Brandão tem exatamente um ano para decidir como será o cenário da sua sucessão

Carlos Brandão seguirá na sua intensa rotina de trabalho,
que poderá terminar ou não daqui a exatamente um ano e três dias, quando sairá ou ficará no cargo

Daqui a exatamente um ano e três dias, no 3 de abril de 2026, o Maranhão saberá, com certeza absoluta, como será a disputa pelo Governo do Estado, e a chave dessa informação, que norteará o eleitorado maranhense, será uma só: a renúncia, ou não, do governador Carlos Brandão (PSB) para disputar uma cadeira de senador, passando as chaves do Palácio dos Leões ao vice-governador Felipe Camarão (PT), que buscará a reeleição. A decisão do governador de sair para encarar as urnas ou permanecer e cumprir o mandato até o final será o diapasão sob o qual o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), o ex-senador Roberto Rocha (sem partido) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo) e eventuais outros candidatos ajustarão os seus projetos de candidatura.

Na grande aliança comandada pelo governador Carlos Brandão o clima no momento é de distensão, depois de meses de tensão causada pelo racha na base governista, devido a desavenças entre brandonistas e dinistas. Essa mudança no ambiente governista vem aos poucos dando forma a uma chapa com Felipe Camarão para o Governo e Carlos Brandão para o Senado. Esse projeto, que nasceu nas montagens para as eleições de 2022, chegou a ser descartado em meio ao clima de afastamento do governador Carlos Brandão do ex-senador e atual ministro da Suprema Corte, Flávio Dino, mas movimentações recentes indicam que há um processo de reconciliação em andamento, que deve desembocar na montagem da chapa Camarão/Brandão.

É nesse contexto que o prefeito de São Luís trabalha para viabilizar sua candidatura ao Governo do Estado, tendo como força propulsora os bons resultados da sua gestão e uma reeleição em um só turno, que o catapultou para a primeira linha da corrida sucessória estadual e já na condição de favorito. E com um dado diferenciado: tendo o ex-prefeito Lahesio Bonfim, pré-candidato declarado como segundo colocado, à frente, portanto, do vice-governador Felipe Camarão, conforme todas as pesquisas feitas até agora sobre a corrida sucessória. A partir de agora, a máquina política comandada pelo governador Carlos Brandão deve começar a atuar para viabilizar esse projeto.

O governador Carlos Brandão e o vice-governador Felipe Camarão têm de resolver o quanto antes se entram ou não na corrida às urnas, uma vez que são políticos de grupos, tendo uma legião de candidatos a senador, a deputado federal e a deputado estadual aguardando ansiosamente as suas definições para poderem levar em frente os seus projetos eleitorais, muitos deles condicionados à composição da chapa majoritária. Com a chapa Camarão/Brandão, a situação para os candidatos a senador (Weverton Rocha (PDT), Eliziane Gama (PSD), André Fufuca (PP) e outros aspirantes) será uma, mas sem ela, o quadro muda drasticamente, afinal, muitos apostam alto na relação com os líderes dos grupos aos quais pertencem.

No contraponto, o prefeito Eduardo Braide encontra-se numa situação confortável, uma vez que ser ou não ser candidato ao Governo do Estado é decisão rigorosamente pessoal, porque não envolve o futuro de todo um grupo. A sua trajetória política, marcada por surpreendentes sucessos eleitorais, com sucessivas eleições e reeleição, vem mostrando isso com clareza. Portanto, com a chapa majoritária situacionista ou sem ela, o prefeito é um candidato forte. O mesmo ângulo de visão se aplica às candidaturas de Lahesio Bonfim e Roberto Rocha, que dificilmente serão seguidos por exércitos de candidatos proporcionais.

Ciente de que tem nas mãos o poder de moldar o cenário da corrida pelo voto e cacife para movimenta-lo, o governador Carlos Brandão tem 368 dias para avaliar, medir, pesar e finalmente decidir o seu passo mais importante em relação ao processo eleitoral que se aproxima.

PONTO & CONTRAPONTO

Registro

Repórter Tempo Nº 3000

O painel de imagens traduz um pouco do novo Maranhão, com a ascensão de Flávio
Dino, de Carlos Brandão e de Iracema Vale, de novas lideranças como André Fufuca,
Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes, Eduardo Braide, Felipe Camarão, Roberto
Costa e Paulo Victor, Weverton Rocha, Ana Paula e Eliziane Gama e Sónia Guajajara,
a força dos Lençóis, a importância do CLA, a bela cultural do Barrica,
o constrangimento do Judiciário e a movimentação do Legislativo

Repórter Tempo alcança hoje a sua 3000ª edição. Nascida no dia 25 de fevereiro de 2015 com o objetivo e a pretensão de ser um espaço dedicado ao jornalismo interpretativo, um passo além do registro meramente factual, a Coluna escalou e superou todos os obstáculos da grande transição na comunicação planetária.

Fundada no esforço de buscar sentido e explicação na fórmula jornalística primordial do “que”, “quem”, “quando”, “onde”, “como” e “porque”, a Coluna dedicou os seus 10 anos de existência ao universo da política partidária e das relações entre os Poderes no Maranhão desde os primeiros passos do Governo Flávio Dino (PCdoB/PSB) até aqui, no ano decisivo do Governo Carlos Brandão (PSB), registrando os ecos da difícil, mas sólida, consolidação da democracia no Brasil a partir da realidade maranhense.

Nesse período, a Coluna registrou a mais espetacular e consistente virada na política maranhense, com a derrocada de velha ordem expressada pelo sarneysismo, que teve os seus muitos anos de poder, e a ascensão de uma nova geração, representada pelo governador Flávio Dino, com a transição sendo completada pelo governador Carlos Brandão, que no ano que vem passará o bastam para a novíssima geração da política estadual. Contas feitas por dados registrados no Facebook, WhatsApp e Instagram indicam que as 2.999 edições foram acessadas 4,5 milhões de vezes, o que para o seu titular é uma vitória, principalmente se levado em conta o fato de que não se trata de um blog de informações factuais.

Movida pelos pilares jornalísticos da verdade e da ética, Repórter Tempo registrou, com base na sua lógica, os mais diferentes fatos, situações e realidades que julgou importantes nesse período. E o fez respeitando as regras da isenção e do pluralismo, sem tomar partido – salvo em casos especialíssimos -, cuidando para preservar a integridade e os direitos dos protagonistas da cena política maranhense. E resistiu tenazmente à tentação de enveredar pelos tortuosos caminhos da política nacional, só o fazendo em casos muitos especiais e relacionados ao cenário maranhense.

Além disso, a Coluna se aventurou no precioso e desafiador campo da cultura, registrando, com os olhos do jornalismo curioso, comentários despretensiosos sobre livros importantes da rica literatura maranhense, como o registro dos 50 anos do clássico “Norte das Águas”, de José Sarney sobre o Maranhão profundo, e o definitivo “Quatrocentona”, do poeta Luiz Augusto Cassas sobre São Luís, por exemplo. E produzindo, com ouvidos atentos e atrevidos, impressões escritas sobre alguns discos de importância fundamental na música maranhense, como os irretocáveis “Camapu”, de Cesar Teixeira, “Contradições”, de Chico Maranhão, os três primeiros itens da nova safra de Josias Sobrinho, e “Milhões de Uns”, de Joãozinho Ribeiro.

Repórter Tempo se orgulha do trabalho que vem realizando, muitas vezes se valendo do valioso e hoje imprescindível material produzido pelo jornalismo virtual maranhense, formado por uma ativa blogosfera, parte dela pautada na excelência noticiosa. E pretende seguir na mesma trilha, sem fugir aos rigores da ética, às exigências da isenção e ao compromisso com a qualidade.

E sem esquecer o principal, Sua Excelência, o leitor.

São Luís, 30 de Março de 2025.

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