, 27 de Agosto de 2016.

 

 

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