Brandonistas e dinistas travam embate duro na Assembleia por causa da corrida aos Leões

Mical Damasceno e Yglésio Moises fizeram o ataque;
Júlio Mendonça, Leandro Bello e Francisco Nagib
rebateram, e Ricardo Arruda fez a moderação

Pode ter sido apenas fortes ecos das declarações do governador Carlos Brandão (PSB) em Governador Luiz Rocha, na última sexta-feira (02), reafirmando que só vai tratar de eleição em 2026 e que pretende que seu sucessor seja leal e dê continuidade à sua obra de governo, e logo em seguida das declarações do vice-governador Felipe Camarão (PT) reafirmando enfaticamente que é candidato e que quer o governador Carlos Brandão como seu candidato ao Senado. Mas o fato é que as tensões entre brandonistas brandonistas e dinistas desembarcaram ontem no plenário da Assembleia Legislativa, em bate-rebate que pareceu a deflagração de um intenso e renhido embate, que pode afastar ainda mais os dois grupos.

Na sessão de terça-feira, deputados alinhados ao Palácio dos Leões alfinetaram os apoiadores de Felipe Camarão ao elogiarem fortemente as obras entregues pelo governador Carlos Brandão e atribuindo parte do mérito da ação municipalista do Governo ao secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão, apontado por muitos como opção para o Governo caso o chefe do Executivo decida permanecer no cargo até o final do mandato. Os discursos causaram um claro incômodo aos dinistas, que não se manifestaram, deixando o rebate para o deputado Othelino Neto (Solidariedade), que, como sempre, atacou duramente o governador Carlos Brandão.

Ontem, o roteiro foi diferente e mais tenso, tendo começado com um violento discurso lido pela deputada de extrema-direita Mical Damasceno (PSD) contra o vice-governador Felipe Camarão, a quem acusou de tentar pressionar o governador Carlos Brandão sobre a sucessão estadual, e aproveitou para estender o seu ataque ao ministro Flávio Dino (STF). Na sua fala, Mical Damasceno afirmou que se o governador Carlos Brandão deixar o Governo para se candidatar ao Senado, “será perseguido”. E acrescentou: “Governador, fique no Governo, não caia no canto da sereia”. Deputados dinistas tentaram aparteá-la, mas ela negou-lhe a palavra, fazendo concessão apenas ao deputado bolsonarista Yglésio Moises (PRTB), com quem atua em dobradinha, e que incrementou o ataque ao vice-governador e ao ministro do Supremo.

Por sua vez, deputados dinistas ocuparam a tribuna para defender o vice-governador Felipe Camarão e o ministro Flávio Dino. O deputado Júlio Mendonça (PCdoB) rebateu o ataque de Mical Damasceno e Yglésio Moises defendendo a “seriedade”, a “competência” e a “lealdade”, do vice-governador Felipe Camarão e o “legado” do ex-governador e atual ministro do Supremo Flávio Dino, a quem apontou como “o melhor governador” da história recente do Maranhão. O deputado Leandro Bello (Podemos) também fez a defesa do vice-governador Felipe Camarão e também o ministro Flávio Dino. Ambos evitaram qualquer crítica ao governador Carlos Brandão, preferindo defender a “unidade do grupo”, tendo o vice-governador Felipe Camarão como candidato “natural” à sucessão.

O embate de ontem entre dinistas e brandonista foi fechado com um equilibrado discurso do deputado Ricardo Arruda (MDB), que colocou a discussão em ordem. Sem tecer qualquer crítica ao vice-governador Felipe Camarão nem ao ministro Flávio Dino, O emedebista baseou sua fala em três premissas. A primeira é que o comando do grupo é do governador Carlos Brandão, cabendo a ele coordenar a escolha do candidato a sucessor. A segunda premissa é que o governador Carlos Brandão tem a prerrogativa de decidir o tempo em que essa escolha será feita, e se ele já disse que só o fará em 2026, “que assim seja”. E finalmente a terceira premissa: ficar no Governo até o fim ou renunciar em abril de 26 para se candidatar ao Senado é uma decisão pessoal do governador Carlos Brandão. E completou: “Estarei ao lado do governador Carlos Brandão qualquer que seja a sua decisão”.

O curioso é que até pouco tempo atrás, esses embates eram aliviados por ação de “bombeiros”, mas estes parecem ter deixado de vez o plenário. E se não houver gestos efetivos de conciliação, a tendência é que os embates de agora em diante se transformem em guerra permanente.

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão manda recado claro ao elogiar ex-prefeito de Cajapió que elegeu sobrinho como sucessor

Carlos Brandão elogiou Marconi Pinheiro (de camisa
amarela) pelo fato de ter elegido seu sobrinho,
Rômulo Nunes (camisa azul), prefeito de Cajapió

O governador Carlos Brandão (PSB) mandou ontem, num discurso em Cajapió, um recado direto aos integrantes do seu grupo que tentam pressioná-lo para antecipar a definição sobre a sua sucessão apontando o vice-governador Felipe Camarão (PT) como candidato natural: ele poderá, sim, permanecer no cargo e lançar o seu sobrinho Orleans Brandão (MDB), atual secretário de Assuntos Municipalistas e braço direito do chefe do Executivo na relação  com prefeitos.

Num palanque que reunia secretários, deputados e políticos da região, além do prefeito Rômulo Nunes (PSB), o governador Carlos Brandão virou-se para o ex-prefeito de Cajapió, Marconi Pinheiro (PSB), e declarou:

“Marconi, quero te parabenizar. Você foi um dos melhores prefeitos de Cajapió. E teve a sabedoria de escolher o seu sobrinho, para dar continuidade a esse trabalho. Porque a gente não pode entregar para qualquer um. Você treinou o seu sobrinho. Ele está sabendo de tudo, e vai fazer um bom Governo porque vai dar continuidade ao teu trabalho. Parabéns pela escolha do teu sobrinho”.

A única interpretação possível é a de que o governador Carlos Brandão fez essa declaração como um recado, a quem interessar possa, de que poderá mesmo permanecer no Governo e lançar o secretário Orleans Brandão à sua sucessão, como fez o ex-prefeito cajapioense Marconi Pinheiro, passando bastão para o sobrinho Rômulo Nunes.

O governador Carlos Brandão discursou em Cajapió no mesmo momento em que deputados brandonistas e dinistas travavam um duro embate na Assembleia Legislativa.

Assembleia dá à Academia Caxiense de Letras o status de Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão

A ACL, que mantém a tradição literária Caxiense
aberta com Gonçalves Dias, foi homenageada
por iniciativa de Adelmo Soares

A Academia Caxiense de Letras – Casa de Coelho Neto encontra-se a um passo de se tornar Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão. Essa posição foi alcançada ontem com a aprovação, pela Assembleia Legislativa, por unanimidade, do Projeto de Lei Nº 261/2024, de autoria do deputado Adelmo Soares (PSB).

O parlamentar agradeceu o reconhecimento, pelo parlamento estadual, da importância da Academia Caxiense de Letras como entidade cultural, voltada para as letras, que conserva e alimenta a tradição cultural da Princesa do Sertão, principalmente pelo seu viés mais especial, a poesia.

Fundada em 1997 por um grupo de escritores e intelectuais conscientes do peso de Caxias no contexto da literatura maranhense e brasileira, simbolizado pelo gigantismo poético de Gonçalves Dias, a Academia Caxiense de Letras é, indiscutivelmente, merecedora do reconhecimento. Além do fato de ser uma organização ativa, que mantém acesa a chama cultural de Caxias.

O deputado Adelmo Soares acertou em cheio na iniciativa, cuja concretização só depende agora da sanção do governador Carlos Brandão, transformando o projeto em Lei.

São Luís, 08 de Maio de 2025.

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