Para conter uma onda de especulações a respeito de nomes para compor o novo Governo, o governador Carlos Brandão (PSB) aproveitou uma entrevista a uma emissora de rádio para mandar um recado aos interessados e especuladores: a montagem da nova equipe só será feita em fevereiro do ano que vem, depois que o novo Governo da República estiver devidamente instalado. Sua intenção é formar uma equipe afinada com o Governo central, para que as relações institucionais e de cooperação Estado/União aconteçam de maneira produtiva e sem maiores dificuldades. O governador deixou no ar a impressão de que pretende fazer uma reforma ampla, mas sinalizou que alguns nomes da equipe atual deverão continuar nos seus cargos. A ideia básica é formar um Governo com prevalência técnica, uma vez que o seu foco principal é realizar uma gestão eficiente, de resultados. Partidos aliados poderão indicar nomes, mas a palavra final será a do chefe do Executivo, que poderá acatar ou rejeitar a indicação.
Antes da definição do próximo presidente da República, o governador Carlos Brandão estava preocupado, ciente que, se o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reelegesse, ele enfrentaria muitas dificuldades, e precisaria montar uma equipe que pudesse construir um diálogo com um Governo Federal politicamente hostil. A eleição do ex-presidente Lula da Silva (PT) muda completamente esse cenário, abrindo caminho para a formação de uma equipe essencialmente técnica, mas com jogo de cintura para dialogar sem tensões com seus interlocutores na Esplanada dos Ministérios. O governador quer tirar o Maranhão do isolamento o em relação ao Governo Federal nos últimos seis anos – dois do sob o presidente Michel Temer (MDB), e quatro sob o presidente Jair Bolsonaro.
Pastas como Fazenda, Educação, Saúde, Cultura, Turismo, Infraestrutura, Desenvolvimento Social e Segurança Pública são cruciais. Os titulares dessas secretarias no novo Governo terão de ser dotados de qualificação técnica e de habilidade política para dialogar com seus correspondentes na esfera federal. Essa relação, que tem sido impraticável com o Governo Jair Bolsonaro, que trata adversários políticos como inimigos, sem levar em conta as necessidades dos estados, será plenamente viável no Governo Lula da Silva. O próprio presidente eleito anunciou a abertura das portas durante a campanha eleitoral.
Mesmo com a vantagem de quem conhece o Governo em profundidade, o governador Carlos Brandão tem grandes desafios pela frente, o que torna mais especial ainda a escolha do novo secretariado. Para citar um exemplo: o novo secretário de Desenvolvimento Social terá a desafiadora tarefa de administrar uma rede de mais de duas centenas de restaurantes populares. Outro exemplo: o titular da Saúde terá de assumir a responsabilidade de comandar a hoje gigantesca estrutura hospitalar, tendo ainda o desafio de ampliá-la e de manter sintonia fina com o Ministério da Saúde. Capitanear estruturas como essas exige qualificação técnica, experiência operacional.
Um dos seus mais enfáticos motes de campanha foi dar continuidade e ampliar os programas sociais do Governo Flávio Dino, e implantar novas ações de grande abrangência. Para tanto, o governador deve abrir espaço para a indicação de nomes por partidos aliados para a montagem do novo secretariado. Mas já avisou que receberá as indicações e avaliará os nomes, sobre os quais terá a palavra final, podendo aproveitá-los ou recusá-los. Além de tecnicamente qualificado, o indicado terá de ser probo, sem qualquer rasura na trajetória.
Circula nos bastidores a especulação de que o governador Carlos Brandão não pretende mexer no núcleo básico da sua equipe, devendo Luís Fernando Silva permanecer secretário de Planejamento e Orçamento, Sebastião Madeira chefe da Casa Civil e José Reinaldo Tavares titular da pasta de Programas Estratégicos. No mais, a reforma administrativa poderá alcançar todo o primeiro escalão ou parte dele. O alcance das mudanças dependerá do perfil do novo Governo Federal e do horizonte que for desenhado pelo presidente Lula da Silva em relação ao Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Flávio Dino não embarca em listas de ministeriáveis
Mesmo apontado como “o único nome certo para o ministério até agora”, segundo matéria publicada ontem pelo jornal Valor Econômico, o senador eleito Flávio Dino (PSB) está usando toda sua experiência e sua habilidade política para não cair na teia das especulações a respeito do seu futuro em relação ao Governo do presidente Lula da Silva. Seu nome aparece com destaque nas mais diversas listas de ministeriáveis, elaboradas por jornais, canais de TV, portais de notícias e outros canais de informação. Todas as citações o relacionam primeiramente com o Ministério da Justiça e, em segundo plano, com a Casa Civil e a pasta da Integração Nacional. Porém, mesmo tendo ouvido do então candidato Lula da Silva a intenção de tê-lo na sua equipe de Governo, o ex-governador do Maranhão só trabalha com uma certeza, a de que será senador da República, com disposição para dar suporte político, legislativo e institucional ao próximo Governo. Além disso, só o presidente eleito Lula da Silva sabe.
André Fufuca sai bem na foto e entra para a História
O Maranhão político foi tomado de surpresa com a presença do deputado federal reeleito André Fufuca (PP) ao lado do presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP), na histórica declaração de apoio ao resultado da eleição presidencial e na defesa do sistema eleitoral e das regras constitucionais. O jovem parlamentar não deu um pio sobre o assunto, mas assegurou sua presença na História política do Brasil de uma imagem de um momento decisivo na vida do País. Vale lembrar que o deputado André Fufuca não é um papagaio de pirata. Ele já foi vice-presidente e já presidiu a Câmara Federal, já foi vice-presidente e ocupou a presidência nacional do PP por vários meses, e atualmente é líder da bancada federal do partido, o que lhe garante estatura para estar ao lado do presidente Arthur Lira naquele ato crucial para a estabilidade democrática do país tencionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
São Luís, 01 de novembro de 2022.